O garoto maldito

O que irei contar aqui, é algo surreal, caso seja muito sentimental ou o tipo de pessoa que não aguenta coisas pesadas, recomendo não ler isso... Que o aviso esteja dado.

Me chamo Rose, moro numa pequena cidade do interior, igual a essas que vemos em filmes, sim, com um aspecto tenebroso e que nos faz arrepiar até a nuca. Moro com o meu filho... Se é que posso chama-lo assim.

Ele se chama Jonas, um garoto de cinco anos e meio, e que me arrependo amargamente de ter tido. Sei que deveria ter usado proteção, mas isso não vem ao caso, pelo menos não agora. Esse não é o foco.

Jonas é um garoto animado, amoroso e até mesmo carinho, algo que não suporto e nunca suportei nele. Todos os dias, quando acordo, ele vem correndo de seu quarto, indo me dar aquele ‘’ boooom dia, mamãe!’’.

Apenas sorrio fraco, para que não fique desapontado comigo ou até mesmo chateado... Sem contar que, ele é um grude, não desgruda de mim para nada. O único momento que tenho em paz, é quando ele vai para a creche, assim, posso fazer minhas coisas sem problema algum.

Confesso que, as vezes, tenho os meus surtos de raiva, e acabo judiando um pouco do garoto, nada tão sério, acho que toda mãe tem seus surtos e acabam batendo em seus filhos. E nesses momentos, é onde ele mais tem medo de mim, afinal, sabe que fez algo de errado em casa, ou até mesmo fora.

Você pode até me julgar como uma péssima mãe, mas eu tenho os meus motivos e propósitos para agir dessa forma, e não, não sou casada, meu marido nos deixou antes de Jonas nascer. O que me deixou levemente frustrada, afinal, como eu iria criar aquele garoto, ainda mais sozinha?

Mas como faltava poucos meses para o nascimento dele, decidi seguir em frente, e não abortar, até porque, estava gerando uma vida dentro de mim, aos poucos, mas ainda estava gerando.

Muitos amigos e até mesmo parentes, me desejam o melhor e sempre me elogiavam por minha decisão, justamente por estar sendo forte naquele momento. E bom, estava dando o meu melhor, o que era totalmente preciso naquele momento tão delicado.

Isso também não vem muito ao caso, quero contar mais sobre o meu dia a dia ao lado de Jonas, que não era nada fácil. De um tempo para cá, eu acabei perdendo totalmente o controle, e acabei machucando seriamente o garoto, mas para que eu mesma pudesse me acobertar do que havia feito, disse ao médico que ele havia aprontado algo e assim que o vi, corri até o hospital.

Na verdade, Jonas havia me irritado mais uma vez, como sempre, e acabei perdendo controle, nisso, acabei jogando algo que pegou em seu rosto, causando um corte um tanto fundo. Por isso, tive a obrigação de o levar ao hospital às pressas.

Dia após dia, o garoto veio me irritando de todas as formas possíveis, e eu já estava chegando ao meu limite, o que me fez machuca-lo de todos os jeitos que consegui. E ele sempre dizia a mesma frase: ‘’ Por que você me machuca, mamãe? Eu te amo tanto.’’.

Isso era o que mais me causava raiva, só de ouvir essa frase, meu corpo pegava fogo e era aí, que a coisa ficava feia para o lado de Jonas. Diversas vezes, amigos e parentes vieram nos visitar, e sempre que viam o garoto machucado, perguntavam o que havia acontecido. A único coisa que eu dizia, era que ele havia aprontado, até porque, criança é bicho curioso e sempre acaba se arrebentando ou se machucando. O que é totalmente normal.

Tínhamos o costume de ir ao parque aos finais de semana, e era onde ele sempre se encontrava com seus amigos da creche, e onde eu podia ter um pouco de paz. Porque assim, ele brincava com seus amigos e esquecia da minha existência.

Mas certa vez... Fomos até o parque, e por um breve descuido meu, Jonas desapareceu, o que me deixou completamente apavorada e desolada. Meu filho, meu Jonas, havia desaparecido. Como? Não faço a menor ideia.

