O Leitor

Desde que aprendeu a ler, aos sete anos, André Ramous lia de tudo, sem preconceito. Aos dez anos, incentivado pelos pais, lia os clássicos como: Homero, Oscar Wilde, Robert Louis Stevenson, Julio Verne, Cervantes, Kafka, Nabokov, Balzac, Machado de Assis, José Alencar e muitos outros. Aos quinze anos, André foi diagnosticado com uma doença gravíssima nos olhos. Descobriu que ficaria cego em poucos anos. Para ele, ficar cego era pior que a morte, pois não poderia mais ler e folhear os livros que tanto amava. Seus pais o levaram a outros oftalmologistas e até no papa da oftalmologia brasileira, mas o diagnóstico não mudou. André realmente ficaria cego em breve. Com o avanço da doença, André Ramous foi ficando deprimido e revoltado. A morte dos pais, num trágico acidente automobilístico, só piorou sua situação. Passou a morar com uma tia, de favor. Passados três anos do diagnóstico do oftalmologista, André só conseguia ler com lupa. Ficou irritadiço e perdeu completamente a sanidade.

Poucos meses depois, no dia 21 de outubro de 2021, André Ramous foi à Biblioteca Nacional, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Chegou bem cedo. Leu Os Lusíadas, de Camões, no livro original. Quando a biblioteca estava quase fechando, André acionou as bombas caseiras que trazia em seu corpo e em sua mochila. Trinta pessoas nunca mais poderiam ler livros e André Ramous era uma delas…

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 20/09/2018
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