dançarinas da noite

No início dos anos 90 uma onda musical tomou de assalto as rádios e TVs do Brasil, era uma música dançante e muito alegre a lambada, um gênero musical com origem na região Norte do Brasil, tendo como base o carimbo e a guitarrada, e influenciado por ritmos de origem caribenha como a cúmbia e o merengue. Essa música dançante se tornou uma febre nacional, uma pequena cidade no interior de SP não ficou de fora dessa onda , pois nessa cidade os jovens ouviam e curtiam o ritmo alucinante, ao som do grupo Kaoma, ou do cantor Beto Guedes, Nessa cidade viviam duas jovens muito amigas uma se chamava Suellem e a outra Maísa, pois bem eram garotas muito bonitas e cheias de vida, Suellem se destacava pela beleza sendo eleita uma vez no colégio a aluna mais bonita da escola, alta de longos cabelos negros, pele clara e olhos verdes, era um colírio para os olhos masculinos, era o sonho dos rapazes da cidade e a inveja das moças. Maísa era bem diferente, ruivinha sardenta, de cabelo curto, e mais baixa, mais também era bonita. As duas eram inseparáveis, se conheciam desde a infância, agora eram adultas Suellem tinham 19 anos e Maísa 18 anos , ambas eram muito festeiras, e adoravam dançar lambada o ritmo do momento. Suellem morava com os pais e a avó. Já Maísa morava com a família do irmão mais velho, ambas porem não se davam muito bem com suas parentelas, o motivo de conflito era porque elas sendo muitos festeiras causavam preocupação nas famílias.

Sendo uma cidade pequena não havia muitos clubes ou locais para os jovens se divertirem geralmente quando artistas famosos apareciam na região se dirigiam a uma cidade maior então os jovens alugavam vans e iam em caravana para a cidade maior para curtir o espetáculo, pois bem um grupo famosa de lambada iria se apresentar numa cidade que ficava um pouco distante, mais Suellem e Maísa não poderiam perder essa chance, excelentes dançarinas que eram , queriam ir dançar ao som da lambada, mais as famílias as proibiram o pai de Suelem disse – você não vai eu não vou pagar seu ingresso, você precisa criar Juízo, estudar e arrumar um emprego - mais pai nunca vem ninguém nessa cidade e quando aparece um chance de dançar num show de verdade o senhor não deixa não e justo eu vou sim nem que seja a última coisa que eu faça – assim disse a garota rebelde, Maísa também entrou em atrito com a família, mais estava determinada a ir, mais logo os amigos das moças se uniram e alugaram uma van, quanto aos ingressos foi fácil arranjar para as duas o filho do prefeito da cidade que andava de olho em Suellem , comprou os ingressos e deu para as duas.

Chegou o grande dia milhares de jovens alegres partiam para a cidade ansiosos para dançar e curtir o grande show. Suellem e Maísa estão na van que vai levar os jovens pra cidade, no carro estão 10 jovens fora o motorista, os pais das duas moças não conseguiram impedi-las elas iam lindas bem arrumadas com aquelas saias curtinhas típicas para dançar a lambada, em meio a o riso alegre das jovens, os gracejos dos meninos, era tudo tão maravilhoso e mágico, quem podia imaginar que no auge da alegria de viver, tudo acabaria.

O destino as vezes e tão cruel, logo após sair dos limites da cidade por volta das 20 horas da noite, a van entra numa curva fechada, o motorista quase tão jovem como os passageiros guiava o carro numa velocidade alta para aquele veículo então ocorre a tragédia a van tomba e capota, a maioria dos passageiros sobrevive ao sinistro apenas duas pessoas morrem Suellem e Maísa.

Cidade inteira lamentou a morte precoce das garotas, os pais e amigos próximos ficaram inconsoláveis, ambas foram enterrados no cemitério da cidade, seus túmulos foram colocados lado a lado, ficando assim para sempre juntas. Mais nossa historia esta apenas começando.

Luciana a jornalista

Era a minha grande chance pela primeira vez eu teria uma matéria só minha, a três anos que eu esperava pela oportunidade de assinar minha primeira matéria no jornal, muito embora a principio eu fiquei um pouco desapontada, me deram uma matéria sobre uma lenda urbana muito popular na cidade, a lenda das bailarinas fantasmas, esse tipo de assunto, nunca me interessou sempre encarei isso como bobagem, mais como me foi confiada essa tarefa não iria desapontar, os editores do jornal, então mergulhei de cabeça no assunto.

