Ombra mai fù...

Ao perceber que ela vinha me seguindo todos os dias, eu comecei a despistar, mas não adiantou. Ela era implacável. Pensei que fazer um trato com ela, mas nem ouvido fui, e tampouco ela dizia porque fazia aquilo ou se descolava de mim um segundo que fosse.

Seria minha consciência, a reprovar-me o passado mal explicado que eu me empenhava em sepultar? Aleguei que outros tantos erraram e erram muito mais do que eu, estava na cara, e por quê só eu era perseguido daquela forma tão alucinante?

Fui perdendo as forças e o gosto pra tudo. Nada mais me animada na companhia daquela presença delatora, devastadora. Até que, num gesto extremo, ceguei-me e, no breu, me meti eu. Sombre ombre, adieu!

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 23/02/2018
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