Ninfeta de Bêbado não tem dono
Conto irresponsável de baixo nível
Saí da festa às 23:40, mais ou menos isso, sei disso porque um “flanelinha” me pediu as horas. Pedi a ele um baseado. Ele fingiu que não me ouviu. Não dei nada de dinheiro, que eu não vou ficar sustentando crente trabalhador.
Eu estava completamente bêbado, havia bebido apenas duas garrafas de Grant’s falsificado; sabia que era falsificado pelo gosto ruim do vômito, casamento dos outros é uma merda. Algum filho da puta disse para eu ir andando.
- Você acha mais seguro eu ir andando?
- Se beber não dirija!
- Esse é seu argumento? Bebo e dirijo ao mesmo tempo e sem as mãos.
Cada um que me aparece, se a gente for ficar decorando essas frases feitas acaba ficando maluco de pau duro. “Não fume em ambientes fechados”, “Banheiro feminino”, “Não pise na grama”, “Cuidado, cão feroz”... Mordo a cara dele, pisando na grama com o cigarro aceso dentro do banheiro feminino!
Fiquei no carro ainda um tempo procurando um baseado que havia perdido ontem à noite. Eu sabia que ele tinha caído embaixo do banco do carona. Maldita blitz! Tava lá fumando minha maconhinha, quando de repente me aparece aquele bando de policia; joguei fora, mas o vento trouxe ele de volta. Procurei o back, não achei porra nenhuma.
Todo esse estresse me deu mais vontade de beber mais. Liguei o carro e a porra do “flanelinha crente” lá, esperando para receber as moedas. Disse a ele:
- Paz do senhor!
Parti feroz, rumo ao boteco mais barato que aceitasse cartão. Descer Santa Teresa dirigindo bêbado não é pra qualquer um não. Os trilhos dos bondes são escorregadios e dizem que corta os pneus. Fui tranqüilo, sempre olhando pra frente, eventualmente, para os lados, quando passava um rabo de saia; estava louco para encontrar uma cabrocha pra passar a noite comigo. No casamento só tinha mulher feia e as bonitas estavam todas acompanhadas. Bem que tentei pegar uma de branco, que ‘tava toda bonita, com uma cara feliz, mas tinha um paspalho que não saía de perto dela, ficaram os dois tirando fotos com todo mundo de mesa em mesa. Quando chegou a minha vez, disse para ela:
- Aí, gostosa! Se livra desse paspalho que vou chupar tua xota até secar.
Ela sorriu, o paspalho também e bateram aquela foto ridícula. Sem nenhuma cerimônia, foram para outra mesa e repetiram o ritual. Ela devia ser surda. Como eu já tava caindo pelas mesas fui dançar.
Esqueci que estou dirigindo, preciso prestar atenção, lá atrás não sei se era um cachorro ou se era um pombo, só sei que não gostava da minha mãe. Cheguei, Sábado, à noite, na Lapa. Fui direto para o Arco-íris, um barzinho bacana que aceita cartão e o garçom atura bêbado chato sem reclamar. Parei o carro de repente, coloquei o alerta piscando, desci, peguei o triângulo e botei atrás do carro. Sentei numa mesa da frente e deixei o trânsito pegar fogo atrás.
- Garçom, traz uma cerveja e uma dose da pior cachaça que você tem aí.
Nunca entendi esse papo de melhor cachaça, pinga tem de ser ruim, se for boa não presta. Na mesa ao lado tinha uma ninfeta com cara de estudante de teatro, essas são as melhores. Ela parecia me reconhecer, ficou me olhando pacas. Eu tava bêbado, fui lá e dei uma investida na ninfa.
- Você tá sozinha? Posso me sentar?
Aprendi que certas perguntas são pra abrir o apetite e quebra o gelo. Falei e fui logo sentando.
- Fiquei te olhando pois você tem a cara do meu professor de teatro.
Sabia que ela era de teatro, nunca erro, mesmo bêbado, nunca erro. O Garçom trouxe as bebidas, derrubei a cachaça e pedi outra.
- Pelo visto você adora beber.
- Tanto quanto gosto de mulher.
Batata! Ela sorriu, tá no papo. Só não como essa menina hoje se meu pau não ficar duro. Fiquei ali conversando, namorando, pegando na mão. De repente, ouço uma voz de policia, todo policial tem a mesma voz, a mesma melodia quando fala. Inconfundível.
- Me disseram que aquele carro parado ali na frente é seu.
- Informação precisa. Tenho que felicitar o filho da puta do X9 que me dedou.
- O senhor está com o carro enguiçado?
- Sim, ele tá com problema de álcool.
Eu não conseguia tirar os olhos da ninfeta.
- Vamos comigo para outro lugar, descobriram minha nave extraterrestre; vamos sair daqui antes que eles me levem para fazer testes.
O guarda já estava perdendo a paciência.
- Estou esperando o senhor tomar uma atitude.
- Pode deixar seu guarda, acabei de encontrar uma mecânica especializada em problemas de álcool.
Paguei a conta, peguei na mão da minha nova namoradinha, que só ficava rindo. Percebi que ela estava ficando caidinha por mim, quando bebo fico muito sedutor. O guarda percebeu meu esquema e não quis atrapalhar, entrei no carro e parti, largando no chão meu "triângulo". Porra! Vou ter que roubar outro, pensei.
A gatinha perguntou para onde nós iríamos, disse a ela que não morava longe e que na minha geladeira tinha uma garrafa de vodka esperando por nós dois. Fomos direto pra minha casa que fica no Jardim Botânico. No caminho, ela me disse que tinha uma tara por homens mais velhos. Apesar de estar apenas com 44 anos, para uma ninfeta de 19 eu era, de fato, um homem mais velho. Confesso que nunca cheguei tão rápido na minha casa, queria muito dar uma bicada na vodka e ver aquela menina peladinha no meu quarto. Coloquei o carro na garagem, pegamos o elevador. Sempre que chego em casa me dá uma vontade louca de dar uma mijada. Saí do elevador correndo, abri a porta e fui direto ao banheiro. Para não fazer feio, sentei no vaso, sempre mijo o chão todo quando estou bêbado e quando não estou também. Para não fazer feio, mijei sentado, vai que ela fica a fim de ir ao banheiro, mulher sempre vai a banheiro antes de trepa. Sentado, de porta fechada, bêbado feito gambá, se é que eles bebem, dormi profundo. Acordei com o dia claro, procurei a ninfeta pela casa toda, nada de encontrar, deve ter ido embora, pena. Olhei no quarto do meu filho só de curiosidade, pra minha surpresa, estavam os dois lá, peladinhos, dormindo, abraçados. Cobri os dois pombinhos e fui dormir. Puta porre do caralho!