LEANDRO - O GENTIL TOCHA HUMANA (O Início)


O nascer de Leandro assustou seus pais, pois sua mãe Verdana teve uns chamuscados nas partes íntimas nunca explicados pelos médicos, veio ao mundo um bebê perfeito, mas, com uma temperatura corporal de trinta e oito graus e constante. Como não afetava em nada a sua saúde considerou-se como uma anomalia genética, sendo uma cidade pequena no interior de São Paulo, este fato ficou esquecido na história. Só as enfermeiras não souberam explicar as marcas de queimaduras leves em suas mãos, que apareceram quando deram o primeiro banho no menino, a água manteve uma temperatura alta mesmo depois de quinze minutos, estranho nascimento aquele.

Verdana e Olavo levaram o filho pra casa e o colocaram no berço, a primeira mamada causou desconforto à Verdana pois o leite aquecia os seus seios, os bicos ficaram ardendo e ela precisou de compressas frias para suavizar, só que precisou repetir o processo em todas elas, era um tornento, graças à Deus Leandro era faminto e saudável, para Verdana isso valia cada desconforto.

Olavo percebeu que o menino nunca transpirava, sua temperatura alta para ele parecia normal, já sua mãe suava bastante enquanto mantinha ele no colo, às vezes precisava tomar um banho e trocar de roupa. O tempo passava e ao completar três anos, Leandro brincava com os pintinhos no quintal, o que era sua alegria e brincadeira preferida. No momento que um se afastou de seus carinhos, o menino o segurou com firmeza e o pobre bichinho fritou em suas mãos, Verdana e Olavo sufocaram um grito, pois a cena absurda não podia ser normal. Para desespero dos pais, o mesmo foi acontecendo com gatos, coelhos e até com o seu fiel companheiro cão, o Zeca. Os pais de Leandro buscaram ajuda em confissão na igreja, mas, o Padre Miguel não lhes deu muita atenção, pensou que aquela gente estava pegando Sol demais na lida do campo, lhe deu uns pai-nossos para rezar e os despachou sem mais delongas, uma torta de abóbora com queijo o esperava quentinha na cozinha da casa paroquial. Mais tarde estranhou o chamuscado em sua batina no lugar onde segurara o menino no colo, na dúvida fez um reforço nas suas orações por aquela família.

Um ano depois Leandro crescia forte e quente, cada vez mais sozinho porque os pais tinham pavor de sua convivência com outras pessoas, principalmente outras crianças. Imaginem se algum episódio como os dos bichinhos acontecesse, como resolveriam uma morte, pensavam que o filho tinha parte com o Demo, mesmo que fosse uma criança alegre e carinhosa. 

Depois de muitos pequenos incêndios, animais e plantas mortas, lembraram de uma espiga de milho que virou pipoca nas mãos do pequeno. Resolveram se isolar ainda mais para o interior do Estado, venderam o sítio e os animais, compraram uma propriedade isolada perto de um riacho, compraram uma carroça,  dois cavalos e um burro para ajudar na lida. Praticamente viviam do que plantavam, das galinhas e dos peixes fartos no riacho. O estudo para o menino vinha de livros e dos ensinamentos de Olavo e a fome de conhecimento, era voraz no inteligente Leandro. Mas, aos cinco anos Verdana e Olavo viram o baio dourado fritar em agonia com os carinhos do menino, um horror de cena, que só terminou com Olavo dando um tiro de espingarda na cabeça do animal, num ato de misericórdia. Os pais de Leandro tomaram a decisão mais dura, cruel e desesperada de suas vidas. Fizeram duas malas, soltaram os animais, fecharam a casa, indo de carroça até a estação de trem rumo ao centro de São Paulo, puseram num saco de papel a certidão do filho, sanduíches de frango e um pouco de dinheiro deixando tudo com o menino, abandonando Leandro sentado num banco na Praça da Sé e sem despedidas, rumaram para o porto embarcando num cargueiro para qualquer lugar, sem nenhuma intenção de voltar. 

Leandro foi criado pelas ruas, viveu em abrigos, alguns lugares incendiaram em sua estada, homens e mulheres apareciam torrados no meio da rua, becos e vielas. Os anos o fizeram forte e frio, nem precisou roubar, apenas incenerava suas vítimas acumulando dinheiro para viver e continuamente se aculturar, virou um 'rato de bibioteca' onde excepcionalmente, nunca incinerou nada.

Acumular fortuna foi fácil com sua habilidade surreal e inteligência, foi construíndo bunkers e casamatas por várias cidades do Estado, sempre no interior em lugares isolados. Focou sua mira nos arrogantes empresários com filhas jovens, pois dinheiro chama dinheiro e a sua árvore genealógica pouco importava, quando as doações para causas sociais eram vultuosas, os lugares frequentados eram direcionados para a classe AAA, com belos sorrisos e muita bajulação, Leandro se incluía nas altas rodas como se um igual fosse, seus crimes incendiários bem elaborados e com um espaço considerável entre eles, passavam despercebidos, eram considerados trágicos acidentes. A primeira vez que gozou com a tortura incandescente de uma abastada filhinha, percebeu que nenhum outro prazer lhe satisfaria, as chamas crepitando descarnando a moça que esperneava e urrava de dor, o energizava e relaxava tremendamente...muito prazer...

Leandro ficou tão contente com o resultado, que mandou confecionar uma urna de cristal com detalhes em prata, onde gentilmente guardou as cinzas dela, um agradecimento ao gozo memorável que ela lhe proporcionou...






A sequência final deste conto pode ser encontrada no conto de terror GENTILEZA em minha escrivaninha. Fiz esta sequência atendendo a pedidos, não tenho isso como um hábito, mas, atendi aos carinhosos pedidos recebidos.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 15/11/2020
Reeditado em 15/11/2020
Código do texto: T7112237
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