O Oráculo Da Cabeça Sangrenta

Há algumas décadas atrás, em uma região do interior, o coronel Honório Leão era o fazendeiro mais poderoso e costumava dizer:

- Mais, mulher, muito mais. Pelo poder sou capaz de pactuar com o próprio satanás.

A mulher dele retrucava:

- Pelo amor de Deus, Honório, nunca mais diga isso.

A esposa de Honório era católica fervorosa, mas nunca levava a sério o que o marido dizia.

Eles tinham uma filha que morava na capital. Estudava em um colégio de freiras e fez votos para se tornar uma freira.

Certo dia, Honório foi ao sítio de um homem chamado Gedeão.

Gedeão era um velho desdentado com poucos fios de cabelo branco em sua cabeça e que vestia uma túnica. Alguns o consideravam um curandeiro, mas a maioria das pessoas o chamava de bruxo. Honório disse a Gedeão:

- Como faço para ser mais poderoso? Pelo poder sou capaz de vender minha alma ao diabo.

Gedeão pegou um gato preto que estava em uma gaiola e colocou sobre uma mesa suja. Começou a esfaqueá-lo e cortar seu ventre enquanto proferia palavras estranhas:

- Hemen etan. Hemen etan. As vísceras do gato deram resposta a teus pedidos. Obterás tudo o que quiseres se consultares o oráculo da cabeça sangrenta.

- Então, vamos. Me diga o que devo fazer.

Voltando à noite para sua casa, o coronel Honório chamou o capataz da fazenda, seu braço direito e disse:

- Zé, quero que vá até a cidade e sequestre uma menina donzela, virgem e leve-a ao sítio do Gedeão.

- Uma moça donzela, virgem!? Está certo, senhor.

No dia do encontro com Gedeão, Honório saiu às pressas de carro sem ouvir os chamados de sua mulher.

- Honório, espere, chegou uma carta de nossa filha.

Honório não ouviu e sua mulher começou a ler a carta.

A filha dizia que estava na cidade vizinha e que breve iria visitá-los.

Honório chega ao sítio de Gedeão.

- Fiz tudo o que me pediu. Mostre-me agora esse tal feitiço.

- Calma, coronel. Já decapitamos a menina e colocamos sua cabeça no altar.

Gedeão levou o coronel para os fundos do sítio onde havia um altar improvisado e com a cabeça da menina coberta por um lençol branco. O sangue escorria pela mesa até o chão. Gedeão disse:

- Prepare-se coronel, pois debaixo desse pano está a resposta para todas as suas dúvidas!

- Ora, vamos logo.

Quando o pano revelou seu conteúdo, o coronel Honório Leão chorou de dor e remorso pois no altar estava a cabeça de sua filha.

- Não. Minha filha, nãoooooo!!!