Castigando a boneca

Veio a frase: A boneca é bonita. E eu sapequei ´objeto direto´ na palavra "bonita". Afinal, estava seguro naquilo que nos ensinara o professor Longuinho: depois do sujeito e do verbo, quando se pode perguntar "o quê?", é caso de objeto direto. Ponto garantido!

Quando as provas nos foram entregues, já corrigidas - e o Lúcio Flávio fora galardoado com um 8, e elogiado pelo mestre pela nota mais alta da turma - eu tive que me contentar com um 5. Até na boniteza da boneca eu perdera um ponto, que tinha ainda na véspera como seguro.

E foi ao considerar, cabisbaixo e entristecido aquele tanto de marcas vermelhas na folha de teste que me dei conta da razão: eu ignorara solenemente o capítulo dos verbos de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, parecer... cujo complemento, ao invés de objeto, direto ou indireto, tinha que ser o predicativo.

Até o Marco Antônio, menino muito mais dado à bola e quem sabe até já à sinuca, havia se safado daquela armadilha, faturando um seis.

Aprendi o predicativo e deixei a boneca de lado.