Eu sempre vivi nessa cidade, desde pequena eu ouvia minha mãe ou meu pai comentar, sobre essas supostas aparições, eu ouvia com um misto de medo e curiosidade, as vezes quando saíamos de carro passávamos no local onde ocorriam as supostas aparições, eu ficava arrepiada quando meu pai co-mentava – filha diz que foi ai que as moças morreram, cruz , credo – era uma estória que quase todo mundo conhecia, quando fiquei adulta eu não pensava mais nisso achava tudo uma grande bobagem, estória da carochinha, mais muita gente jurava que tinham visto as moças dançando a noite, eu mesma jamais vi, quando eu ia pra faculdade de jornalismo que ficava fora da cidade eu passava a noite quase no mesmo horário que as moças morreram por volta das 20 horas, pois bem para escrever a matéria, fiz uma pesquisa sobre o acontecido que gerou a lenda, mais a parte principal da reportagem era as entrevistas como o fato ocorreu nos anos 90 muitas testemunhas ainda viviam então selecionei alguns casos pontuais.

A primeira testemunha, era um senhor chamado Manuel mais que todos conheciam como Manuca, este senhor, era o vigia noturno de uma escola que ficava próximo do lugar onde aconteceu o desastre, uma semana depois do acidente ele me relatou – eu tinham acabado o meu turno era por volta das 11 horas da noite, eu não costumava passar pelo trecho onde o acidente ocorreu, geralmente eu tomava outro caminho para minha casa, porem nessa noite me deu vontade de ir por aquele caminho a lembrança do acidente, acho que me impulsionou eu fui o primeiro que chegou no local do desastre, socorri alguns jovens feridos, cheguei a ver as pobre garotas presas nas ferragens já mortas, eu sempre fui um homem que se orgulhava de não ter medo de nada, antes de vir morar na cidade eu vivi muitos anos no interioassava bem perto de um cemitério r, quando era bem jovem eu quando ia para alguma festa na vila que ficava perto da minha casa , nunca tive medo, jamais avistei nada de anormal, os outros evitavam passar no cemitério mais eu nunca dei bola pra isso, fui vaqueiro, per-segui boi bravo no mato, avistei uma onça uma vez na mata, mais nada me abalava, ate aquela noite, fico arrepiado só de pensar, eu caminhava pela estrada asfaltada, quando ouvi nitidamente o riso de mulheres, fiquei curioso, oque faziam mulheres aquela hora da noite num lugar tão deserto? a medida que me aproximava do local do acidente os risos iam se tornando mais fortes por fim ouvi vozes femininas cantan-do, não entendia oque cantavam, estava ficando curioso, foi ai que eu avistei duas mocinhas bailando no meio da pista, fiquei surpreso mais não com medo, as duas moças vestiam saias curtas e rodopiavam e cantavam, eu ai andando chegando mais perto, então uma delas me viu, parou de dançar e veio correndo na minha direção até então eu não notei nada de anormal, quando a moça chegou mais perto ela disse – seu Manuel vamos dançar lambada – foi ai que cada pêlo do meu corpo se arrepiou, eu reconheci a voz de Suellem, ela tinham estudado na escola que eu era vigia, eu vi o rosto dela, eu a reconheci, sim era Suellem mais ela estava diferença muito pálida, seus braços e pernas eram muito finos, eu senti um forte cheiro de sangue, ai a outra moça que ainda dançava parou de dançar e gritou – aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii – a que estava perto de mim caiu no choro e gritou- precisamos de tua alma vem dançar com a gente - então senhorita Luciana, eu fui tomado de um pavor que eu nunca tinham sentido em minha vida sai correndo para longe daqueles fantasmas, cheguei em casa suado, arfando e com o coração na boca, minha mulher indagava –oque houve Manuel oque houve? – só depois de um tempo me acalmei e expliquei oque tinham visto, naquela noite minha esposa acendeu umas velas e rezou pelas almas das coitadas – e depois disso o senhor não tornou a avistar as dançarinas ? – não nunca mais, eu passei outras vezes por aquele lugar a noite mais nunca avistei os tais fantasmas – esse foi o primeiro relato, o segundo ocorreu quase um ano depois das mortes das garotas, um casal vinha de carro visitar um parente na cidade, eles não conheciam as garotas mortas ao contrario do seu Manuel, exatamente no trecho onde elas morreram, o casal se chamavam doutor Marcos um dentista e sua esposa Marisa, o Marcos dirigia o carro, vou deixar que ele relate – quando nos aproximamos do lugar da tragédia, que vale lembrar nos não conhecíamos, só depois fomos informados do ocorrido um ano antes, eu e minha esposa avistamos aquelas duas moças dançando no meio da estrada, eu buzinei para que elas saíssem do meio da rua, uma delas a mais baixa fez um sinal com a mão para mim como que me pedindo para parar o carro, a outra repente caiu no chão e fica se debatendo como se sentisse muita dor fiquei aflito, parei o carro a outra dançarina se aproximou era meio gordinha estava com o cabelo desgrenhado, nos sentimos um cheiro forte de sangue, então ela gritou – por favor ajude minha amiga – eu sai para socorrer a mocinha que se debatia, quando cheguei perto ela estava caída, notei que ela estava muito pálida e magra, ela virou o rosto dela estava todo deformado e disse – me ajuda – mais como? – eu quero sua alma – quando disse isso eu fui tomado por um pavor, a outra que estava ao meu lado berrou – vamos dançarrrrrrrrrr – fui ai que eu entendi o que era aquilo, me apavorei e sai correndo e as duas gritando atrás de mim minha mulher saiu do carro e berrou – vem Marcos vem – eu corri até o carro quando entrei arranquei a toda velocidade pelo lado oposto onde elas estavam, mais elas sumiram desapareceram, nunca mais eu avistei aqueles espectros – esse foi o segundo testemunho que eu registrei.

