Veneno

Fraca brisa leva pelos ares riscos do fogo que queima os gravetos n'areia, um olhar sério vigia o ambiente. Vez ou outra o ar resolvia incorporar uma bela bailarina e fazia rodopios, fazendo os grãos fulvos formarem silhuetas no deserto.

Noite longa... Nem uma única nuvem, apenas as estrelas e a lua.

Preocupações...

Não era a primeira vez que se perdia ali, a diferença era a companhia, a situação não era boa, pior ainda quando lembrava-se do ferimento no tornozelo desta. Um escorpião picou, mas, por sorte, o veneno não era tão forte e teriam certo tempo em horas para resolver.

O efeito letal vinha após oito horas com a substância do animal, já se foram cinco, duas e quarenta marcava o relógio.

Preocupações...

Os gravetos virando cinzas cada vez mais... cada vez mais a chama enfraquecendo... cada vez mais o corpo esfriando... cada vez mais a vista escurecendo...

Não poderia aceitar a possibilidade de ver morrer alguém que estava em sua responsabilidade, ainda mais aquela pessoa. Desespero toma conta... Não dá para carregar até o caminho que achava certo, teria uma piora na hipotermia. Sem falar na má companhia que os famintos animais ofereciam, só esperando uma oportunidade.

Se envenenava de culpa...

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 19/03/2021
Código do texto: T7211156
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