Noite de insônia

Meu nome é Jonas, muito prazer. Sou dono de uma carpintaria do bairro onde sou nascido e criado, ou melhor dizendo, sou sócio do meu irmão, que fundou a carpintaria comigo há 7 anos atrás. Joel, o meu irmão tem 36 anos e é casado, tem um casalzinho de filhos de 2 e 4 anos de idade. Eu, como sou muito tímido com as mulheres, fiquei pra “titio”, como dizem por aí.

Na semana passada, comprei uma casa em um bairro proletário, que me venderam bem abaixo do preço, por causa de um detalhe bobo: Um casal de idosos morreu naquela casa. Eu nunca acreditei em fantasmas, espíritos e coisas do tipo. Pra mim isso é tudo lenda, historinha pra assustar crianças. Por isso, assinei a escritura sem pensar duas vezes e entreguei na presença do tabelião o meu batalhado dinheirinho, realizando assim, a maior compra da minha vida.

Morar em uma casa nova é um sonho para muitos e eu depois de economizar tudo o que eu pude e vender algumas coisinhas, finalmente eu pude comprar minha casinha. Meio apertada para todas as minhas coisas, com alguns defeitinhos a consertar, as essa é minha, totalmente minha. Sim! Aos 32 anos de idade, posso ter o prazer e o gostinho de dizer: “Saí do aluguel!”. Depois de tantas lutas, depois de tanto esforço, depois de tantas noites sem dormir, depois de passar tantos apertos na vida, finalmente eu tenho o meu lar, doce lar! Troquei todas as lâmpadas, que ainda eram de filamento por lâmpadas LED. Troquei o chuveiro a gás por um elétrico, pois tenho medo de morrer intoxicado. Tive que criar uma luz de porta, que antes não tinha.

Minha primeira noite na minha nova residência foi com a presença de uma chuva acompanhada de um vento forte que ficou “sambando” na janela frouxa do banheiro a madrugada inteira. Instantaneamente, eu pensei: “Que vergonha! A casa de um carpinteiro com a janela do banheiro frouxa!” Por conta da noite barulhenta de uma forçosa insônia, amanheci em frangalhos. Graças a Deus era domingo e eu pude aproveitar o fim do “samba do vento doido” pra dormir até meio-dia. Com a luz forte e o calor do sol me expulsando da cama, fiz minha higiene matinal, vesti uma roupa qualquer e comecei a organizar a casa. No fim do dia, com tudo organizado e limpo, caí na cama com roupa e tudo, nem vi a hora em que dormi, só ouvi o celular me despertando para mais uma segunda-feira.

Depois de mais um dia de trabalho, senti na hora do banho a presença de alguém, como se tivesse alguém na sala mexendo nas minhas coisas. Terminei rapidamente aquele banho, me vesti e fui até a sala, acendendo a luz do corredor antes de adentrar o cômodo. Ao acender a luz da sala, vi a TV ligada, sem canal algum sintonizado. Desliguei o aparelho e procurei por um possível invasor. Analisei a casa detalhadamente à procura de alguma brecha por onde alguém poderia ter entrado e saído com as portas e janelas trancadas. Verifiquei falhas em todas as portas e janelas, analisei cada uma das paredes. Nada! Olhei para o teto e para o chão em todos os cômodos à procura de algum sótão ou porão. Nada! Aí, eu comecei a ficar com medo. Mantive todas as luzes da casa acesas, até a luz de fora. Voltei para o banheiro no intuito de escovar os dentes antes de ir dormir. Quando me olhei no espelho, vi a imagem de um idoso atrás de mim! Olhei para trás e nada! Ele só apareceu no reflexo do espelho! Apavorado, eu perguntei:

- Quem é você? O que está fazendo na minha casa?

O idoso sorriu e disse:

- Calma, meu jovem. Meu nome é Adamastor. Eu só quero lhe pedir um favor.

Com muito medo, eu perguntei:

- Que favor?

O fantasma do idoso respondeu:

- Não sei se você soube, mas eu e minha esposa morávamos nessa casa.

- Eu soube que um casal de idosos morreu nessa casa. Falaram-me antes de eu comprar.