O terceiro testemunho, dessa vez foi um caminhoneiro, por nome joão lucas , eis a sua história – tenho andado por todo esse Brasil a muitos anos, nasci aqui na cidade eu conhecia a historia das duas dançarinas, mais nunca acreditei, achava que era bobagem, uma velha lenda nada mais, mais então aconteceu algo que até hoje não sei explicar, uma noite eu passava com meu caminhão no trecho onde as duas garotas tinham morrido, assim que cheguei no ponto onde o desastre ocorreu avistei duas moças elas dançavam no meio da pista, meus faróis focaram nelas era duas moças muito bonitas uma alta e outra baixa, dançavam e rodopiavam riam e cantavam ao som de uma musica que aparentemente não existia, - pensei quem são essas malucas a essa hora dançando? – lembrei das lendas, mais me recusava a acreditar elas pareciam pessoas normais de carne e osso, eu buzinei elas vieram correndo até onde uma delas que era alta e muito magra disse – ei toca uma lambada pra gente dançar – eu senti um arrepiou percorrer minha espinha e disse – lambada? Faz tempo que não toca esse tipo de musica nas rádios – quando eu disse isso a moça caiu no choro a outra chegou perto e gritou – toca lambada a gente precisa dançar – eu fiquei sem ação ai algo horrível ocorreu, senti um cheiro forte de sangue, então os rostos das duas moças começaram a ficar deformados, os olhos delas caíram as mandíbulas se entortaram os ca-belos caíram toda pele de seus corpos se desfizeram como cera derretida, enquanto isso elas gritavam – toca lambada toca lambada queremos tua alma - assustado eu acelerei o caminhão então elas sumiram evaporaram, nunca mais tornei a velas, jamais vou esquecer da cena grotesca – esse foi o terceiro testemunho, após isso redigi o texto da reportagem, para meu orgulho foi aprovado e publicado, a cidade inteira leu, a pós minha matéria surgiram muitas outras historias sobre as aparições, minha reportagem repercutiu até nos jornais da capital, outros repórteres de outros jornas visitaram nossa cidade e fizeram reportagens sobre a lenda das dançarinas da noite essa reportagem me rendeu um grande sucesso, logo fui contratada por um jornal da capital, passei a trabalhar e ganhar bem melhor , e tudo isso por causa da historia da dançarinas da noite.

Já faz 10 anos que eu deixei a minha cidade, minha vida mudou tanto depois daquela reportagem, estou noiva logo vou casar, me tornei uma jornalista famosa tenho ate meu próprio programa de televisão, mais hoje eu vou voltar para onde tudo começou aquele trecho da estrada onde as duas garotas morreram, foi ali que tudo teve inicio, sou grata aquela lenda, foi ela que me lançou no estrelato, agora estou aqui parada diante exatamente no mesmo horário em que aconteceu o acidente, uma noite fria estrelada, estou encostada em meu carro, fumo um cigarro, olho o céu e penso nas bailarinas, onde estaram, a muitos anos que elas não aparecem para ninguém, mais que bobagem isso tudo é apenas uma lenda, nesse instante ouço uma voz - Luciana, Luciana nos estamos aqui vem dançar com a gente - quando a jovem jornalista Luciana Trindade se vira lá estão as bailarinas fantasmagóricas tão lindas como na noite em que morreram, existe uma aura de luz azulada que envolve seus corpos etérios mais Luciana não sente medo, apenas uma profunda paz. Suellem e Maísa seguram as mãos de Luciana então Maísa diz – precisamos da sua alma para poder descansar você nos deve isso, tudo que você tem foi dado por nós – Luciana não gritou, não fugiu ela apenas se deixou levar e as três foram dançando, dançando pela noite a dentro ao som de uma musica celestial...

 

 

 

 

 

ideraldoluis
Enviado por ideraldoluis em 06/06/2022
Reeditado em 08/06/2022
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