Falta de etiqueta

A viatura estacionou na porta da mansão, um lugar impressionante em tamanho e em luxo. Recebidos pelo mordomo foram direto para um dos quartos onde se encontrava o corpo da vítima. Ao servir o café da manhã, o funcionário encontrou o corpo e ligou imediatamente para a polícia. A cena era terrível. Sangue e pedaços por todo quarto. Ao lado da cama, uma serra conectada à tomada mostrava que o assassino, possivelmente, saiu às pressas sem tempo de limpar seus rastros. Enquanto o pessoal da técnica juntava provas, mandou chamar todos os que estavam na casa para serem ouvidos. Primeiro, falaria com a esposa. O mordomo explicou que ela dormia em outra ala da mansão. Ele a avisou mas ela não abriu a porta e disse que iria assim que terminasse seu café. O investigador ficou pasmo. Que tipo de mulher fica sabendo de uma coisa dessas e continua tomando café? Exigiu ser levado imediatamente ao seu quarto. Bateu à porta, identificou-se e só conseguiu ouvir um monte de xingamentos. Sem paciência e nem tempo, meteu o pé na porta. Cena difícil de ser esquecida: uma mulher nua, coberta de sangue, numa poltrona no canto do quarto segurava uma xícara.. Antes que o detetive pudesse esboçar qualquer reação, a mulher desandou a gritar exigindo que saísse de seu quarto. Assim o fez.

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Minutos depois, apareceu no alto das escadas, elegantemente vestida, desceu os degraus, encarou o detetive e estendeu os braços para ser algemada. No caminho para a delegacia ele não conseguia parar de pensar na estranheza do caso. No distrito, ao tomar o depoimento da assassina, descobriu que a situação era mais bizarra do que imaginava. Ela dizia: “Resolvi matar meu marido após descobrir que ele prefere usar pão em vez de um talher para tomar sopa.” Boquiabertos, todos na delegacia pararam para ouvir a mulher, que continuava: “Fiquei traumatizada e decidi que não poderia mais viver com ele e sua falta de etiqueta”.