AMAZÔNIA - Insólita
Muito verde, muita água, um enorme rio caudaloso com vorazes piranhas e jacarés gigantescos. Mata tropical fechada por demais abençoada por Deus, haja visto a enorme diversidade de sua natureza de animais, árvores centenárias, plantas e raízes eternamente cobiçadas, por diversas vezes devastada por sórdidos comerciantes ilegais de madeira, latifundiários e mercenários da floresta pulmão do mundo.
Nessa suntuosa floresta brindada pela generosa natureza, vivem diversos animais. Alguns deles criaram, meio que por um acaso, laços de amizade, do tipo, quase impossíveis, mas, que desde filhotes eles vem mantendo. Vou descrevê-los para vocês.
- Trovão, uma onça pintada, um tanto assustada, diferente de outros de sua raça, não gostava muito de carne vermelha, preferia peixe.
- Sibel, uma jiboia enorme e que protegia seus amigos de vários predadores silenciosos.
- Tony, uma arara azul que adorava castanhas e insetos marrons, muito doida, cantava muito alto e perturbava tremendamente seus amigos, mas, era alegria pura.
- Leno, um javali gordo e que detestava banho, tinha um coração tão amável, que seus amigos até se esqueciam (nem tanto) não sentir seu futum brabo.
- Dicó, um macaco levado à beça, que era muito inteligente, ardiloso, sapeca que só, infernizava os amigos, mas, eles adoravam sua companhia.
Criaram para eles próprios um codinome “os Diversos”, e assim todos na floresta os conheciam e assim os chamavam.
“Os Diversos” aprontavam, existia uma dona jacaré chamada Berenice, que sofria quando eles apareciam. Como ela era muito zangada com tudo, séria demais, não tinha mesmo um bom humor, aí é que eles faziam mesmo de tudo, para encher o saco dela. Trovão pulava por cima dela, rugia bem na frente de sua enorme boca, quando ela abria a boca para reclamar Dicó jogava bananas lá dentro, Sibel se enrolava no seu rabo, Tony ficava voando, gritando bem alto à sua volta e quando já estava tonta de tanta perturbação, leno dava o golpe de misericórdia, um tremendo pum, bem na frente das narinas dela, era o fim!
Sibel se desenrolava do rabo dela bem rápido e eles saiam gargalhando depois da traquinagem.
“Os Diversos”, também adoravam aprontar com um camarada macaco, da mesma família de Dicó, que era gordo, bem gordo, preguiçoso que só. Viviam roubando suas frutas e as colocando bem longe dele, só para ver ele pular de galho em galho, balançando sua enorme pança até chegar ao lugar onde eles haviam colocado as frutas, ele os xingava bem alto e bem feio, quase todos os dias, e os levados, só gargalhavam e fugiam.
Um belo dia, deu uma fome danada em Trovão, e eles foram pra beira do grande rio ver a pescaria do assustado Trovão. Leno até chegar lá, foi comendo tudo que encontrava pelo caminho, era um verdadeiro glutão, e o pior é que, dependendo do que comia, o cheiro que saia do seu fiofó, era pavoroso. Sibel já havia comido um porco do mato naquela semana e não estava com fome, nem mesmo para uma boquinha, só foi de companhia de bagunça mesmo. Tony recolheu duas castanhas para saborear junto aos amigos. Dicó, só queria saber de bananas, e foi comendo várias, até chegar lá, e ainda reservou quatro delas, caso desse fome.
Chegando à beira do rio, se acomodaram próximo à Trovão, que se assustava fácil. Todos sabiam que iria demorar a pescaria e Trovão com fome não era boa coisa, pois seu instinto selvagem ficava à flor da pele, e uma onça com fome, é preocupante. Por esse motivo ele estava sempre comendo aos pouquinhos, seus companheiros agradeciam muito, a consideração. Cada vez que trovão pegava um peixe e o bicho se sacudia, ele se assustava e soltava o peixe, de cada três peixes um voltava pro rio, haja paciência. Quando conseguiu enfim, pegar uns dez peixes, os amigos se juntaram para lanchar e planejar outras bagunças.
Sibel não estava com fome, estava com seu satisfeito cheio e nem muito participativa, se enroscou em uma árvore e ficou cochilando.
Dicó, não parava de pular de lá pra cá e num certo momento, deu mole com parte do rabo pra dentro do rio, e nhac! uma piranha comeu a pontinha do seu rabo, ouviram então, um grito apavorante, e viram Dicó pulando com o rabo sangrando. Tony era um conhecedor de folhas, que socadas, se tornavam um excelente cicatrizante, voou para procura-las, voltou rapidinho, Leno mastigou –as e o próprio Dicó passou na ponta do rabo, em poucos minutos o sangramento parou, a dor diminuiu e Dicó parou de gritar. Trovão e Sibel (que acordou com os gritos) acharam que a boca de leno estava meio torta e caída, ele estava com cara de bobo e quando tentou falar a voz saiu muito engraçada. Tony disse que as folhas que ele havia mastigado deixavam a boca dormente por algumas horas, todos caíram na gargalhada, até mesmo Dicó, que não perdia uma piada aproveitou para zoar o amigo, e sabia que a perda da ponta do rabo, ele mesmo iria virar chacota de todo mundo, ele nem ligava, tudo para ele era festa.
