= Abobrix 62 - Terror Terrível Terrorificante =
Passava das duas da madrugada e Olavinho lá vinha pela rua pouco iluminada.
Estranhou aquela loura ali parada, como se o esperasse, na entrada do cemitério.
Estranhou mais ainda quando ela começou a acompanhá-lo.
Sentiu um calafrio descendo coluna abaixo.
- Olá! - disse Olavinho. - Como é seu nome, gata?
- Eu sou a Maria do Céu.
- Você não tem medo de ficar aqui sozinha, tão tarde, no escuro e bem na frente do cemitério?
- Agora não tenho mais. Mas quando eu ainda era viva, tinha.
A voz dela parecia vir de longe, muito longe.
Só então ele notou que ela flutuava. Caminhava mas seus pés não tocavam o chão.
E o que pareciam dentes eram chumaços de algodão. No lugar dos olhos apenas dois buracos. Suas vestes brancas esvoaçavam, embora não soprasse um ventinho sequer.
Olavinho não sabe até hoje onde encontrou forças para correr tanto.
Nem o Usain Bolt, diz ele, o pegaria na carreira naquela noite.
Sua mãe já bem velhinha ficou desesperada e quase teve um piripaque quando o ouviu chegar, levando no peito o portão com cadeado e tudo e também a porta reforçada da sala de estar, onde caiu desmaiado.
E o que é pior... Todo cagado.
= Roberto Coradini {bp} =
05//02//2018