Todos que estavam por ali, tentaram me ajudar a encontrar o meu filho, passamos mais de quatro horas procurando Jonas, mas sem êxito algum, eu infelizmente, havia perdido o meu filho. Você pode me julgar, não tem problema algum, também julgaria, afinal, fui irresponsável e perdi o meu filho.

Com todo esse desespero, diversas pessoas ficaram sabendo e se disponibilizaram para me ajudar na procura de Jonas, que não foi nada fácil. Acordava cedo todos os dias, assim, indo colar panfletos com sua foto, para saber se alguém havia o visto pelas proximidades da minha cidade. Mas, infelizmente, ninguém tinha o visto por ali.

Dia após dia, e eu continuei insistindo na procura do garoto, e já havia comunicado a polícia, para que assim, me ajudassem a procurar Jonas. Sei que passamos umas boas semanas procurando por ele, mas sem êxito também.

Já estava totalmente conformada de que meu filho jamais voltaria, e que dessa vez, seria só eu e mais ninguém. Ficar naquela casa vazia, me causava uma certa dor, era solitário e já não fazia mais sentido algum continuar por lá.

Estava começando a cogitar a ideia de me mudar dali, e assim, iniciar uma vida completamente nova e diferente da que tive aqui. Mas quando eu menos percebi, recebi a visita de dois policiais, que estava com um sorriso de ponta a ponta em seus rostos. O que me fez ficar um pouco confusa.

- Você é a senhora Rosa, certo?

Os olhei sem entender muito bem do que se tratava, mas decidi continuar a conversa com ambos, afinal, se estavam ali, é porque provavelmente, tinham uma notícia boa para mim.

- Sim, sou eu mesmo... Posso ajuda-los, oficiais?

Um deles foi até seu carro, de onde estava trazendo algo consigo, e quando pude ver de fato o que era, meus olhos arregalaram na mesma hora. Era impossível o que estava vendo diante de meus olhos.

- Senhora, esse é seu filho, Jonas, não é? Estávamos fazendo uma ronda pelo parque, ao lado da velha floresta, quando o vimos sozinho.

Naquele momento, meu corpo inteiro havia se arrepiado, mas não de felicidade, e sim, por terem encontrado meu filho depois de tanto tempo que havia sumido. Aquilo, era algo totalmente inexplicável. O garoto estava diferente, com um ar mais sombrio, o que me causou certo medo. Mas sem conseguir falar absolutamente nada, apenas concordo com a cabeça.

- Jonas, vá com sua mãe! Você deve estar sentindo falta dela, não?

O garoto deixa um sorriso se formar em seu rosto e balança a cabeça de um modo totalmente positivo, e que de fato, era assustador até para mim. Nesse mesmo instante, Jonas corre até mim e me abraça pela cintura.

Os policiais vão embora e eu mal pude me despedir, muito menos agradecer pelo ato deles, mas eu sabia que não era Jonas ali, ele estava totalmente diferente do que o normal. Eu não sabia muito bem como explicar isso. Era uma sensação estranha, e que só quem é mãe, conhece.

E foi exatamente naquele dia, onde o inferno em minha vida começou, e você deve estar se perguntando o porquê disso, não? Não se preocupe, logo irá saber sobre.

Não quis contar para ninguém sobre Jonas ter voltado para casa, afinal, eu sabia que aquele, não era de fato o meu filho, mas naquele momento, foi totalmente normal, ele agiu da mesma forma de sempre. Carinhoso, amoroso e completamente afetivo comigo. O dia passou e com ele, veio a noite.

Coloquei Jonas para dormir em seu quarto, e em seguida, fui para o meu, onde acabei capotando em minha cama, mas não sabia que o pior estava por vir. Enquanto dormia, pude ouvir sons de choro em meu quarto, mas assim que abri os olhos, não vi absolutamente nada.

Mesmo não vendo nada, decido ir dormir mais uma vez, e assim que consigo pregar os olhos, o barulho de choro voltou, só que agora, um pouco mais intenso do que antes. O que me fez pular da cama, olhar para os lados e não ver absolutamente nada.

