O ataque dos germes sereia - Capitulo Final

O ataque dos germes sereia - Capítulo Final

O mundo não terminou. Não é o mesmo antes conhecido, mas não terminou. Quando acreditei que nada mais seria possível nessa terra inóspita, onde tudo virou EXTINÇÃO, aniquilação de toda forma de vida da terra, surgiu uma nova ESPERANÇA: O AMOR. Amor entre os dois jovens sobreviventes, minha filha Gabriela e Peréon. Cruzamos a fronteira do Brasil por Mato Grosso, depois de viajarmos por mais de um mês, com poucas paradas e terminando quase todo nosso suprimento. Estamos indo em sentido para Campinas SP, mais algumas horas e chegaremos. Vamos em busca das sementes de germes sereia, onde tudo começou, poderá ser o fim dessa loucura toda. O jovem casal está apaixonado, reconheço essa paixão, já passei por essa experiência. Esse amor é a esperança do novo mundo, somente o amor poderá recomeçar um mundo novo, transformar o caos em beleza, resgatar a vida onde morreu. Vejo nos olhos deles a vida renascer. Mas antes de conseguir cumprir minha promessa precisamos sobreviver.

- João, na escuta hahahahahahahahaha

Uma chamada muito estranha no rádio, não era ninguém do nosso grupo, estamos em silêncio, o rádio está mudo por meses, nenhum contato exterior, quem seria ???

- Sou eu João, o Lopes. Estou indo buscar-los, você sabe que estou no seu rastro, estou chegando João, tic tac tic tac. Sou rápido como vocês e logo serei mais rápido hahahahaha, sua filha João me entregue ela, ela é a última fêmea sobrevivente, me entregue-a e deixarei vocês viverem, por um tempo a mais. hahahahaha.

Lopes, havia se transformado em uma metamorfose alienígena, já não era humano quando tudo aconteceu, ele era um lunático assassino. Agora ficou pior, já não havia humanidade antes, no que ele se transformaria agora ? Não quebro o silêncio do rádio, ele já vem seguindo-nos desde nossa fuga na Argentina. Não sei como ele consegue nos perseguir, o rádio não tem muito alcance, significa que ele está próximo, está usando como ataque psicológico. Não podemos parar para reagrupar ou reabastecer, seria um risco muito grande, mas logo não teremos outra opção. Faço sinal gesticular para Maicon, ele se aproxima ao lado do nosso carro, eu grito.

- Maicon, precisamos abastecer os carros, vamos parar em campo aberto.

- João, o caminhão tanque está quase no limite de gasolina, precisamos achar um posto para encher o caminhão. Me gritou de volta.

- Não podemos Maicon, o monstro do Lopes está em nossa cola, se ficarmos parados ele nos alcança, precisamos ir até o limite, precisamos chegar em Campinas.

- Não vamos conseguir João, não temos combustível suficiente. Retrucou ele.

Sem combustível viramos presa fácil, seremos mortos em questão de horas, talvez minutos. Preciso pensar em uma nova estratégia, os homens me seguem para manter suas vidas, somente isso, não posso expor eles a uma luta suicida, eles não seguiriam essas ordens. Após meses fugindo juntos precisaremos desagrupar, eu sei qual é a motivação de Lopes e eu morreria para defende-la.

- Maicon, só temos uma chance de sobreviver, o lopes está me caçando, preciso de combustível para continuarmos sozinhos, com o tanque e alguns galões. Vamos nos separarr, vocês terão chance de se estabelecerem e eu sigo em frente, atraindo nosso desgarrado alienígena.

Assim o fizemos, em uma breve parada, abasteci e levei alguns galões de combustível, dividimos o pouco alimento e seguimos em frente. Maicon e os outros tomaram outro rumo, sentindo norte, ele acredita que pode haver uma saída via o mar, algum barco a deriva e seguir em frente. Foi nossa última parada juntos, nos despedimos depressa, ele foi um verdadeiro amigo, um aliado, sentiremos muito a separação, o Maicon virou da família, se importava comigo e Gabriela. Vamos em frente, estamos quase na divisa com o estado de São Paulo.

Chegamos a fronteira do estado de São Paulo, passando próximo de Andradina, as estradas são melhores deste lado e não encontramos muitos carros parados na estrada, sempre nos acostamento, capotados, atacados. Essa será a última viagem que faremos juntos, caro leitor peço um pouco de paciência se ficar devaneando com o cenário ora lindo, com horizontes sem fins. Nos campos cresceram pequenos arbustos, matos, a natureza está reclamando seu solo, podemos ver para longe o cenário novo surgindo. Por outro lado quando aproximamos das cidades olhamos somente destruição, para nos acostumarmos observamos tudo como uma obra de arte, de algum artista bem sinistro, como se tudo não fosse realidade. Precisamos viver indiferente da situação, viver o dia, fazer o carpe dien. Para nós é como uma viagem sem fim, é incrível como a Gabi se adaptou, com a chegada do Peréon e do been, voltamos a ter um novo sorriso, um sorriso mais verdadeiro, solto. De repente o rádio corta os meus devaneios.

