O VEADO E A MOITA
Era uma vez um veado que vivia saltitando em meio as arvores retorcida daquele cerrado, levando uma vida feliz naquele ermo de meu Deus, o lugar era um verdadeiro paraíso, arbusto para o esconderijo, um manso regato de águas cristalina, sempre fresquinha para saciar a sede e refrescar-se num banho delicioso nos dias de calor do forte verão, a natureza era grata e o homem ainda não a tinha descoberto este tesouro, o que com sua arrogância e falta de clemência para com os animais selvagens, a destruiria em pouco tempo com certeza.
Porem este paraíso calmo e tranqüilo onde o inofensivo servo vivia juntamente com os demais animais selvagens daquele biosistema acabaram quando certo dia apareceu por lá, caçadores de veado com suas matilhas de enormes e ferozes cães de caça, foi com tristeza e com repugnância sempre recebia noticias de que de seus descendentes eram brutalmente abatidos depois de serem perseguidos por estes animais indóceis, assim a tranqüilidade cedeu espaço a preocupação e ao medo de algum dia cruzar com estes homens maldosos..
Era uma bela tarde, animalzinho embora receoso com os fatos estranhos que vinham acontecendo não podia porem deixar de viver sua vida selvagem, assim saiu a vagar pelo campo quando derrepente ouviu o ladrar da matilha que vinha em sua direção e pernas pra que te quero, saiu em disparada pelas matas de cerrado que conhecia como ninguém. Os cães, hábeis caçadores vinham ao seu encalço, eis que derrepente o animalzinho já bastante cansado, topa em sua frente uma bela e viçosa moita de capim, num hábil salto se esconde no meio da moita pois já não agüentava mais correr. Ali, quietinho, parecia nem respirar, vê os ferozes cães passarem em disparada, um, dois, três ... cinco cães ao todo, passam por ele mas não percebem o seu esconderijo. Logo atrás, dois caçadores montados em seus belos cavalos também passam acompanhando os cães, cada um deles com suas espingardas que pareciam reluzir aos raios solares, mas também se vão, o pobre veadinho respira aliviado, felizmente não foi desta vez que viraria troféu na mão desses brutamontes.
O animal estático permaneceu escondido por algum tempo até que não se ouvia mais o latir dos cães de tão distante que já estavam. Refeito do susto e feliz da vida por ter se safado desta, sai de seu esconderijo, só silencio por perto agora, mas a correria consumiu muita energia e bateu uma baita fome do tamanho de um boi, olhou a sua volta, não resistiu àquela moita de capim tenro, não teve duvidas e começou a devorar suas deliciosas folhas verdinhas, entretido porem na comilança, esqueceu da vida.
Passou-se um bom tempo eis que novamente começa a ouvir o latido dos cães que vinham de volta, não teve duvidas, o negocio era esconder novamente, mas onde, recorre a moita, mas da forma como a deixará, toda maltratada, agora se escondesse a cabeça, a cauda ficaria de fora, se escondesse a cauda, a cabeça o denunciaria, acuado pelos cães ávidos pela caça, saiu correndo, mas já era tarde demais, um estampido ecoou na imensidão do cerrado e o pobre veadinho alvejado pelas pontaria dos caçadores, tombou sem vida no cerrado.