- Então te esconderam certamente um detalhe: Eu e minha esposa não simplesmente morremos de causas naturais, meu jovem. Nós fomos assassinados. E eu vim lhe alertar de três coisas: A primeira é que o assassino ainda está solto por aí. A segunda, é que o assassino é o meu sobrinho, aquele menino que te vendeu a casa. A terceira é que aquele tabelião é corrupto e tem conchavo com o meu sobrinho pra invalidar a tua escritura e vender essa casa pra outra pessoa, que é o que ele pretende fazer.

- Mas aí eu entro na justiça e ganho.

O velho fechou os olhos, fez um “não” devagar com a cabeça e disse:

- Meu jovem, já reparou que essa casa tem nos fundos uma hortinha?

Dá uma cavada funda, de um metro mais ou menos em cada canteiro, depois volta aqui nesse espelho que eu vou te explicar.

Assustado e deduzindo mais ou menos o que eu iria encontrar, peguei uma enxada no depósito de ferramentas da casa e cavei como ele pediu. Acabei descobrindo o pior dos meus pesadelos! Havia um cadáver enterrado em cada um dos quatro canteiros! Voltei correndo ao espelho e o fantasma do idoso disse:

- Quer ser o próximo? Se não quer, então me deixe usar a tua carne.

- Como assim, “usar a minha carne” !?

- Preciso entrar no teu corpo pra matar o meu sobrinho e enterrar o corpo ao lado dos corpos das pessoas que ele matou.

- Não! Eu vou denunciar o teu sobrinho, ele vai ser preso por estelionato, homicídio e ocultação de cadáver junto com aquele tabelião corrupto e tudo vai ficar bem.

- Não seja inocente, rapaz. Aquele delegado também fecha com ele por um dinheirinho por mês.

- Então eu vou ao Ministério Público!

- Não adianta! Eles também recebem a parte deles pra ficarem do lado do Delegado. Você não entendeu. No teu caso só tem um jeito de se livrar da morte, matando o crápula do meu sobrinho. E sozinho você não vai fazer isso, porque você nunca matou ninguém. Você não vai ter coragem. E aí, menino? Vai esperar ele te matar, ou vai me deixar usar a tua carne pra te livrar da morte?

Com um medo descomunal, porém sem ver outra opção, eu concordei. O fantasma pediu pra eu deitar-me na cama e assim eu fiz. Adormeci e acordei minutos depois sentindo como se a minha vida fosse um filme. Eu podia ver tudo, sentir as coisas, mas não podia controlar as minhas atitudes. O espírito do velho estava em mim, agindo por mim, eu podia ver o que ele fazia, mas não podia interagir. Sem controlar minha atitudes, fui até o espelho, onde vi minha imagem, enquanto a minha boca disse:

- Posso usar o teu carro?

- Sim, pode usar à vontade.

- E onde está a chave?

- Pendurada no chaveiro da cozinha.

O meu corpo então foi até a garagem, pegou o carro e foi até a casa do ex-proprietário. Chegando no local, o meu corpo apertou a campainha. Quando o dono da casa veio ao portão, o idoso foi logo dizendo:

- Como é que tu me vendes uma casa cheia de defeitos?

- Péra lá! Eu te mostrei a cada todinha antes de vender.

- É, mas eu nem tinha reparado naquela torneira da garagem.

- O que tem a torneira da garagem?

- Vem comigo que eu vou te mostrar, aí tu me diz o que tem aquela torneira da garagem!

- É só me falar que eu mando alguém consertar, pronto!

- Tá com medo de quê, caboclo? Vem comigo pra ver aquela torneira da garagem, ou o bicho vai pegar! Não sou flor que se cheire! Olha bem com quem você ta brincando! Safado comigo não tem vez! Ou você vem por bem ou vai vir por mal!

Contrariado, o jovem entrou no meu carro e o idoso dirigiu de volta até a minha casa.

Quando o carro entrou na garagem, o sobrinho do velho saiu do carro primeiro, dizendo:

- Mas os defeitos da casa estavam bem descritos quando o Senhor comprou.

Meu corpo saiu logo em seguida e disse:

- Mas olha bem essa torneira da garagem, olha com bastante atenção.

