Alma perdida

Cambaleando pelos corredores, mal conseguia ficar em pé. Empunhava um machado na mão esquerda, esta fraquejada e com gotas de sangue escorrendo e manchando o chão aonde passava.

Não se lembrava do que ocorrera há minutos atrás.

Um zunido, tontura, confusão. Coisas corriqueiras em sua vida. A diferença era a posição que estava. Memorava quando se escondia no escuro de uma sala, agora é ele quem procurava. Também vinha à mente a violência, tentava andar pelos corredores, mas a consciência afetada lhe impedia de realizar seus anseios. Desmaiava durante o sofrimento. Por isso voltava sentindo a dor e vendo feridas em seu corpo sem saber a razão. No dia seguinte, ao acordar, era que recobrava a noção das coisas.

Dessa vez não podia dormir...

Não correria o risco de perder a única alma viva que lá pisou. Sabia que estava em alguma parte do edifício, só não sabia onde. Isto era o que dava forças para continuar. Aos poucos lembrava do que houve. Com aquele machado decapitou o último policial que chegou para averiguar.

- Com certeza foi ela quem chamou.

O mais alto nível de desespero despertou nele o mais puro desejo... na mais impura mente. Não era sua culpa necessariamente. Nunca quis isso para sua vida, mas a vida parece que quis. Seu passado inocente saiu de seu corpo deixando as cicatrizes para deixar a recordação de quem era agora.

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Um sorriso que na verdade era um grito, um grito de euforia por enfim conseguir... mas também traduzia a vontade de livrar-se daquilo. Quanta desgraça. Aquela jovem de alma pura sendo retalhada pela lâmina avermelhada do machado era quem traria a liberdade de volta àquela alma. A sua pureza devolveria a pureza perdida naquele sombrio dia...

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 27/03/2021
Código do texto: T7217527
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