BARRAQUINHA DE PROBLEMAS

Minha cruz era pesada

E o caminho, cheio de pedras pontiagudas.

De repente, uma cidade. Como muitas cidadezinhas do interior; uma pracinha, um coreto e no fundo, uma igreja.

Apeei o cruel lenho sobre um banco de concreto e, a passos lentos e titubeantes, pus-me a caminhar em direção à praça.

Era um dia de agitação. O comércio dos problemas, dizia a plaquinha no início da viela formada por barraquinhas no meio da pracinha.

Em cada barraca, uma pilha de problemas.

Tinha barracas com tristeza, solidão, dor...

Outras com doença, alcoolismo, desemprego...

Outras ainda com tentativas de suicídio, traição e desespero.

Cada barraquinha tinha uma gama de mercadorias. Na verdade, uma pilha. Pareciam livros empilhados com o título nas lombadas. Cada um pior que o outro.

Entretanto, ali não havia dinheiro.

Tudo era na base de troca. Um escambo de problemas. Você trocava um tíquete de desespero por outro de doença, ou por outro de alcoolismo e assim por diante.

Depois de uma volta pelo local, refletindo ante cada barraca que parava, tomei uma decisão:

Coloquei minha cruz pesada sobre os ombros e reiniciei a caminhada.

Não comprei, nem troquei.

Fui-me embora estrada afora. Às vezes tropeço e caio. Insisto em me levantar e prosseguir. Não sei se é fé ou... pura teimosia.

Mas ainda estou em pé.

Pensando bem, cada um é merecedor do problema que tem!

Pois minha mãe sempre dizia;

“Deus dá o frio conforme o cobertor!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 21/08/2014
Código do texto: T4930995
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