- João, você deixou o pobre Maicon sozinho?. Era Lopes a criatura.

Ele está me testando para quebrarmos o silencio do rádio e nos localizar, e também sabe que não farei isso, mas admito ser atormentador ouvir seu perseguidor, saber que nunca desistirá de nós.

- João, aproveite para se despedir de seu amigo Maicon.

O que? Ele pegou o Maicon, minha espinha congelou no mesmo momento, nos separamos para dar uma margem segura para eles? Será que esse monstro do Lopes fez isso mesmo? Pobre Maicon, ouvi sua voz engasgada, devia estar muito ferido, dizendo suas últimas palavras

- João, acabe com esse desgraçado, mate esse alienígena humanoide, desgraçado.... puf

Ouvindo as palavras do meu amigo, não conseguimos segurar nosso pranto, paramos o carro, essa região é uma planície, e ficamos 1 mim em silêncio pelo Maicon e companheiros mortos. Seguimos a viagem, acelerei a Land Rover ao máximo, o rapaz ele foi esperto, esse carro atravessou três fronteiras e resistiu muito bem, achar um carro é muito complicado, apesar de todos não possuírem mais seus donos, por estarem muito tempo parados, precisam de manutenção para voltarem a funcionar e nessa terra velocidade é vida e parar é morte.

Seguimos em frente, é tudo o que fazemos, em menos de 24h de viagem cruzamos mato-grosso e estamos chegando ao nosso destino final. Campinas antes uma cidade de um milhão de habitantes, hoje é só escombros, prédios abandonados, e carros fechando as avenidas. Por sorte essa era minha cidade, então conheço o terreno para pegar desvios necessários e chegar ao Bosque dos Jequitibás. Logo penso se voltar seria o mais lógico ? O que aconteceria quando conseguirmos as sementes, nosso combustível e nossa comida, estão quase ao fim. Chegamos, vamos direto ao nosso ponto final, tivemos que parar um quarteirão acima e descer a pé, Been está assustado, o que não é bom. Entramos no parque ele começa a gritar, fica extremamente assustado e raivoso, logo aponto a minha calibre 12 para ele, caso queira nos atacar e foge, de volta para o carro. Encontramos as sementes, não haviam mais espalhadas pelo chão, como antes, tivemos que cavar para encontrar uma. Logo nós estamos com as sementes de germes, uma bolinha verde expira vários deles, sem cessar, somente colocar sua mão debaixo. Tão logo estamos com nossa carga voltamos ao carro, num trote rápido. Been estava esperando, alguma coisa assustou ele ou o local, agora vamos atrás de comida e combustível.

Logo após conseguir o objetivo, as sementes, começamos a alimenta-las, eu e Gabi, o Peréon já tem o Been e fazem sua combinação telepática. Não temos destino, os últimos sobreviventes estão mortos, o Been é uma excelente ajuda para sobreviver, ele detecta os predadores, menos o Lopes Alienígena. Ele está em nosso encalço, quer minha filha, por qual motivo eu não saberia dizer, mas tremo de pensar que ele poderia se acasalar e multiplicar-se com ela, destino terrível para minha filha. Logo estamos novamente em auto estrada, conseguimos alimento enlatado e gasolina dos carros abandonados, o suficiente para mantermos em movimento. Estamos indo sentido ao norte, nas primeiras horas passadas o germes-sereia começaram a se desenvolver. Eles precisam de DNA para adquirir formas, o único DNA disponível era o sangue do animalesco abatido e o nosso próprio, não queremos nada violento e portanto Gabriela e Peréon tiraram um pouco de sangue e alimentaram os bichinhos que estavam crescendo. Imaginávamos uma espécie parecida com a nossa, um pequeno humanoide, mas a coisa foi se enrolando e transformando em uma forma redonda, não era mais uma criatura. Lembrei-me do que aconteceu com Lopes quando comeu carne alienígena, no monstro que se transformou. Ele absorveu DNA de um outro monstro, essas sementes em nossas mãos são puras, receberam apenas o DNA humano, não há contaminação com DNA de um animal irracional. Pensei e disse:

- Gabriela e Peréon, essas sementes são para vocês comerem, não tenho certeza do que exatamente pode acontecer com vocês, mas eu vi no que o Lopes se transformou. Ele manteve sua inteligência e aumentou o que havia em seu coração, morte. Vocês possuem o amor jovem e entre vocês dois, acredito nesse amor pode prevalecer e fortificarem vocês, conquistarão o mundo novamente. Como novos habitantes, desenvolvendo seus DNA com os alienígenas. Não sei se estou correto, ou que pode acontecer de errado, mas tenho certeza que o Lopes não desistirá de nós e vai nos matar. A única chance de vocês, eu dou cobertura na fase da transformação.