O rapaz olhou e nesse momento, o meu corpo pegou um facão que nem eu sabia que tinha detrás de um pequeno armário e com um golpe rápido e certeiro dado por trás, decepou o pescoço dele fazendo a cabeça cair para um lado e o corpo cair para o outro. Então, eu vi apavorado com a cena brutal e incrédulo com a frieza do idoso, ele arrastar o corpo do recém assassinado sobrinho dele até a horta, onde ele cavou um quinto “canteiro” e friamente jogou o corpo e logo em seguida a cabeça do rapaz. Logo depois de jogar toda a terra por cima do defunto, meu corpo voltou ao banheiro, onde ele olhou no espelho e disse sorridente e em tom sarcástico:

- Sou plantador de bandido. Agora, eu vou deitar na cama, vou liberar a tua carne e daqui a alguns minutos, você vai acordar normalmente. Muito obrigado, meu amigo. Tua ajuda foi essencial.

- De nada. Pode sempre contar comigo.

Senti o meu corpo deitando na cama. Conforme ele disse, minutos depois eu acordei normalmente, estranhamente sem me sentir mal pelo homicídio que o idoso no meu corpo acabara de cometer. Fui ao banheiro, olhei-me no espelho e ao ver o reflexo do idoso atrás do meu, perguntei:

- Por que eu não estou sentindo culpa ou remorso por conta da morte do teu sobrinho?

- Porque você não fez coisa alguma. Quem fez foi eu. Só usei a tua carne pra isso. Mas não é justo você se sentir mal por conta da atitude de outra pessoa, entendeu?

Aliviado, eu respondi:

- Entendi.

Na semana seguinte, voltei do trabalho e vi na rua da minha casa uma viatura com quatro policiais. Assim que abri o portão de casa, um policial saiu da viatura e me abordou:

- O Senhor é o Sr. Jonas, que comprou esta casa recentemente?

- Sim, Senhor Policial. Algum problema?

O policial então pegou uma algema e disse:

- O Senhor está preso por homicídio e ocultação de cadáver.

Indignado com aquela situação, fui colocado sentado na traseira de uma Patamo. Chegando à delegacia, assim que me tiraram do veículo, um monte de repórteres faziam várias perguntas ao mesmo tempo:

- Por que você matou o ex-proprietário?

- Você achou que ninguém encontraria os corpos das pessoas que você matou naquela hortinha fajuta?

- Por que você matou tanta gente?

- Você sente prazer em matar pessoas?

- Eles eram todos seus inimigos?

- Como você escolheu as suas vítimas?

- Quem eram aquelas pessoas que você matou?

Seria ridículo eu dizer que não matei ninguém, afinal todas as evidências apontavam pra mim. Então eu me resumi em dizer várias vezes:

- Nada a declarar.

Dentro da cela, vi vários bandidos de todos os tipos. Vi que no improvisado banheiro tinha um pequeno espelho. Fui até ele e gritei:

- Sr. Adamastor! Preciso falar com o Senhor!

Um prisioneiro disse:

- O nome do carcereiro é Homero.

E chamou:

- Sr. Homero! O novato quer falar contigo.

Eu não queria falar com o carcereiro, mas já que o outro preso o chamou, eu disse:

- Olha, Sr. Homero, um espírito entrou em mim e matou o ex-proprietário e todos os outros corpos que foram encontrados ali já estavam enterrados quando eu tomei posse da propriedade.

O carcereiro estranhamente abriu a cela e disse:

- Vamos ter um particular então.

E me conduziu até a sala de visitas. Chegando ao local, o carcereiro disse:

- Mas tu és linguarudo, hein Jonas?

Espantado eu disse:

- Hã!?

- Olha no espelho, menino!

Olhei no espelho da saleta de visitas e fiquei pasmo ao ver o espírito do Sr. Adamastor dentro do carcereiro. Olhei para o carcereiro e disse:

- Por que eles estão me culpando por todas as mortes?

- Calma! Tudo ao seu tempo. Primeiro eu tenho que te tirar daqui. Mas não vai ser fácil.

- Como não? O Senhor está dentro do carcereiro?

