MIÚDA.

 

 

 

Uma grande mulher.

 

 

 

Conheci uma linda mulher que atendia pelo nome de Miúda, mas que de miúda não tinha nada, este era o seu apelido familiar quando era uma pequena menina.

Miúda era travessa. Uma diabinha de menina inquieta, excessivamente ativa e, sobretudo, inocente.

De certa feita, Miúda engoliu uma moeda que ganhara, sua intenção era a de esconder de seus irmãos concorrentes ao níquel desvalorizado, assim ela cometeu esse incrível desatino.

Miúda tomou laxantes, remédios provocadores de cólicas e espasmos intestinais, esperando desta forma que a dita moeda fosse expelida e novamente aproveitada.

Após o purgante e os efeitos laxativos, ela fazia as suas necessidades fisiológicas trepada numa árvore, a fim de ver do alto a queda da moeda junto com outras coisas, produtos do purgante.

Miúda viu a moeda cair e, num lance de rapidez símio desceu da árvore.

Prontamente recolheu o seu patrimônio, lavando-o e desinfetando-o, para posteriormente empregá-lo em seus gastos pessoais.

Ela era uma menina econômica, sacrificou o seu próprio intestino para, readquirir a moeda que viajara pelo corpo inteiro, até ao destino final.

Miúda cresceu como todas as meninas.

Ficou moça e queria ser feliz como todas as moças, acho que ela foi feliz, mas ela também colheu muitas tristezas em sua vida, assim como todos nós.

Agora, Miúda é uma grande mulher e me dá a impressão que ela é novamente feliz.

Ela não é mais moça, é mulher, mãe e avó, e agora, é a minha namorada.

Hoje, ela é mais mulher do que Miúda, entretanto a sombra do passado a persegue, assim como a todos nós.

Miúda agora é Elizete, mas eu chamo de “Li”, contudo ela ainda apresenta vestígios de Miúda.

É travessa, divertida e sensual, sobretudo um doce encanto de mulher.

Elizete agora é minha, pois a isso nos propusemos inicialmente.

Ela de Miúda travessa se transformou, num anjo de mulher travesso e sensual.

Seria a Miúda o anjo dos meus sonhos?

Agora, ela me encontrou e não sabia que eu estava no seu destino e, desse encontro misterioso, eu guardo verdadeiros medos.

E o medo que mais me aflige, é o de não poder fazê-la feliz.

Miúda merece ser feliz, e eu não a mereço. Nada posso oferecer para ela.

Ela merece tudo, e esse tudo eu não tenho.

Não fechei as portas para Miúda, fui honesto, não quis que ela se envolvesse mais ainda comigo.

Não sou um bom partido para Miúda.

Não a quero infeliz ao meu lado, eu nada tenho, nada possuo e nada posso.

Só tenho um sentimento, e isso não é o suficiente para manter Miúda comigo.

Adoro a Miúda.

Sei também que ela nutre um bom sentimento por mim. Foi o que senti, mas não quero que ela se frustre comigo.

Hoje, eu sinto uma dor profunda por ter tomado essa decisão.

Não sabe ela o quanto eu sinto, mas de uma coisa eu tenho a certeza, não a farei infeliz.

Tenho a certeza de que Miúda será feliz, ela é amável, carinhosa e dedicada.

Peço a Deus para que alguém a faça feliz.

Eu não tenho condições de fazê-la feliz, a não ser que o destino transforme a minha vida, coisa que pouco espero, embora tardiamente ainda espere.

Se me perguntarem se eu amei Miúda, direi que sim, mas não como Miúda deseja.

Ah, como a amei, mas o meu amor não é egoísta e nem é irresponsável.

Como eu gostaria que tudo fosse diferente e pudesse assumi-la sem a mínima preocupação.

Tenho tido momentos de fraqueza e, às vezes, penso em desdizer tudo e manter mesmo assim esse relacionamento.

Entretanto, a realidade tem mais força do que o próprio amor.

Serei infeliz porque não posso assumir esse grande amor de Miúda.

Que Deus me perdoe por esta covardia, no entanto, estou sendo honesto com Miúda..

Se ela compreender, talvez entenda o meu amor, e por conseqüência me perdoará.

Te volio bene.

 

 

Eráclito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 04/12/2006
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