O Regulador Xavier
Da farmacopéia disponível aos nossos olhos e ouvidos na casa de Vovó Inhana, vizinha nossa, e em cuja companhia viviam suas quatro filhas e um varão, todos solteiros, eu parecia alcançar a intimidade, pelo menos rotular, ou mesmo de conteúdo, de quase todos os remédios.
A Minâncora, a Curitybina, o Leite de Magnésia de Phillips, a Emulsão de Scotch, o Veramon, o Veganin, as Pílulas de Lússen e até a preciosa cera do Dr Lustosa. E havia mais, mas se a memória fraqueja, o parágrafo, já tão recheado, acha esse meu lapso cousa benfazeja. O que tem aí de remédio dá pra encher uma bandeja.
E o quase do parágrafo anterior não vai para o Nujol, não, que não era ingerido, mas sim, usado para besuntar os cabelos em marcha avançada para a grisalhice, à exceção de Tilia, bem ciosa de sua caçulice.
Pois é, a distinção do quase vai para o Regulador Xavier que só refreou meu isbiutá (do gramatical bisbilhotar), quando me empoderei do vidrinho do dito cujo que desavisadamente tia Vicentina havia deixado sobre a cômoda em seu quarto, e tia Rita e tia Isabel sentenciaram com a veemência irrecorrível de um Gilmar Mendes que aquilo era remédio de mulher, e portanto, nec plus ultra, ou seja, fora do meu alcance infantil.
Não me magoou, contudo, aquele quase coitus interruptus visual. Afinal, eu, em suma, não conhecia ainda porra nenhuma...E embora tenha tido uma breve experiência de trabalhar em farmácia em minha adolescência não tive a pachorra de satisfazer minha curiosidade dantanho. Nada mais me era estranho. E nada poderia haver que não se removesse com um bom banho...