- Sim, mas ele está vendo tudo o que eu faço e tudo o que eu digo. Além do mais, eu tenho que esperar a hora certa. Não posso simplesmente sair com você pra dentro de uma viatura sem dar satisfação a ninguém. Um carcereiro tem que prestar contas aos superiores dele.

- Então, como vai ser?

- Amanhã é dia de visita. Vou entrar através de outra pessoa, o carcereiro vai fazer vistas grossas porque já está combinado comigo. Vá até o pátio, o resto deixa comigo.

- Mas como eu vou saber quem é o Senhor?

- Vou entrar num menino de 15 anos, que vai te chamar de ‘pai’.

- Combinado então. Até amanhã.

Fui conduzido de volta à cela e dormi naquele lugar sujo e asqueroso. No dia seguinte, conforme o combinado, esperei no pátio pela minha visita. Me apareceu um menino loirinho, magrelo e alto, que aparentando os seus tenros 15 anos de idade, me olhou e disse:

- Pai, vamos pra casa. Eu trouxe o teu carro.

Saí no meio dos visitantes. A pedido do meu ‘filho’, não olhei para ninguém. Calmamente entrei no meu carro e o meu ‘filho’ dirigiu até a minha casa.

Chegando em casa, olhei para o rapaz e disse:

- Muito bem, Sr. Adamastor. Agora me diga, por favor, por que me culparam pelas outras quatro mortes?

- Porque não havia um culpado. O culpado das outras mortes era o meu sobrinho, que tinha todos os conchavos pra sair de inocente. Então, tanto aquele Delegado, quanto o Ministério Público, quanto a imprensa precisavam de uma cabeça pra rolar. E você infelizmente coube direitinho na lacuna que faltava como culpado pelos homicídios que na verdade foram cometidos pelo meu sobrinho pra ele sair ileso, entendeu?

- Entendi.

- Só mais uma coisinha, você tem que levar esse menino no teu carro até a casa dele, depois que eu liberar a carne dele. Ele vai te dizer o endereço.

Concordei com o idoso e conforme o combinado, levei o rapaz até a respectiva residência. Quando cheguei em casa, levei um susto ao ver que a horta estava reorganizada. Os policiais ao retirarem os corpos deixaram cinco covas do tamanho de pessoas, mas naquele momento, os buracos estavam tapados, com os respectivos montinhos de terra típicos de uma horta de verdade. E o que mais me assustou: Com dois “canteiros” a mais!

Corri até o depósito de ferramentas, mas quando ia pegar a enxada, vi que ela não estava mais ali. Aliás, nem a enxada, nem o enxadão, nem a pá e nem a cavadeira. Voltei ao espelho e chamei:

- Sr. Adamastor? Que canteiros são aqueles? E por que as ferramentas de cavar sumiram?

O fantasma do velho simplesmente não apareceu. Fui dormir pensando naquilo. O que aconteceu afinal de contas? Fiquei com aquilo na cabeça a noite inteira.

Mais uma noite de insônia, desta vez provocada por uma forte preocupação. Um mundo de perguntas infestava a minha mente: Quem seriam aqueles novos defuntos no meu quintal? Quem o Sr. Adamastor usou pra matá-los, aquele adolescente ou o carcereiro? Por que ele escondeu as ferramentas e onde elas estão? E se eu for preso outra vez? Por que ele não me respondeu quando o chamei no espelho? Ele é realmente quem diz ser ou é um demônio que me usou pra matar o antigo dono da casa? O que está acontecendo?

Naquela manhã, mais uma vez amanhecendo em frangalhos, fiz aminha higiene matinal e fui trabalhar. Então, memórias estranhas começaram a invadir a minha cabeça. Imaginei como seria louco, se aquele adolescente não estivesse possuído pelo fantasma do Sr. Adamastor e se eu ao vê-lo de longe, o tivesse ameaçado com uma pistola roubada do carcereiro, arma esta que eu teria tomado do carcereiro ao matá-lo dando várias cadeiradas nele e voltando à cela sozinho com a pistola escondida na roupa. Aqueles surtos de imaginação me perseguiram o dia inteiro. Quando voltei pra casa, depois de um dia mal-trabalhado e fazendo tido errado por conta da minha imaginação fértil me perturbando, o meu irmão perguntou:

- Colé mano? O que aconteceu que tu hoje ta fazendo tudo errado?

