CARONTE [miniconto de terror]

Um vulto passou bem na porta de sua casa. Se assustou, como sempre, mas não entendia: por que todos os dias ele lá ia?

Já foi em igrejas, tendas, terreiros, centros.

A resposta que mais lhe convenceu foi a de uma velha senhora. Disse ela que poderia ser alguém do Além tentando avisar-lhe algo.

O que seria?

Passaram-se os dias e ele foi esquecendo daquilo tudo, por mais que a situação se renovasse cada vez que saía para trabalhar.

Não mais se atentou.

Não mais se preocupou.

E numa terça-feira, na porta ele não apareceu.

Nem ligou.

À caminho do trabalho um acidente terrível: fora atropelado.

A última visão antes de partir foi daquele vulto levando sua alma para si.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 23/02/2021
Código do texto: T7191593
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