DOMINGO SANGRENTO

DOMINGO SANGRENTO

Por Francisco Alhandra

Matias acordou cedo, naquela manhã de domingo havia muito trabalho a ser feito. Afiou a lâmina como se estivesse afiando uma espada para a batalha, pegou as chaves e desceu até o porão da nova casa. Sob a mesa já estavam organizadamente dispostos a serra elétrica, a machadinha e seus outros instrumentos. Ele havia deixado tudo previamente pronto desde o dia anterior, apenas a faca deixou para última hora, pois gostava de afiá-la no momento do ato, a faca em questão deslizou suavemente ao cortar a pele e chegar até a carne. Como sempre, comprovando a habilidade do homem ao afiá-la, o sangue escorria lentamente pela mesa até cair no velho balde de metal levemente enferrujado. Ele sabia que precisava fazer aquilo rápido, desmembrou com tanta violência que o sangue foi jogado para longe manchando a parede branca que ele havia pintado na semana anterior. A serra elétrica dilacerava ossos como uma máquina endemoniada ávida por carnificina.

O vizinho Ezequiel que dormia tranquilamente depois de um dia de trabalho árduo ajudando na reforma da sua igreja, foi acordado repentinamente pelo barulho ensurdecedor da tal serra elétrica, e pelos gritos agoniantes das crianças ali presentes, mas como estava muito cansado resolveu tentar ignorar aquilo e voltar a dormir.

Matias ligou o som e se pôs a retalhar carne e ossos enquanto Slipknot embalava aquela manhã de domingo sangrenta.

Ezequiel, tentou ao máximo manter sua sanidade, mas foi a gota d'água quando aquele barulho demoníaco que seus novo vizinho chamava de música começou a ecoar pelo quarto tirando o resto da sua paz. Foi imediatamente até a casa confrontá-lo. Matias parou seus afazeres sanguinolentos, lavou o sangue das mãos e foi atender a porta. -Vocês são loucos? "Desliguem isso ou eu vou chamar a polícia", esbravejou o vizinho, e voltou para casa soltando fogo pelas ventas. Enquanto Matias calmamente voltou ao porão, ele sabia que o que fazia ali era mais importante do que ficar discutindo na porta de casa com aquele homem chato e sem gosto musical. Ligou novamente o som, desta vez em sua potência máxima para mostrar quem mandava ali. Afinal, cada centímetro daquele maldito lugar agora o pertencia.

Matias corria contra o tempo para deixar a carne pronta para o churrasco de inauguração da casa nova. As crianças brincavam e gritavam no jardim, enquanto sua esposa Marta e as amigas tomavam cerveja à beira da piscina.

Antes que pudessem perceber o vizinho Ezequiel entrou no jardim empunhando uma pistola e começou a atirar descontroladamente, matando a todos ali sem piedade alguma, inclusive as três crianças que brincavam inocentemente sem se darem conta do perigo que vinha em sua direção. Entrou enfurecido na casa e surpreendeu Matias, que devido ao som alto não ouviu sua família e amigos serem chacinados no jardim bem acima de sua cabeça. Sem dizer uma palavra o homem possuído pela raiva disparou vários tiros contra Matias que caiu sob a mesa onde preparava as carnes do churrasco para a festa que ocorreria à noite. Ezequiel ficou ali parado observando o sangue do vizinho derramar sob a mesa e escorrer para o balde, se misturando ao sangue do animal que seria servido no churrasco.

Ao sair da casa Ezequiel se deparou com a polícia já o esperando, sem pensar duas vezes ergueu a pistola e efetuou dois disparos, um deles acertou letalmente uma policial na cabeça, ela caiu morta no chão em uma fração de segundo, os outros policiais logo revidaram metralhando Ezequiel que morreu instantaneamente à porta dos vizinhos.

TAMBÉM TENHO OUTROS JÁ ESCRITOS E POSTADOS NO MEU PERFIL AQUI NO SITE, CASO TENHAM INTERESSE EM LER, ALGUNS DELES FICARAM BEM INTERESSANTES.

Chico Alhandra
Enviado por Chico Alhandra em 18/10/2019
Reeditado em 26/10/2019
Código do texto: T6773048
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