Filho da Paixão, Escravo do Amor
Não, não era propriamente bonito, mas tinha força e lágrimas nos olhos enquanto defendia seu ponto de vista nada frugal sobre as coisas supérfluas e perenes. Era filho da Paixão. Era uma força da natureza. Era o suor e as chagas de suas crenças.
Era jovem e era estúpido.
Te lembrava de sua alma á muito vendida, o anjo perdido em ti...
Você o inveja ou o ama e nunca ousa olhá-lo nos olhos. Seu poder te atinge, te inquieta, te incomoda. Perceba! É o frescor da inocência que te incomoda! Seu molde inacabado e lustroso prisma as crostas e imperfeições de sua pele. Você quer possuí-lo. Quer sê-lo. Escravizá-lo. Quer ser a carne por debaixo de sua pele. Quer podar-lhe as asas para que ele seja tão miserável e mundano quanto a ti. Quer quebrá-lo todo para que suas nuances se encaixe nos vazios teus, os cimente. Quer culpar alguém. Quer fundir-se a ele para transcender a própria existência. Os opostos se anulam.
Em suplício o conduz à sua própria escuridão que é para ele a única luz:
-Se venda a mim! Se afogue em mim! Me pertença! Há um mundo selvagem lá fora... a gaiola que me faz de refém será a mesma que te protege. Não esqueça, sempre haverá a certeza do êxtase no gozo. Vamos! Vamos! Traga seu casaco, é frio e tórrido aqui dentro. Espero que estejamos prontos.
...Havia um anjo perdido em ti...