O sorriso da morta



    Roberto Davilla era fotografo, mais um tipo diferente era fotografo do necrotério , sua função era tirar fotos de pessoas mortas, o registro da face dos mortos um estranho e bizarro trabalho mais um trabalho como outro qualquer. Até que um dia ele viu algo diferente na face de um morto. Algo muito além da imaginação. Mais deixemos que o próprio Roberto conte sua historia
       Tudo começou há alguns anos atrás. Era apenas mais um dia de trabalho estava chateado em ter que ir registrar o rosto de um falecido num domingo, mais era a mãe de um amigo alguém que eu conhecia não podia me recusar a ir, Cheguei ao velório e logo fui recebido pelo amigo que para esconder os olhos inchados, usava óculos escuros. Depois dos abraços e condolências me aproximei do caixão que estava arrodeado de parentes e amigos; arranjei um espaço entre eles, e qual não foi minha surpresa quando divisei o rosto da falecida.
      Conhecia D. Lurdes já há algum tempo, desde quando conheci Gustavo o filho dela no novo bairro em que fui morar. Visitava sempre a sua casa e várias vezes fui convidado a participar de lanches e refeições naquele lar; D. Lurdes sempre me pareceu uma mulher aflita e ansiosa e que nunca parava nos seus afazeres; ora varria a casa, ora lavava a louça, ora na cozinha na preparação das refeições, ora arrumava alguma coisa; e sempre a tagarelar e resmungar com a vida e com o mundo; nunca a vi sorrir. Uma hora era com a cachorrinha que era tocada para fora a vassouradas, outra hora era com o desleixo do filho a deixar espalhadas as suas vestimentas em qualquer canto da casa, outra com o finado marido a quem acusava de cachaceiro e raparigueiro e entravam na lista os vizinhos, o vigário, o bodegueiro, etc. Nunca pareceu gostar de minha presença e respondia aos meus “bom dia!” com um olhar de desconfiança. Era uma mulher raquítica e de rosto esquálido e com olhos que denotavam profunda tristeza.
      Daí a minha surpresa, pois o rosto que deparara no caixão não parecia ser o mesmo; tinha uma expressão serena e angelical, um ar de quem escondia algum segredo denunciador. Foi ai que vi a coisa mais estranha da minha vida os lábios da morta se mexeram e se formou um sorriso largo e alegre nesse instante tirei uma foto, tirei logo o olho da lente e fiquei perplexo isso nunca tinham acontecido comigo, mais o registro estava na memória da câmera digital o rosto enigmático da morta sorrindo pra min é logico que tirei outras fotos mais nas outras não havia nada de anormal mais aquela foto da Dona Lurdes era assombrosa e intrigante.
     Paralisado, fiquei a refletir o que levara a morta a manifestar tamanha alegria em sua face, (vale salientar que o sorriso se desfez rapidamente voltando a o normal) contrastando com sua expressão em vida; como a de alguém que tivesse levado uma existência serena e cheia de realizações. E os seus olhos, como deveriam estar se estivessem abertos, “seria a morte uma bonificação na vida daquele ser? Teria encontrado alguma espécie de paraíso, aonde se regozijava em riqueza e paz de espírito, ou aquela expressão angelical seria uma forma de manifestar sua zombaria aos que ficaram e que tanto desprezava? dei por mim despertado pelo toque no ombro dado por outro amigo que também comparecera ao velório.
      Saí dali ainda reflexivo sobre esse caso. Já tinham ouvido falar de colegas que tinham presenciado tal fenômeno e tirado fotos mais nunca acreditei sempre pensei que eram montagens afinal mortos não sorriem. Mais agora eu era testemunha do fenômeno perturbador. Guardei a foto numa caixa resolvi não mostrar a ninguém, talvez não fosse uma boa ideia as pessoas saberem que tirei aquela foto bizarra, isso poderia gerar uma publicidade negativa para mim por isso resolvi esconder a foto estranha.
