O GPS anjo
Tebei!
O barulho seco, estridente, o faz dar um pinote da cama. Desnorteado, olha para o lado. Maristela dorme (ronca e baba ligeiramente), com a boca aberta.
Alguma coisa caiu e suspeitava que não fora um lenço. Abriu a porta do quarto, o apartamento era tão pequeno que já estava na sala. Acendeu a luz.
No chão, meio torto, estava um anjo. As asas espalhadas por cima da minúscula - o que não era minúsculo naquele lugar? - mesinha de centro.
Boquiaberto, olhou para a figura que apoiava a mão na testa e olhava para ele com o sorriso amarelo:
- Aqui não é o Cemitério Nossa Senhora Mãe dos Homens, não é? - perguntou o anjo, já de pé, alisando a túnica.
- Não é.
- Ah! Sabia. Desculpa o mau jeito. O GPS falhou na metade da descida. - disse o anjo batendo num aparelhinho celular prateado. - Essas novas tecnologias!
E fez um barulhinho com a boca rosada.
- Tá! Deixa pra lá.
- Mesmo assim, desculpa, viu?
E saiu voando pela janela aberta. Como conseguira passar? Tão minúscula!
Em dois passos voltou para a cama, meio arrepiado. Maristela (roncando e babando) nunca ia acreditar.