O veado paga?
Val ia pela estrada, atravessando uma região de mata relativamente densa. Embora em velocidade comportada, só se deu conta de um alce apressado na travessia quando a colisão já era um fait accompli.
Pra sua lamentação - e com bom material para a confissão - era fatal o estado do bichinho. Um viajante que logo chegou à cena ficou encantado com a possiblidade de um jantar bem gourmet. Só inquiriu a Val se ela não tinha pensado na mesma coisa. Não, foi sua resposta, seguida do embarque imediato do jacente na caminhonete do inquiridor.
Val ficou a mirar o sangue ainda úmido na estrada e os amassos na lataria de seu carro, que eram mesmo de monta. Como um bichinho daquele porte podia causar tanto estrago...
Quando chegou com o carro à oficina, e sumariamente falou com o mecânico sobre o acidente e o orçamento para os reparos, a primeira pergunta-resposta do oficineiro foi:
- Vai ficar salgado, Val, mas esse veado vai pagar, não?