O meio da tarde já chegava e na floresta escurecia rápido, se despediram e foram encontrar suas famílias, a noite na floresta tinha seus perigos, seus mistérios e também uma efervescência de vida, muitas vezes linda e por outras, sinistra. Haviam combinado d se encontrar no lugar de sempre no dia seguinte.
Quando amanheceu, Trovão, Sibel, Leno e Dicó com seu rabo menor e já cicatrizando se encontraram como sempre, só Tony ainda não tinha aparecido, o que era estranho, pois ele era sempre o primeiro a chegar. Ficaram conversando a espera dele, passaram-se duas horas e a alegria virou preocupação, resolveram procurar a família de Tony, para saber notícias do amigo. Quando chegaram numa área da floresta, cheia de castanheiras, várias araras azuis se aproximaram, e com elas veio a mãe de Tony, que chorosa, falou que Tony havia sido levado por caçadores e não acreditava que o veriam outra vez.
“Os Diversos”, agora com menos um, ficou um grupo triste, esse era um risco que todos eles corriam, tinham consciência disso. Perder um amigo é muito doído. Naquele dia não houve mais brincadeira e nem em muitos e muitos outros dias.
Trovão, longe dos amigos estava mais velho, não se assustava mais, apesar de ainda, gostar muito de peixe, andava caçando outros animais, andava comendo muita carne vermelha e isso acentuou seu legítimo instinto felino, estava se tornando uma onça de verdade. Sibel, se afastou de todos e foi para o outro lado da grande floresta. Leno se juntou ao seu bando e não pensavam, só comiam pela floresta e fugiam de caçadores. Dicó, virou chacota, até mesmo dos seus irmãos e primos, o chamavam de cotó, por cauda da falta da ponta do rabo, perdeu um pouco de sua alegria.
“O s Diversos”, acabaram.
MORAL DA HISTÓRIA – Somos todos iguais. Discriminamos, fazemos bullyng, sofremos, nos alegramos, mudamos, somos imperfeitos.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 09 de março de 2015.
Obs: Sou absolutamente contra qualquer tipo de discriminação, o texto é só para demonstrar, que mesmo quando brincamos, às vezes magoamos alguém sem sentir, mas, o outro pode até não ligar tanto, ainda assim, é errado.
Muito verde, muita água, um enorme rio caudaloso com vorazes piranhas e jacarés gigantescos. Mata tropical fechada por demais abençoada por Deus, haja visto a enorme diversidade de sua natureza de animais, árvores centenárias, plantas e raízes eternamente cobiçadas, por diversas vezes devastada por sórdidos comerciantes ilegais de madeira, latifundiários e mercenários da floresta pulmão do mundo.
Nessa suntuosa floresta brindada pela generosa natureza, vivem diversos animais. Alguns deles criaram, meio que por um acaso, laços de amizade, do tipo, quase impossíveis, mas, que desde filhotes eles vem mantendo. Vou descrevê-los para vocês.
- Trovão, uma onça pintada, um tanto assustada, diferente de outros de sua raça, não gostava muito de carne vermelha, preferia peixe.
- Sibel, uma jiboia enorme e que protegia seus amigos de vários predadores silenciosos.
- Tony, uma arara azul que adorava castanhas e insetos marrons, muito doida, cantava muito alto e perturbava tremendamente seus amigos, mas, era alegria pura.
- Leno, um javali gordo e que detestava banho, tinha um coração tão amável, que seus amigos até se esqueciam (nem tanto) não sentir seu futum brabo.
- Dicó, um macaco levado à beça, que era muito inteligente, ardiloso, sapeca que só, infernizava os amigos, mas, eles adoravam sua companhia.
Criaram para eles próprios um codinome “os Diversos”, e assim todos na floresta os conheciam e assim os chamavam.
“Os Diversos” aprontavam, existia uma dona jacaré chamada Berenice, que sofria quando eles apareciam. Como ela era muito zangada com tudo, séria demais, não tinha mesmo um bom humor, aí é que eles faziam mesmo de tudo, para encher o saco dela. Trovão pulava por cima dela, rugia bem na frente de sua enorme boca, quando ela abria a boca para reclamar Dicó jogava bananas lá dentro, Sibel se enrolava no seu rabo, Tony ficava voando, gritando bem alto à sua volta e quando já estava tonta de tanta perturbação, leno dava o golpe de misericórdia, um tremendo pum, bem na frente das narinas dela, era o fim!
Sibel se desenrolava do rabo dela bem rápido e eles saiam gargalhando depois da traquinagem.
