O Desperdício
O universo é infinito, isto é não tem fim e por isto não pode ser medido.
O número de estrelas é infinito, isto é não tem limite e por isto não podem ser contadas.
O número de planetas que giram em torno das estrelas é infinito, mas é muito maior do que o número das estrelas, que também é infinito.
O sol é uma estrela de quinta grandeza, centro de nosso sistema planetário. Em torno do sol giram nove planetas, em torno de cada planeta gira no mínimo um satélite.
A Terra é o penúltimo planeta do sistema solar e possui somente um satélite que é a lua.
Na Terra existe vida inteligente que somos nós, os homens, seguidos de outras formas de vida, menos inteligentes, mas, nem por isso, sem importância.
Se o sol é uma estrela de quinta grandeza (medida relativa, uma vez que se não conhecemos o número de estrelas, não podemos afirmar a grandeza de cada uma). É de se supor que numa estrela de primeira grandeza, haja cinco vezes mais planetas e cinco vezes mais satélites.
Deus é o criador do universo, portanto Deus é infinito, não pode ser medido, nem contado, nem comparado com o que quer que seja.
Deus que é o criador infinito ¾ bom, justo, misericordioso, etc., tudo no infinito ¾ criou vida inteligente somente no planeta Terra, para que esta forma de vida pudesse, à noite apreciar as estrelas, caso as nuvens, a falta de outra coisa a fazer ou a falta de interesse não a impedisse.
Aproveitar tão pouco o universo infinito, nisso reside o desperdício da obra divina. Acreditar que Deus é perdulário a tal ponto, é uma blasfêmia. Acreditar que somente o planeta Terra mereça a atenção do Criador, é um pensamento ¾ no mínimo ¾ infantil.
Houve épocas, em que a mistura de crenças, crendices, fé, ciência, poder terreno e poder divino formavam uma miscelânea a serviço da ignorância em que eram proibidas as manifestações do pensamento livre. Porém hoje, com os conhecimentos (pequenos, ainda) do cosmo, continuar afirmando que somos os únicos seres inteligentes, soa como uma petulância. Assim sendo, não fossem os milhares de anos de ensinamentos errôneos, a questão nem mereceria ser analisada.
Contudo, há uma questão muito mais séria a ser abolida, para que se possa propalar a vida inteligente em outros planetas. Trata-se do alicerce do cristianismo. A própria vinda de Jesus. Esse entrave é tão forte que, mesmo que tivéssemos visitas regulares de seres interestelares, muitos ainda acreditariam que se tratava de ficção.
Se não vejamos:
A . ¾ Deus mandou seu único filho à terra, para morrer e assim nos salvar.
B . ¾ A quem ele mandaria a outros planetas com a mesma finalidade, se houvessem almas a serem salvas por lá?
C . ¾ O deus que controla a Terra é apenas um governador regional do sistema solar subordinado a outro na hierarquia celestial.
D . ¾ O homem material, tem menos de cem anos de vida no planeta Terra, mas para chegar a outro sistema solar, necessitaria de milhares de anos, viajando na velocidade da luz.
E . ¾ Seria concebível que Deus Criador estivesse preocupado com o homem material de menos de cem anos de vida, a maior parte dos quais gastos com a preocupação de se manter vivo?
(março 1997)