Galinhagem de vovó...
A não ser para ir à igreja cumprir suas obrigações religiosas, vovó nunca se afastava de suas galinhas. Que mal chegavam a formar um pelotão, mas como que, num ato cristão, lhe asseguravam graça e satisfação - e, embora nada de novo, ao menos mais ovo pra compor
qualquer refeição.
E uma dessas galinhas, poedeira de primeira, teve o privilégio de acompanhar a família na mudança do distrito brumadense para a sede municipal da Velha Serrana, e já não me lembra se na carroceria ou na
boléia - rainha que era pra futura emplumada colméia.
E não sem razão, essa dita penada teve longeva vida, conheceu gálicos e fálicos galanteios no terreiro próprio e vizinho, trouxe à luz muito pintinho e da faca final foi poupada, escapando ao destino cruel de virar empada. De morte natural uma manhã encontrada, no
quintal a enterrou, pesarosa, a velha e gasta enxada.
Em tempos mais remotos, se não testemunhei, de boa fonte, não obstante, ouvi: foi com um ovo, singelo que só ele que, uma vez, no aniversário de seu filho mais petiz, o Luís, vovó o mimoseou - e que guloseima ele fritou! E a casca até guardou...ou a dizer cascatestou?