MUNDO DE FANTASIA (miniconto)
Quando a chave na porta se mexia, Cecília estremecia, quando os passos perto da cozinha a alcançavam ela tentava se abstrair, voava para um mundo de contos de fadas, onde nenhum mal a alcançaria. Quando seus cabelos eram puxados para trás e aquela língua áspera deslizava em sua face o nojo a encobria. Quando era chamada de puta, óbvio sinônimo de linda, sua roupa era rasgada e sem preparo algum era estuprada a seco, um arco-íris se abria diante dos seus olhos, se imaginava na ponta dele colhendo suas moedas de ouro, seguindo para a ponte dos rios amarelos saltitando de felicidade, ao encontro de seu amoroso e já falecido pai.
Quantas vezes o bondoso Sr. Luiz lhe avisara sobre aquele homem, era uma premonição, mas, a paixão alucinada a cegou e acabou casando com um monstro, este só lhe mostrou as garras e a verdadeira personalidade, depois de uma pescaria, onde cruelmente afogou o Sr. Luiz, pareceu um acidente, mas, ao chegarem em casa após o enterro, com uma surra capitular Olavo lhe segredou...quieta e calada, senão terá o mesmo fim de seu pai. Neste dia o mundo mágico de Cecília ganhou cores claras e brilhantes, perfumes e muita paz. A cada opressão, estupro ou surra, mais ela viajava, passava pelo seu calvário como um mobile solto num furacão, sem ação, sem expectativa, prisioneira sonada de sua própria covardia, até aquela sexta-feira, quando nem toda fantasia poderia conceber o que teve que passar. Olavo chega bêbado e acompanhado de uma sirigaita nitidamente vadia e suja. Depois de lhe dar um safanão que a jogou contra a parede, lhe mandou transar com a tal mulher, queria assistir e participar depois. Cecília era puro asco e a ânsia de vômito lhe vinha à garganta e voltava, uma recusa seria dolorosa, então, se submeteu, Olavo não satisfeito com o ato, deu-lhes uns bofetões até tirar sangue dos lábios das duas, a mulher agora tinha pavor nos olhos e tentava se safar. A garrafa de conhaque nas mãos de Olavo fazia Cecília entrar em transe, então, se aproveitando de um instante de distração dele, lhe arrancou a garrafa das mãos, quebrou e rasgou a garganta dele. A mulher ao ver o esguicho do sangue surtou, correu nua para fora da casa aos berros clamando por ajuda, enquanto Cecília encostada numa quina de parede cantava "...Somewhere over the rainbow...Way up high...There's a land that I heard of ...Once in a lullaby..."
E foi assim que os policiais a encontraram...cantando com os olhos vagos...
Tempos depois num sanatório psiquiátrico, uma paciente apelidada de Alice no País da Maravilhas, saltitava pelo gramado sussurrando seu larará diário, como se vivesse num mundo de sonho e fantasia todo seu.
*Referência musical - tema do filme O Mágico de Oz - Somewhere over the rainbow.
Quando a chave na porta se mexia, Cecília estremecia, quando os passos perto da cozinha a alcançavam ela tentava se abstrair, voava para um mundo de contos de fadas, onde nenhum mal a alcançaria. Quando seus cabelos eram puxados para trás e aquela língua áspera deslizava em sua face o nojo a encobria. Quando era chamada de puta, óbvio sinônimo de linda, sua roupa era rasgada e sem preparo algum era estuprada a seco, um arco-íris se abria diante dos seus olhos, se imaginava na ponta dele colhendo suas moedas de ouro, seguindo para a ponte dos rios amarelos saltitando de felicidade, ao encontro de seu amoroso e já falecido pai.
Quantas vezes o bondoso Sr. Luiz lhe avisara sobre aquele homem, era uma premonição, mas, a paixão alucinada a cegou e acabou casando com um monstro, este só lhe mostrou as garras e a verdadeira personalidade, depois de uma pescaria, onde cruelmente afogou o Sr. Luiz, pareceu um acidente, mas, ao chegarem em casa após o enterro, com uma surra capitular Olavo lhe segredou...quieta e calada, senão terá o mesmo fim de seu pai. Neste dia o mundo mágico de Cecília ganhou cores claras e brilhantes, perfumes e muita paz. A cada opressão, estupro ou surra, mais ela viajava, passava pelo seu calvário como um mobile solto num furacão, sem ação, sem expectativa, prisioneira sonada de sua própria covardia, até aquela sexta-feira, quando nem toda fantasia poderia conceber o que teve que passar. Olavo chega bêbado e acompanhado de uma sirigaita nitidamente vadia e suja. Depois de lhe dar um safanão que a jogou contra a parede, lhe mandou transar com a tal mulher, queria assistir e participar depois. Cecília era puro asco e a ânsia de vômito lhe vinha à garganta e voltava, uma recusa seria dolorosa, então, se submeteu, Olavo não satisfeito com o ato, deu-lhes uns bofetões até tirar sangue dos lábios das duas, a mulher agora tinha pavor nos olhos e tentava se safar. A garrafa de conhaque nas mãos de Olavo fazia Cecília entrar em transe, então, se aproveitando de um instante de distração dele, lhe arrancou a garrafa das mãos, quebrou e rasgou a garganta dele. A mulher ao ver o esguicho do sangue surtou, correu nua para fora da casa aos berros clamando por ajuda, enquanto Cecília encostada numa quina de parede cantava "...Somewhere over the rainbow...Way up high...There's a land that I heard of ...Once in a lullaby..."
E foi assim que os policiais a encontraram...cantando com os olhos vagos...
Tempos depois num sanatório psiquiátrico, uma paciente apelidada de Alice no País da Maravilhas, saltitava pelo gramado sussurrando seu larará diário, como se vivesse num mundo de sonho e fantasia todo seu.
*Referência musical - tema do filme O Mágico de Oz - Somewhere over the rainbow.