Nova vida


     
O
que espero da vida? Nada!
Poderia ter esperanças aonde me encontro neste momento?

Amarrado feito um monstro prestes a morrer por um crime que eu não cometi. Eu sou inocente... EU SOU INOCENTE!

Todos falam a mesma coisa, cale-se, dizia o policial amordaçando o braço de mais um condenado a morte, injeção letal, estava na sala da execução.
Do outro lado do vidro, em uma sala em separado assistiam à execução, quatro membros da comunidade, que foram convidados (ou melhor intimados) da sociedade.
Um Juiz do estado de Nova York e os pais da garotinha Meredith morta pelo monstro do outro lado, ela um anjo de 7 anos que teve a vida ceifada por um vil estuprador.

No canto estavam às duas irmãs, que eram também obrigadas pela justiça a presenciar a morte do irmão. Testemunhas vivas a postos e mais uma sessão de execução de uma pena de morte.

O homem olhava atônito para os últimos minutos da sua vida que seria sucumbida.

A sua frente, um imenso espelho que ele sabia bem-estar sendo observado tal qual uma mercadoria, sua pele branca e seu corpo esquálido de tanto sofrer e os olhos do pavor que iria a cada momento tomando conta de cada veia do seu corpo contrastava com o que acontecia no outro lado da sala.

No outro lado uma mãe em prantos com a foto de Meredith em mãos, e um pai que apoiava a mulher com modos austeros e militar, ficava contemplando ao algoz de tantos anos ter o desfecho da vida.

As testemunhas? Pessoas comuns sorteadas pela justiça para presenciarem a cena da morte.

As irmãs também obrigadas a confirmarem a morte do irmão, até aquele momento, seriam 3, todavia, depois de meia hora seriam somente duas daquela família.

Cabe a você leitor compreender, que a morte do acusado traria aprazibilidade para diversos nichos da sociedade.
Uma família se sentiria ressarcida pelo ato vil e cruel feito por um leviano que retirou a flor da inocência uma pobre criança do mundo.
Uma sociedade, que precisava de uma resposta efetiva para mais uma barbárie, que apesar da punição nada branda. Ainda acontecia.
E a polícia que se sentia aliviada por solucionar com acuracidade um crime e manter a ordem e o bom senso entre os cidadãos do Estado de Nova York.

 
— Pobre irmão, se perdeu em meio as drogas, e o seu fascínio por crianças fez dele uma vítima da sua própria obsessão, dizia uma irmã conformada com o triste fim.
— Parece-me tão desesperado, não é fruto de alguém que fez algo de errado, dizia a outra tentando encontrar algum resquício de humanidade no sangue do seu sangue.
— Provavelmente todos quando estão a beira da morte se sentem assim irmã. Vamos assinar isto logo, assistir esta tortura e voltar as nossas vidas. O Joe Morre aqui e as nossas vidas irão progredir, afinal, o estado nos prometeu uma nova relocação e isto é bom no nosso caso.

Realmente a imprensa sensacionalista fez um circo o caso Joe. Mostravam em todos os programas em horário nobre, a imagem da menininha com seu ursinho branco. E diziam encontra-la ensanguentada e morta estrangulada nos a derredores do Central Park, exames de DNA fizeram do desempregado Joe, o suspeito. O juri o condenou a morte. Todos os trâmites ajudaram a condenação, afinal, na adolescência, tinha sido acusado de abusar da própria irmã, e isto marca qualquer ficha.
— Ele morrera e isto basta! Dizia a irmã, com a papelada a ser assinada para o final da vida do Joe.
— Este crime ele pode até ser culpado, mas o que você o acusou quando eramos criança, nós, duas sabemos que ele é inocente. Dizia a outra irmã, em sussurros. 
 
     Ela olhou para o relógio faltava 20 minutos para o horário da execução.
 
— Cale-se, não levante coisas que já estão solucionadas.
— O que acha disto?

 
     A irmã, lia para a outra. Doação do corpo para pesquisas científicas.
A outra falou.

 
— Seria melhor, um enterro cristão para ele não é?
 
A persuasiva fez a sentença ao marcar, doação.

O clima começou a ficar tenso.

     O Joe começava a gritar.

 
— Sou inocente. Clemência. Pelo amor de Deus, clemência!
 
Ele sabia que existia uma pequena possibilidade de não morrer. Era o telefone tocar. Do governador para o Juiz, e era somente ele que poderia salvar o Joe daquele estagio final de vida.

Claro que nunca tocaria, afinal, dar clemência para um assassino, ainda mais de uma menininha, acabaria com qualquer carreira política. Em Nova York ou em qualquer outro universo. Pensava o juiz, que estava impaciente, precisava voltar para casa mais cedo. Alguma coisa para fazer, era evidente ao escutar o estralar do sapato no chão.

