Delírio eterno
Sentado naquele tronco, despido, tonto. Uma fogueira esquentava-o e trazia um pouco de claridade para o ambiente, uma floresta, densa. Não sabia como havia parado ali, apenas acordou lá, sozinho.
Mesmo com tonturas e sem noção dos fatos, percebia que lá não poderia permanecer. Talvez foi vítima de um sequestro, assim pensava. Aonde estavam os raptores, então?
Não ficaria ali para descobrir, ergueu-se e tentou buscar equilíbrio, parecia que doparam-o. Sua percepção cromática estava diferente, as cores mais intensas, o brilho bem mais forte, lhe incomodava a visão, estava muito confuso com tudo.
O jovem deu alguns passos, cambaleou, apoiou-se no ipê, instantaneamente caíram todas as folhas da árvore. O círculo roxo formado parecia transfigurar-se em fogo, labaredas púrpuras, gritos lhe acusavam, mãos surgiam do chão, o puxando, sedentas.
Correu d'ali, com dificuldade, mas conseguiu fugir, olhou para trás, nada acontecia, tudo estava normal. Ofegante e assustado, resolveu de vez fugir o mais rápido o possível.
Quando mais ele corria, mais o medo aumentava, más coisas ocorriam.