“Os Diversos”, também adoravam aprontar com um camarada macaco, da mesma família de Dicó, que era gordo, bem gordo, preguiçoso que só. Viviam roubando suas frutas e as colocando bem longe dele, só para ver ele pular de galho em galho, balançando sua enorme pança até chegar ao lugar onde eles haviam colocado as frutas, ele os xingava bem alto e bem feio, quase todos os dias, e os levados, só gargalhavam e fugiam.
Um belo dia, deu uma fome danada em Trovão, e eles foram pra beira do grande rio ver a pescaria do assustado Trovão. Leno até chegar lá, foi comendo tudo que encontrava pelo caminho, era um verdadeiro glutão, e o pior é que, dependendo do que comia, o cheiro que saia do seu fiofó, era pavoroso. Sibel já havia comido um porco do mato naquela semana e não estava com fome, nem mesmo para uma boquinha, só foi de companhia de bagunça mesmo. Tony recolheu duas castanhas para saborear junto aos amigos. Dicó, só queria saber de bananas, e foi comendo várias, até chegar lá, e ainda reservou quatro delas, caso desse fome.
Chegando à beira do rio, se acomodaram próximo à Trovão, que se assustava fácil. Todos sabiam que iria demorar a pescaria e Trovão com fome não era boa coisa, pois seu instinto selvagem ficava à flor da pele, e uma onça com fome, é preocupante. Por esse motivo ele estava sempre comendo aos pouquinhos, seus companheiros agradeciam muito, a consideração. Cada vez que trovão pegava um peixe e o bicho se sacudia, ele se assustava e soltava o peixe, de cada três peixes um voltava pro rio, haja paciência. Quando conseguiu enfim, pegar uns dez peixes, os amigos se juntaram para lanchar e planejar outras bagunças.
Sibel não estava com fome, estava com seu satisfeito cheio e nem muito participativa, se enroscou em uma árvore e ficou cochilando.
Dicó, não parava de pular de lá pra cá e num certo momento, deu mole com parte do rabo pra dentro do rio, e nhac! uma piranha comeu a pontinha do seu rabo, ouviram então, um grito apavorante, e viram Dicó pulando com o rabo sangrando. Tony era um conhecedor de folhas, que socadas, se tornavam um excelente cicatrizante, voou para procura-las, voltou rapidinho, Leno mastigou –as e o próprio Dicó passou na ponta do rabo, em poucos minutos o sangramento parou, a dor diminuiu e Dicó parou de gritar. Trovão e Sibel (que acordou com os gritos) acharam que a boca de leno estava meio torta e caída, ele estava com cara de bobo e quando tentou falar a voz saiu muito engraçada. Tony disse que as folhas que ele havia mastigado deixavam a boca dormente por algumas horas, todos caíram na gargalhada, até mesmo Dicó, que não perdia uma piada aproveitou para zoar o amigo, e sabia que a perda da ponta do rabo, ele mesmo iria virar chacota de todo mundo, ele nem ligava, tudo para ele era festa.
O meio da tarde já chegava e na floresta escurecia rápido, se despediram e foram encontrar suas famílias, a noite na floresta tinha seus perigos, seus mistérios e também uma efervescência de vida, muitas vezes linda e por outras, sinistra. Haviam combinado d se encontrar no lugar de sempre no dia seguinte.
Quando amanheceu, Trovão, Sibel, Leno e Dicó com seu rabo menor e já cicatrizando se encontraram como sempre, só Tony ainda não tinha aparecido, o que era estranho, pois ele era sempre o primeiro a chegar. Ficaram conversando a espera dele, passaram-se duas horas e a alegria virou preocupação, resolveram procurar a família de Tony, para saber notícias do amigo. Quando chegaram numa área da floresta, cheia de castanheiras, várias araras azuis se aproximaram, e com elas veio a mãe de Tony, que chorosa, falou que Tony havia sido levado por caçadores e não acreditava que o veriam outra vez.
“Os Diversos”, agora com menos um, ficou um grupo triste, esse era um risco que todos eles corriam, tinham consciência disso. Perder um amigo é muito doído. Naquele dia não houve mais brincadeira e nem em muitos e muitos outros dias.
Trovão, longe dos amigos estava mais velho, não se assustava mais, apesar de ainda, gostar muito de peixe, andava caçando outros animais, andava comendo muita carne vermelha e isso acentuou seu legítimo instinto felino, estava se tornando uma onça de verdade. Sibel, se afastou de todos e foi para o outro lado da grande floresta. Leno se juntou ao seu bando e não pensavam, só comiam pela floresta e fugiam de caçadores. Dicó, virou chacota, até mesmo dos seus irmãos e primos, o chamavam de cotó, por cauda da falta da ponta do rabo, perdeu um pouco de sua alegria.
“O s Diversos”, acabaram.
MORAL DA HISTÓRIA – Somos todos iguais. Discriminamos, fazemos bullyng, sofremos, nos alegramos, mudamos, somos imperfeitos.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 09 de março de 2015.
Obs: Sou absolutamente contra qualquer tipo de discriminação, o texto é só para demonstrar, que mesmo quando brincamos, às vezes magoamos alguém sem sentir, mas, o outro pode até não ligar tanto, ainda assim, é errado.