Tudo de bola...
Se me consternou saber da morte do contemporâneo e concidadão Elivélton, surpreendeu-me mais encontrá-lo rijo, empertigado e ainda mais triste, à porta do velório municipal, recebendo as condolências pelo passamento do irmão mais velho, Geraílton.
No trajetória que fizera desde minha casa, coisa de 6 a 8 minutos em automóvel, em sinal de respeito e para facilitar a concentração eu nem ligara o rádio, ou cuidara de zanzar pelas ruas da Velha Serrana, o que fiz foi concentrar-me na lembrança de nossos até poucos mas tão marcantes contato ao longo de nossa co-existência. Cogitava colher subsídios de pensamento e emoção para uma oração fúnebre ao finado.
Elivélton, que regula com minha irmã primogênita, nasceu a cerca de um quadriênio antes de mim. O interstício de uma Copa do Mundo de Futebol a outra, só que no caso dele, ao cabo da segunda guerra mundial não houve tempo ou clima para curial preparação do torneio.
Mas houve a criação das Nações desUnidas, que alimentava tanto as esperanças de paz no mundo. E até no futebol, mormente entre nosotros y los hermanos argentinos, que viviam a nos escalpelar até em jogos amistosos...
E Elívelton, embora livre da primeira impressão que dele tive, ao ouvir a notícia do passamento para Eternidade, não passa da sombra e sobra daquele garoto ciscador e ligeiro que transcendendo o futebol da várzea foi ser promessa cobiçada na capital do Estado. Imaginem que até o grande Piazza se encantava com suas habilidades e potencial para se ombrear com o relampejante Natal...Sim, o loirinho Boroni que tanto infernizou as hostes atleticanas...
Mas o pai - daquela época em que um não de pai era irremovível - o pai dissera não, e o filho voltou pra Velha Serrana sem provar da ambrosia dos triunfos. A paixão pela redonda continuou, contudo. Nunca parece ter saído das quatro-linhas. Até quando mirou o ataúde do irmão para dizer, na expressão que camonianamente, honra, eleva e consola: aquele sabia tudo de bola...