Morte companheira
Gralha, gralha, gralha.
Era o som que ouvia todo dia, sua companheira indesejada não saía dali. Estava à espreita, só esperando ele morrer. O desespero do prisioneiro aumentava ao lembrar-se disso - e não era difícil lembrar; pois ela gralha, gralha e gralha.
Chora, grita, esperneia.
Sua hora chegará, mas há de se felicitar a paciência da ave, tanto tempo ali, concentrada, com o bico afiado esperando ele cair. Agonia renovada todo dia, quando acordava e via na janela o tal pássaro que o via. A pior das torturas, aprisionado e tendo a morte como companhia.