Presépio da sorte

Dezembro, o ápice da religiosidade econômico-ocidental-cristã ou mais ou menos isso.

No dia 25 comemora-se o sacrossanto nascimento do papai noel.

Veio ao mundo já velhinho, roliço, obeso, alegre, bem acabado, feito, realizado.

Nasceu com uma enorme barba branquinha e dentro de um traje rubro e branco contornado horizontalmente, na altura da grande barriga, por um largo cinto preto. Surgiu do ventre da grande mãe Capitalha e veio acomodado num suntuoso trenó abarrotado de quinquilharias incrivelmente puxado por algumas parelhas de renas voadoras que desafiam a lei da aerodinâmica.

Junto consigo trouxe ainda, como acessórios, pinheirinhos cheios de neve adornados com bolinhas e enfeites coloridos e pequenas luzes igualmente coloridas, guirlandas, cartões comemorativos, canções em sua homenagem, um arsenal de propagandas de centros de compras e um clima abaixo de zero em pleno verão tropical, além da pronúncia de um dialeto estranho limitado a um "ho! ho! ho! feliz...." não sei quê.

Curiosamente nasceu com a mania de entrar nas moradias pelas chaminés na calada da noite à guiza de entregar as encomendas previamente adquiridas pelos respectivos proprietários.

Na bagagem, sua progenitora cuidou de acrescentar perus e leitões assados, panetones, rabanadas e outras guloseimas, tudo regado a muito vinho e coca-cola, que o bom velhinho saboreia enquanto navega pela noite afora distribuindo os presentes aos afortunados merecedores da sua bondade.

Esse sujeito rechonchudinho, barbudo e angélico é tão venerado no mundo ocidental e especialmente num grande país emergente da américa do sul que, dizem ser ele o próprio Deus materializado; porquanto na sua humilde e justa benevolência, dá aos que podem financeiramente e nega aos demais.

O interessante é que, segundo me contaram, o simpático ancião carrega na algibeira um amuleto da sorte, da sua sorte certamente, sei lá. E que esse amuleto é um minúsculo presépio oriundo do oriente médio que simboliza o nascimento de um garoto divino e abençoado cujo nome é Natal.

É isso, ou quase isso.

Wagner de Oliveira
Enviado por Wagner de Oliveira em 14/04/2012
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