O expurgo do invasor.
Synìliê nilê irê... Synìliê nilê irê...
Nunca cessava a maldição, proferida em canção...
Tanto tempo preso, capturado pelo inimigo. Em seu calabouço já não clamava piedade, nem sequer reclamava, habituou-se à prisão. Quem um dia foi muito importante para as pessoas, agora, num local distante sofria o peso do ostracismo.
Conseguia ouvir até mesmo as árvores do lado de fora, livres, e as folhas que delas caíam. Seu único tecido, degastado, às vezes era a única coisa que tinha para comer. Tamanho castigo, ora, não morreria de fome e nem de sede, mas beiraria a morte, para sofrer o máximo possível.
Synìliê nilê irê... Synìliê nilê irê...
Lembrava-se da embarcação e de sua tripulação, antes de cair do navio e ser esquecido ao mar. Acordou na ilha e dela fez abrigo. Comeu e bebeu, até que não pôde mais, quem era soberano ali encontrou o forasteiro que trazia a marca da destruição.
Desde este dia que caiu em ruína, sua vida foi perdida naquela clausura infernal. Todos os dias via o chão escuro de sua cela virar um portal de fogo e lembrava-se do lugar onde estava: o Inferno.
Synìliê nilê irê... Synìliê nilê irê...
O dia tão aguardado chegou, todos festejando. Crianças reunidas, mulheres com trajes e palhas na cabeça, os homens carregavam a comida. Num círculo foi colocado, todos rezaram à Synìliê e ela se fez presente.
Uma lança flamejante acertou o seu peito, o sangue escorreu, o fogo surgiu. Grande labareda, aceita a oferenda, festa geral. Maculou o chão, trouxe a impureza, agora, a expurgação traria a paz. A todos saciou, foi o fim de um homem navegador...
Synìliê nilê irê... Synìliê nilê irê...