Os três continentes(titulo provosório)
Sentado de frente ao birô ele a observava como quem avistasse um mundo a ser desbravado. Sentada em um outro canto da sala, ela se perdia. Hora à folhear algumas revistas velhas que a sucessão de novas noticias e, mais ainda, especulações infinitas acerca de temas inúteis as tornaram talvez até menos usáveis que os jornais que agora aparavam as fezes do solitário pássaro que repousava na gaiola da varanda, hora à olhar pela janela e pensar no mundo que se perdia lá fora.
Talvez imperscrutável mesmo fosse aquele olhar que se perdia de si mesmo. Talvez mistério mesmo fosse aquele procurar em outro mundo o que não via em si. E se perdia, posto que era carência por não ver.
(escrito originalmente em 19 de novembro de 2009)