      Dias depois eu tive um sonho , sonhava que estava numa casa ela estava escura, entrei , atravessei um extenso corredor cheguei a uma sala ampla e arredondada, no centro havia um caixão, ladeado por hastes de metal, na ponta de cada haste, havia uma vela, curioso me aproximei, percebi que estava com minha câmera, era um caixão de cor verde, muito simples sem ornamentos havia porem uma abertura na altura do rosto do cadáver, olhei e vi o rosto de um homem de meia idade com um grande bigode e careca, nisso acordei fiquei pensativo – nunca sonhei com mortos antes, estranho - mais não dei maior importância , pensei que estava impressionado com meu trabalho, por isso sonhei, naquele dia era uma terça feira fui chamado para registrar mais um cadáver, a o chegar no necrotério, fui direto a o lugar onde ficava os corpos, havia um corpo coberto com um lençol branco, me aproximei , tirei o pano qual não foi minha surpresa , o rosto do morto era igual a o sonho - minha nossa o rosto dele e o mesmo do meu sonho como pode ser isso? - assim que cliquei, notei os olhos abertos do morto e um sorriso na boca dele, mais tão rápido como surgiu, o sorriso e o olhar sumiram, pensei – não é possível de novo isso aconteceu – .Roberto começou a ficar assustado com aquilo, e olhe que ele já tirava fotos de mortos a mais de 20 anos, e nunca tinham se impressionado com nenhum cadáver, mais agora ele via aquele estranho fenômeno, teve vontade de indagar a alguém mais temia ser chamado de maluco quando revelou as fotos não havia nada de anormal, - será que foi apena a minha imaginação? – mais como? se ele tinham uma foto da dona Lurdes sorrindo depois de morta pra ele, para provar, - se passaram vários meses sem que Roberto visse mais nenhum sorriso nos rostos dos mortos, ele se convenceu que talvez fosse tudo uma ilusão, apesar da foto de D. Lurdes , aliás essa foto ficava meio escondida dentro de uma caixa, já se passaram cinco meses da morte da mulher, Roberto  um dia chegou em casa abriu a caixa, e lá estava a bendita foto, mais o que ele viu o perturbou ainda mais o rosto da morta estava diferente estava de olhos abertos, tinha uma expressão assustadora de maldosa alegria , Roberto ficou ainda mais confuso – não , é possível, o rosto dela apenas sorria agora vejo ele de olhos abertos o que está acontecendo ? – mais sem querer admitir que aquilo aconteceu ele pensou – eu devo estar enganado, quando eu tirei a foto ela estava de olhos abertos e isso já faz cinco meses que ela morreu e isso - ele não queria acreditar que a foto havia mudado mais uma vez pensou em mostrar a foto a alguém, para tentar esclarecer o mistério, mais hesitava, ele sentia até vergonham de si mesmo, - não isso é ridículo, eu sou um profissional sério, não acredito nessas bobagens de fantasmas,- a foto ficava escondida numa caixa dentro de um armário, sempre que Roberto olhava para o armário ele pensava na na foto estranha mais algo fazia ele ignorar a caixa , se passaram mais três meses, sem incidentes estranhos até os sonhos estranhos cessaram. Foi ai que Roberto, foi a mais um enterro, um rapaz bem jovem morreu afogado no mar, enquanto ele fotografava a cerimônia fúnebre, ele sentia uma sensação incomoda , difícil de descrever, então ele se aproxima do rosto do morto que se deixava ver por uma abertura na altura do rosto, quando posicionou a câmera percebeu para seu assombra o riso no rosto do morto, - não e possível aconteceu de novo – pensou ele, quando mais tarde ele revelou a foto, não havia riso nenhum, - e essa agora sem riso, se eu contar a alguém vão me chamar de maluco, mais eu tenho a foto de dona Lurdes, naquele mesmo dia quando Roberto  chegou em casa ele abriu a caixa onde estava a foto do rosto de dona Lurdes, qual não foi sua surpresa o rosto surgiu rindo de olhos abertos e aparentemente mais perto da lente da câmera porque estava maior só se via os olhos , a boca a face enrugada da mulher não se via mais o cabelo e as orelhas .Roberto não entendia mais nada – não isso é loucura amanhã vou levar essa foto num laboratório vou estuda-la com cuidado e vou mostrar a alguém tem de haver uma explicação pra isso quando Roberto se deitou para dormir ele teve um sonho , estava em uma igreja , era um velório havia muitas pessoas vestidas de preto de cabeça baixa rezando ,alguém se aproxima de roberto e diz – senhor roberto seu trabalho e fotografar os mortos – Roberto se levanta vai até o caixão e olha o rosto do defunto, qual não foi sua surpresa o rosto que estava lá era o dele, o do próprio Roberto, nisso ele acorda impressionado, - não ,não bobagem eu estou impressionado,- ele se deita volta a dormir, quando acordou pela manhã a primeira coisa que ele faz – vou pegar a foto de dona Lurdes e vou levar para um laboratório e vou mostra para os técnicos para ver se eles podem desvendar esse mistério, - roberto abre a caixa então olha a foto, sabe o que havia lá ? nada um espaço preto , vazio, a foto tinha mudado de novo era como se a morta não estivesse mais lá – não, isso e impossível – gritou roberto nisso ele sente uma mão frio no seu ombro e uma voz que diz – roberto, tire minha foto – haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa – o corpo sem vida de roberto foi encontrado vítima de um ataque fulminante do coração em uma de suas mãos havia a foto de um rosto de um senhora de olhos e boca fechados, mais tarde no velório, que foi numa igreja um fotografo tirou a foto do rosto de roberto quando ele revelou a foto o rosto estava sorrindo....
ideraldoluis
Enviado por ideraldoluis em 19/09/2017
Reeditado em 27/02/2021
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