Raiva

Um mar revolto era a mais perfeita forma de traduzir aquele corpo vagante pelas vielas da cidade. Quem via o andado ríspido, os punhos fechados e o semblante colérico podia imaginar um pouco do sentimento que estava a sentir, mas a verdade era que aquela aparência era só um pingo do mar.

Entrou num beco, estava andando sem rumo, uma forma para não explodir e fazer alguma besteira...

Andava de cabeça baixa, quando entrou naquele lugar não percebeu que haviam três indivíduos - ou melhor, três idiotas já conhecidos. Do tempo da escola, os famosos babacas fracassados que resolviam escolher uma pessoa para atormentar.

Como o tempo passa, imaginava que a imbecilidade deles também, mas não.

Foi impedido de passar. As provocações e os ruídos irritantes provenientes daqueles fazia a raiva aumentar a cada segundo, se segurava. O toque só piorava as coisas... O maior deles - assim como animais irracionais, havia um "alfa" entre os outros - resolveu puxá-lo pela camisa, apontando-lhe a mão esquerda.

Eles riram, pela última vez.

Quando atravessou o beco, parou. Mais calmo, respirou fundo e se foi. Um alívio, tirou de si o frenesi. Resolveu voltar para casa, aos poucos as pegadas de lama misturada com sangue foram se apagando... até ele abrir a porta.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 21/03/2021
Código do texto: T7212776
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