Rabo de saia?

- Não, mano. Eu tô perturbado por causa da minha casa nova.

- O que é que tem de tão errado nela? Algum vazamento? Algum curto? Eu posso te ajudar, vamos lá ver o que está acontecendo.

- Não é isso, é que morreu um casal de idosos na casa.

- Isso tu mesmo me disse que já sabia antes de comprar. Aliás, você mesmo me disse que aproveitou que eles estavam vendendo baratinho justamente por isso.

- Pois é. Mas eu nem tinha idéia de que o fantasma do velho ia ficar me perturbando.

- Ah, colé, mano? Você nunca acreditou nessas coisas. Vou ao banheiro rapidinho tirar uma ‘água do joelho’ e já volto aqui pra gente conversar direito.

Neste momento, me surgiu do nada um ódio descomunal do meu irmão. Um ódio como eu nunca senti antes. Frases estranhas invadiam a minha mente enquanto ele urinava: “Você sempre me taxou de mentiroso, desde quando éramos crianças, não é irmão? / Você sempre me vilanizou diante dos nossos pais, dos nossos tios, dos nossos avôs e até dos nossos professores. / Você sempre me deixou na desvantagem. / Agora é hora da minha vingança!” E então, quase explodindo de fúria, eu vi um facão encostado em um banquinho do dado de uma máquina de corte. Fiquei do lado do pequeno banheiro da carpintaria, esperei ele sair e fiz um corte certeiro no pescoço dele, separando a cabeça do tórax. Quando vi a cabeça de Joel cair para um lado e o tórax cair com um esguicho de sangue saindo do pescoço para o outro lado, deixei o facão cair no chão e gritei:

- NÃO! O que foi que eu fiz !? Meu deus!

E então um mundo de pensamentos loucos invadiu a minha mente outra vez: Imaginei eu invadindo a minha recém comprada casa e matando os idosos, que foram donos do lugar. Imaginei eu enterrando os antigos donos, o único filho a nora e o sobrinho do Sr. Adamastor improvisando então aquela hortinha. Imaginei depois de sair da cadeia eu matando os meus sobrinhos, minha cunhada e enterrando com o meu irmão naquela mesma hortinha, enterrando logo em seguida, nos dois ‘canteiros extras’ o carcereiro e o adolescente que me ajudou a fugir do presídio. Então, eu gritei:

- Não, Sr. Adamastor! Por favor, pare com estas coisas na minha cabeça! Eu não sou assim!

Então eu desmaiei.

Acordei em uma maca de hospital. Tentei levantar pra ir ao banheiro, mas estava algemado à cama. Olhei para o lado e vi uma enfermeira e então perguntei:

- Enfermeira, preciso ir ao banheiro urinar.

Ela respondeu de modo seco e ríspido:

- Vai ter que urinar no ‘patinho’ de plástico que está do seu lado.

Assim o fiz.

Depois de uma noite naquele hospital, sem conseguir dormir por não saber o que iria acontecer comigo a partir dali, fui levado por policiais a um presídio psiquiátrico de segurança máxima, onde sob efeito de medicamentos controlados, descobri a verdade: Aqueles pensamentos invasivos horríveis eram a verdade dos fatos, eu invadi aquela casa, matei os donos e enterrei no quintal improvisando aquela hortinha. Matei o carcereiro e dei um jeito de esconder o corpo dele na cela, sob o silencio dos outros presos e no momento oportuno, saí abraçado ao corpo do carcereiro e junto com o adolescente que eu levei até a casa, onde o matei e enterrei ao lado dos corpos dos cinco policiais que estavam lá me esperando ao saberem que eu havia fugido do presídio. O fantasma do Sr. Adamastor no fim das contas nada mais era do que fruto da minha imaginação. Ou talvez não, talvez tenha sido um demônio me induzindo a cometer todos aqueles homicídios, eu nunca saberei. Ninguém nunca saberá.

FIM

Eduard de Bruyn
Enviado por Eduard de Bruyn em 01/10/2019
Código do texto: T6758734
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