Cândida
Cândida Sabino estava longe de ser uma daquelas belas Sabinas cobiçadas que, numa noite enluarada noite foram assistir a um espetáculo circense dos valentes vizinhos romanos e, em meio ao show, por eles raptadas e para o amor de Roma levadas.
Mesmo em matéria de candura, pouco tinha Cândida a ver, com aquela caradura, de medo meter. E até no nome, por Cândida ninguém a chamava, era só Cãinda, e aí dava – quando o caldo não entornava.
Como bem sozinha vivia, mais suspeita Cãinda fazia, e a gente do lugarejo, valendo-se do ensejo, é que a maldizia. Vai ver, nada havia. Era só u’a mulher só, que trabalhava na fábrica de tecidos e que vivia do que tecia, sem ligar pro que acontecia. E se falava para si mesma, ao menos todo mundo a ouvia, e do que se passava em sua cachola
tudo se sabia. Ao menos à luz do dia.
Mas á noite - é o que se dizia – feitiço sim ela fazia: costurara a boca de um sapo e ali estava o sinal de que algo andava errado com a Cãinda. A criançada, quando passava por sua rua sempre se esgueirava nos muros e paredes opostos, tal o temor de que a morena Cãinda iria lhes aparecer de supetão e lhes aplicar a poção da sedução.
O sapo, boca fechada, é que nada diria, mas quem garantia que aquela dona sapeca não teria poupado da costura uma perereca?