O silêncio de uma sala era cortado, pelo barulho do ponteiro do relógio, e o estalar do sapato no chão.
Uma irmã chorava, começou a sentir emoção, afinal era o irmão que estava do outro lado.

A mãe soluçava com olhos lacrimejados.
As testemunhas quietas, para elas era surreal o que iria acontecer.
Ao juiz corriqueiro, aos policiais carrascos também.

Entrou os médicos responsáveis pela injeção.
Ao lado um computador que media a pulsação cardíaca do acusado.

Estava acelerada.

Era evidente o motivo da adrenalina.

 
A irmã, algoz disse:
— Calma, li o procedimento, irão aplicar um sedativo nele, será indolor.
— Mas irmã, tu não acreditas na inocência dele.
— Contra fatos não há argumento. Ele irá morrer e pronto. Aceite isto. Será melhor para todos nós, nossas vidas foram marcadas por este rapaz. Teremos uma nova vida. Seremos relocadas. E a sociedade ficará feliz por ter retirado de circulação um assassino cruel como ele.
— Como você não se comove? Ele morrerá.

 
Agora falava com um tom mais alto que os demais, e isto chamou a atenção da mãe bem próximo assistindo os últimos minutos de vida do rapaz. Ela disse: — Meredith. Eu nunca mais verei a minha filha!

O juiz agora impôs sua autoridade.
— Ordem! Sigamos o protocolo.
O rapaz agitado recebia agora a última visita médica da vida.

Adentraram calados, o primeiro aferiu o aparelho cardíaco, e o segundo colocava a injeção preliminar.
Calma rapaz, isto acalmará gradualmente a sua vida se esvairá aos poucos.

O rapaz tentava se mover, em vão, afinal todo amarrado por faixas de uma velcro resistente, deixavam imóvel naquela cama adaptada.

O outro médico comentou.

— Provavelmente todos são assim, não se conformam mesmo.
O médico da injeção acenava com a cabeça. O silêncio era algo imprescindível naquele momento. Evitavam olhar para frente, mesmo com as máscaras cirúrgicas, sentiam um certo constrangimento, de pôr algum acaso serem reconhecidos de certo modo.
Era um emprego inóspito para a categoria, o do executante, e isto os dois sabiam muito bem, felizmente por questões de privacidade e psicológicas era a primeira e última execução deles. Maldito sorteio, pensava o médico do monitor.



A injeção foi veloz.

A primeira foi de O anestésico induz o coma e deixa a pessoa inconsciente, ele narrou deste modo.

23:40 no estado de Nova York, primeira injeção de barbitúrico aplicada no sentenciado.
Entrava de modo veloz pelo equipamento. Os olhos do acusado ficaram estarrecidos. Olhava para frente, parecia querer focar em alguém específico, todavia o espelho refletia o próprio desespero da morte.
23:45 no estado de Nova York segunda injeção de brometo de pancurônio aplicada no sentenciado.
Relaxante que paralisa os pulmões e o diafragma.
Os minutos que passavam eram intermináveis todos estavam atônico com a cena. Todos os que outrora nunca viviam tal situação, alguns policiais que presenciavam era normal, ao Juiz corriqueiro. O médico que atendia os batimentos cardíacos tremiam, era novato. O outro da injeção estava mais atento.
As batidas estavam bem desaceleradas
23:50 no estado de Nova York, retirava a ampola e inseria na (seringa) cloreto de potássio. O médico experiente, acho estranha a coloração. Todavia, não questionou, queria ir embora rapidamente daquele circo. Agora era ele que estava ficando nervoso.

Aplicou a injeção.

Sedado o sentenciado, não sentiu nada. O outro médico atestou a morte exatamente como o protocolo indicava.
As 23:59 no Estado de Nova York na cidade de Nova York. A morte do Acusado Joe é atestada.

A mãe se levantou amparada pelo pai, Meredith estava vingada.

De modo estranho rapidamente foi evacuado a sala de exibição.

A irmã que outrora teve compaixão ao sair do local de execução sentiu remorso da sua atitude e disse ao policial.

Eu me arrependo de ter assinado, quero ter o corpo para um velório cristão.
Na sala onde estava o corpo.
Agora vários médicos dividiam o espaço, falavam de modo veemente.

     — Rápido, rápido, precisamos reverter, não podemos perder esta cobaia, rápido…












Nota do autor. Experiência de escrita, o conto a princípio é de terror, todavia a continuidade será de ficção científica, foi consultado o site mundo estranho editora abril para dar realismo a cena, entretanto a liberdade de criação fez dela um pouco fantasiosa. Conto em desenvolvimento.
Sem revisão. (parece enlatado mais não é fica a dica)
Waldryano
Enviado por Waldryano em 19/12/2019
Reeditado em 21/12/2019
Código do texto: T6822349
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