CIRANDA, CIRANDINHA (miniconto) (decepção)

Esta ciranda... - Revista Continente

 
‘Parecia tudo tão lúdico, tão alegre e fugaz, ciranda, cirandinha, pessoas felizes dançando com alegria, música boa e ritmada flutuando no ar, até uma cabeça no chão rolar...’




Já era fim de tarde, a poeira subia do chão, os pés batiam compassados, o suor temperava a alegria, a ciranda estava animada havia horas, muita gente chegou, curtiu e se foi e novas pessoas chegaram e o fluxo da energia seguia festivo. Luna, Cristian, Verdana, Antonio, Martha e Olavo dançavam e esticavam os olhos para o povaréu para ver se encontravam Nanda ou mais alguém conhecido, lá pelas nove da noite enfim encontraram, pena que só a cabeça linda e loura de Nanda, com os olhinhos verdes esbugalhados, a boca aberta e com língua pendurada...gritos, desespero, um enorme vão logo se formou à volta deles, o pavor imperou apagando a harmonia, o corte por certo era de faca...e o medo de que o assassino ainda estivesse por ali...correria...pavor...gente pisoteada, apitos de policiais e cinco amigos estáticos sem conseguir esboçar um ai sequer, como se estivessem congelados no tempo diante daquele absurdo. Sua amiga tão doce e querida morta e sem seu corpo à vista. Estava difícil conter as lágrimas e elas vieram ecoando berros de dentro do peito sem controle, cena desesperadora. A polícia rapidamente o quanto possível, cerca a área impedindo que parte do povo se dispersasse afinal quem matou a moça poderia ainda estar por ali, como também, o corpo dela, mas, naquela enorme praça ele não foi encontrado. O crime acontecera em outro lugar e talvez só tivessem descartado a cabeça dela ali no meio da multidão. Ninguém viu ou ouviu nada, a música era alta, muita gente cantando e dançando, foi muito fácil para quem cometeu aquele bárbaro crime.

 
Nanda estava toda animada para a ciranda na praça, mas, se desencontrou dos amigos, então, resolveu circular pela praça para ver se os encontrava, deu umas duas ou três voltas e estava tudo muito animado, tinha gente demais ali se divertindo. Resolveu entrar na roda assim não perderia a festa, alguém logo lhe estendeu a mão e outra pessoa segurou a outra, foi dançando no compasso da música sorrindo feliz, de repente sente um calor fino no pescoço e sua alegria se apagou.
 

Olavo estava rindo a toa junto aos amigos, mas, toda a hora tentava limpar a mão que estava segurando a mão de Martha e ela começou a estranhar aquilo. Numa volta e reviravolta da ciranda, Olavo some e como era quase impossível sair do momento da roda, logo alguém segurou de novo a mão de Martha e só então ela percebeu, que tinha uma mancha de sangue em sua pulseira branca com duas voltas de flores, como ela não estava machucada aquele sangue não poderia ser dela. Quando a cabeça de Nanda apareceu rolando no meio da roda, ela ligou os pontos...o desaparecimento de Olavo...o limpar constante da mão...o sangue...aí o choro decepcionante e horrorizado, transformou a ciranda, cirandinha em uma ‘sofrência’ abissal.
 



* Imagem - Fonte - Google
* revistacontinente.com.br
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 09/07/2020
Reeditado em 09/07/2020
Código do texto: T7001170
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.