Decido ir até o quarto de Jonas, e ver se ele estava acordado, e ver o choro era realmente dele, mas assim que chego, o vejo dormir tranquilamente. Me fazendo gelar por inteiro. Se não era Jonas, quem podia ser? Afinal, só morávamos nós dois na casa, seria totalmente impossível alguém estar ali conosco.

E mais uma vez, tento dormir um pouco, mas assim que consigo pregar meus olhos, sinto uma pequena brisa adentrar o quarto, me fazendo ficar com um pouco de frio. O que me fez cobrir o corpo por inteiro, e assim que termino de cobrir o meu corpo, sinto uma presença em meu quarto. Abro os olhos rapidamente, vendo uma forma humana no local.

Aquilo me fez entrar em desespero, mas assim que consigo enxergar melhor, vejo que era Jonas, mas o garoto não dizia nada, literalmente nada, apenas me observou por um tempo.

- Jonas...? O que está fazendo aqui, garoto? Era para você estar dormindo.

O garoto simplesmente se aproxima de mim, passo por passo, e então solta aquele mesmo sorriso de hoje mais cedo, passa a mão em meu rosto e simplesmente me diz algo, algo que me gelou até a alma.

- Por que fez aquilo, mamãe? Você não me ama...?

Eu sabia muito bem do que ele estava falando, só não sabia que entraria naquele assunto, principalmente àquela hora. Eu só queria dormir, só queria descansar e esquecer que aquilo havia de fato acontecido.

Não disse nada, apenas peguei o garoto pela mão e o levei até o seu quarto, o fazendo dormir mais uma vez. Assim que Jonas pegou no sono, voltei para o meu quarto, onde acabei dormindo de vez. Na manhã seguinte, tudo pareceu estar normal, Jonas agiu normalmente, como se nada tivesse acontecido na noite anterior.

Dia após dia, e o garoto começou a agir estranho durante a noite, assim como da primeira vez. O que me deixou completamente apavorada. E eu sabia muito bem que aquele, aquele que estava em minha casa, não era Jonas. Mãe sente tudo e eu sabia que não era ele.

E sabe por que sei que não era ele...? Porque há exatos um mês, eu havia levado Jonas para a floresta e o matei a sangue frio. Sim, sem mais nem menos. Assim que o matei, enterrei seu corpo por lá.

Provavelmente, esse que está aqui comigo, é seu espirito, e que irá me assombrar para sempre, ou até eu não aguentar mais e acabar com a minha própria vida.

Mas irei contar como o matei.

Era manhã, por volta das nove horas, quando acordei e decidi levar Jonas ao parque, como de costume, mas dessa vez, seria diferente. Desvio o caminho, indo para a floresta. O garoto achou estranho e perguntou a onde estávamos indo.

Apenas disse que estávamos indo a um lugar diferente dessa vez, e que ele ia gostar muito. Mal sabia ele que seria seu último dia de vida. Assim que chegamos, fomos mais a fundo da floresta, e quando o garoto se distraiu, eu o acertei com um pedaço de pau em sua cabeça. Ele ficou sem entender o que estava acontecendo, e disse sua última frase antes de morrer.

- Mamãe... Por que está fazendo isso? Isso dói mamãe. Você não me ama?

Com um enorme sorriso em meu rosto e com o pedaço de madeira ainda em mãos, apenas disse.

- Por que eu te odeio, Jonas! Eu te odeio!

Assim que terminei de falar, terminei de matar o garoto e terminei o meu trabalho, onde o enterrei por ali mesmo e fui para casa. Agora a história sobre pedir ajuda as pessoas no parque? Tudo mentira. Tudo inventado... Mas ainda assim, você ficou aqui, justamente para saber o final disso tudo.

A única coisa que posso dizer é, Jonas está aí, sim, aí com você. Boa sorte...

B Folk
Enviado por B Folk em 21/05/2020
Código do texto: T6953924
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.