A ÚLTIMA NOITE
Ela vinha percorrendo aquela rua com tamanha velocidade que talvez nem ela imaginava que tinha, uma rua pouco iluminada e que parecida cada vez mais infinita a cada novo passo dado, só se podia ouvir o ruído de seus sapatos tocarem os paralelepípedos irregulares daquela rua. Precisava chegar com segurança até sua casa, alguém especial esperava por ela ali todas as noites depois do trabalho.
Ela corria, sua voz já começava a ficar fanha, estava um pouco ofegante, o suor frio lhe cobria o rosto, com dificuldade carregava algumas sacolas de compra que havia feito. Mesmo não notando ninguém ali ela sabia que não estava sozinha, sentia a presença de alguém ali mas quando voltava seu olhar para trás nada via alem de um enorme breu . Ela continuava a caminhar, agora já podia ouvir alguns sussurros em seu ouvido, alguém a chamava pelo nome, em tom de voz tão baixo que somente ela era capaz de ouvir. Um arrepio gélido lhe subiu pelas costas o que a fez correr, correr mais ainda, fazendo-a tropeçar em algo no meio da rua que não soube distinguir exatamente o que era. Um de seus sapatos quebrou o que a obrigou a seguir descalça. Os sussurros aumentavam gradativamente mesclados aos sons de risadas macabras e misteriosas da qual não se podia identificar o autor ate então. Em certo momento seu telefone toca, ela então para e revira com dificuldade a sua bolsa para encontrá-lo, o toque aumenta, é insistente, estava escuro, as sacolas de compras naquele momento já estavam no chão, algum tempo depois tomou em suas mãos o aparelho celular, atendeu, espantou-se com a voz que acabara de ouvir do outro lado da linha e então quando virou-se para trás entendeu de que se tratava da última noite.