Eles pensaram, se beijaram e depois cada um comeu sua semente alienígena. O que vou contar foi muito estranho de se ver, em poucas horas eles começaram expelir um liquido gosmento da boca, deitaram no fundo da Land Rover e começaram a tear um casulo entre eles, encobrindo-os completamente em sua volta, como lagartas de borboleta, a metamorfose ocorria dentro. Continuei dirigindo sozinho, sem dormir, por 30h, estava exausto, precisava parar, descansar, dormir. No rádio Lopes manteve o silêncio, não sabia o quanto distante estava de nós, encostei no acostamento para dormir, Been me acordaria se houvesse algum problema, sua conexão começou a ser a minha. Vou relaxando, aos poucos meus olhos vão fechando, o sol está alto, coloquei o relógio para 30 mim. Adormeço.

Abro meus olhos, já está de noite, acordo assustado, olho para trás os casulos estão intactos, Been sumiu. Ligo o carro e acelero, volto para rodovia. Nos primeiros 10km começa a falhar, no ponteiro não marca combustível, o tanque estava pela metade e os tambores sumiram. O carro desliga, estou sozinho e parado sou alvo fácil. Carrego meu calibre 12, me afasto e fico há uma distância deitado, me camuflando com areia em cima do meu corpo. Vou esperar o dia amanhecer, durmo novamente. Acordo com o sol raiando nos meus olhos, nada aconteceu, a terra está completamente deserta, os animalescos sobreviventes devem estar enormes e caçando outros gigantes. Logo vejo movimentação dentro do carro, eles estão saindo do seus casulos, rasgando e com extrema força, rompendo-os. Surgem os dois novos seres habitantes do planeta. Sua forma não é mais humana, possuem um tipo asas pequenas, não aptas para alçar voo, seus corpos aumentaram de tamanho e massa, suas expressões tomaram uma forma cintilante, seus corpos brilham, refletindo a luz, posso distinguir entre feminino e masculino. Os dois estão unidos, percebo a proteção de Peréon com minha filha, mesmo sabendo ela não é mais a mesma, para mim sempre será. Com uma força de empuxo eles decolam, rapidamente e na vertical, como se tivessem propulsores e as suas asas servem como aerofólios e convertem a força em direção e estabilidade nos seus movimentos, fascinante de se ver. Logo eles somem no céu, rajando em torno do sol. Fiquei sozinho, sem combustível pouca comida. Meu destino estava completo, como uma ave super protetora vi minha cria voar livre ao céu. Tomo rumo ao norte, a pé.

Logo tenho a minha surpresa esperada, sabia que ele viria a meu encalço. Lopes, o amaldiçoado, disse:

- João, onde está sua filha? O que fez com ela? Seu bichinho esta delicioso admito. Deixei você por último.

Quando ele se aproxima, disparo a arma calibre 12, estava escondida no meu casaco e atiro bem no peito dele, ele cai e continuo a disparar até acabar a munição. Estou municiando a arma novamente, ele está ensanguentado, ferido, mas não o suficiente, para ele é apenas superficial. Arranca a arma das minhas mãos, me erguendo pelo pescoço e perfurando meu abdômen com suas garras, jogando a arma para longe. De repente vindo do alto num golpe forte e certeiro, nós dóis vamos ao chão. Estou ferido, mas posso ver o ataque de Gabriela e Peréon, desfigurando Lopes, ele não tem nenhuma chance. Agora posso ver, tudo com clareza, as sementes elas desenvolvem o DNA hospedeiro, os nossos se alimentaram dos PETS, animais silvestres e imperou seu instinto de matar e sobreviver. Com os dois Gabriela e Peréon, os únicos humanos oferecer o próprio DNA e comer o composto alienígena, desenvolveram formas superiores e mantiveram sua natureza intacta, o amor entre eles.

- Pai, deu certo conseguimos, sobrevivemos. Meus sentidos, minhas forças, minha inteligência foram aumentadas exponencialmente, podemos reconstruir tudo pai. - Disse a minha filha com sua forma alterada. Vencemos.

Eu estou ficando com frio, tusso algumas vezes e olho para meu abdômen, estou sangrando, e muito. Olho fixamente para minha filha e coloco minha mão sangrenta em seu rosto, sinto seu toque pela última vez. Percebo o amor dentro dela, em seus olhos negros e no seu sorriso. Percebo cumpri meu papel de pai com minha filha.

- Gabriela, eu te amo. Foram minhas últimas palavras ditas para ela. As palavras certas para um pai moribundo no momento da sua morte.

Deitado, sobre o colo da minha filha, ela está extraordinária, sinto os últimos bateres do meu coração. Olhando fixo ao seus olhos.

FIM