O tarado do trem
“Em média, oito mulheres são assediadas por mês dentro dos trens na cidade de São Paulo”.
Gargalhou alto ao ouvir a notícia no rádio do boteco. Os amigos de copo quiseram saber onde estava a graça.
Deu um gole no conhaque e disparou:
_ Isso é mentira, só eu encocho mais que isso todo dia!
Sem esperar resposta matou o resto do copo despediu-se e foi para casa.
A noite foi como sempre: jantou com a esposa e as filhas, depois ajudou as adolescentes com os deveres de casa antes de se deitar.
No dia seguinte, como de costume, chegou às 7h30 na estação do trem. Podia chegar bem mais tarde mas preferia este horário em que os trens estavam abarrotados. Na plataforma lotada começou sua caçada diária e não demorou a encontrar sua presa. Uma jovem de longos cabelos negros, saia curta e pernas roliças. Rapidamente, mudou de lugar posicionando-se bem atrás da moça, fingindo ser mais uma vítima da falta de espaço. Colou com o corpo da jovem. Para sua surpresa ela retribuiu e começou a mexer levemente os quadris, o deixando muito excitado.
Quem viu a cena não se conformou com a atitude da garota que, sem pudor, virou-se, beijou seus lábios e cochichou em seu ouvido.
O trem parou na plataforma, abriu as portas e, aos trancos, todos embarcaram, inclusive a moça. A composição partiu e ele permaneceu na plataforma até o momento em que pulou embaixo do trem seguinte.