CARONTE [miniconto de terror]
Um vulto passou bem na porta de sua casa. Se assustou, como sempre, mas não entendia: por que todos os dias ele lá ia?
Já foi em igrejas, tendas, terreiros, centros.
A resposta que mais lhe convenceu foi a de uma velha senhora. Disse ela que poderia ser alguém do Além tentando avisar-lhe algo.
O que seria?
Passaram-se os dias e ele foi esquecendo daquilo tudo, por mais que a situação se renovasse cada vez que saía para trabalhar.
Não mais se atentou.
Não mais se preocupou.
E numa terça-feira, na porta ele não apareceu.
Nem ligou.
À caminho do trabalho um acidente terrível: fora atropelado.
A última visão antes de partir foi daquele vulto levando sua alma para si.