segunda de merda
Era segunda, a chuva se fazia presente e me alertava sobre a grande semana que iria enfrentar. Tomei um café de domingo. Ele estava frio, esquentei no microondas e bebi umas três xícaras, não quis acender a luz, apenas coloquei uma música e saboreei o pão fatiado com queijo e presunto.
Sai sem guarda-chuva para o ponto mais próximo. Quando entrei no ônibus, percebi que não tinha dinheiro pra passagem. O motorista foi bem trouxa e me mandou descer.
Lá fora trovoava, mas eu já estava molhado mesmo, foda-se.
Andei pra caramba, sem dignidade alguma, os carros pareciam fazer questão de passar nas poças de água e me molharem.
- Seus troxas! Mal sabem que eu já estou molhado!
Eu ria feito um imbecil, mas era a melhor coisa a fazer naquele momento, rir.
Peguei um atalho na rua deserta para compensar o atraso do ônibus. Percorri durante uns 5 minutos até que um senhor me parou
- O jovem, você não tem guarda-chuva não?
- Tenho sim senhor, mas não quis pegar, é muito cafona
- Cafona é ficar molhado e pegar resfriado, seu imbecil.
Nem liguei pro coroa, puxei da mochila encharcada meu fone de ouvido e escutei música para esquecer dos problemas, mas ai fui andando até o meio da rua e num instante tudo mudou.
Senti uma porrada forte nas costas, bati a cabeça no poste próximo e depois não me lembro mais.
Acordei na mesma rua, estava escuro, meu sangue estava derramado no asfalto e a chuva ainda se fazia presente.
Pensei comigo: cara, que merda foi essa?
Estava com sangue por tudo e me sentia fraco, escorei-me no mesmo poste que bati a cabeça e perguntei porque as segundas eram tão cruéis, ele não me disse uma só palavra, mas ele me deixou ficar escorado ao seu lado durante meus últimos momentos.