A BONECA ESQUECIDA
O vento frio chicoteava as folhas secas, criando um som fantasmagórico que se misturava com o uivo do lobo solitário nas montanhas. A casa antiga, envolta em trepadeiras murchas, era um monumento à solidão. As janelas empoeiradas refletiam a lua pálida, revelando o interior sombrio e silencioso.
Dentro da casa, em um quarto empoeirado, uma boneca de porcelana jazia esquecida em um canto. Seus olhos de vidro azul opaco pareciam observar o vazio, enquanto um sorriso macabro se desenhava em seus lábios rachados. Era a Boneca Esmeralda, um presente sinistro que a antiga moradora da casa, uma bruxa excêntrica, havia deixado para trás.
Em uma noite escura e tempestuosa, uma jovem chamada Catarina se viu obrigada a buscar abrigo na casa abandonada. Atravessando a soleira, ela foi tomada por uma sensação de mal-estar. O ar era úmido e carregado com um cheiro adocicado e nauseante.
Catarina subiu as escadas rangentes, tropeçando nos próprios pés, até chegar ao quarto empoeirado. Lá, seus olhos se depararam com a Boneca Esmeralda, que parecia observá-la com seus olhos penetrantes. Uma onda de frio percorreu sua espinha.
De repente, a boneca começou a rir. Um riso agudo e sinistro que ecoava pelas paredes da casa. Catarina, paralisada pelo medo, não conseguia se mover. A boneca se contorceu em seu canto, seus membros rígidos se movendo com uma fluidez antinatural.
Catarina tentou fugir, mas as portas e janelas se fecharam com força, trancando-a no quarto. O vento uivava do lado de fora, enquanto a boneca se aproximava, deslizando pelo chão em um movimento macabro.
"Por favor," Catarina implorou, sua voz tremendo. "O que você quer comigo?"
A boneca parou, seus olhos fixos em Catarina. "Eu quero brincar," ela disse, sua voz rouca e gutural. "E você vai ser minha nova amiga."
Catarina gritou de terror, mas a boneca já estava sobre ela, seus dedos frios e úmidos se fechando em torno de seu pescoço. A última coisa que Catarina viu foram os olhos da boneca, brilhando com uma luz sobrenatural, antes que a escuridão a tragasse.
Na manhã seguinte, a casa estava vazia. A Boneca Esmeralda jazia novamente em seu canto, seus olhos de vidro opaco observando o vazio, como se nada tivesse acontecido. Mas o vento que soprava pelas rachaduras das paredes carregava o sussurro de um grito, um lembrete macabro da noite em que a Boneca Esmeralda encontrou sua nova amiga.