POESIA NO CHIQUEIRO

Os escritos estão na parede

Feitos com as fezes do coração

Cuspo uma prece no ar

Ela cai de volta em meu rosto

Ardem os meus olhos cegos

Uma bela freira com seus lindos seios à mostra

Ajoelha-se na minha frente

Com sua mãe envolta em arames farpados

Masturba-me fortemente

Suas mãos fazem o sangue escorrer

Ejaculo em seus seios rosados

O sémen espirra se misturando ao sangue rubro

Deslizando no corpo daquela mulher sagrada

Em sua mão esquerda ela traz uma bíblia negra

Ela abre a boca deslocando a mandíbula

Uma abertura enorme em sua cavidade oral

Sua língua negra de serpente se mostra

Alfinetes envenenados na ponta

Lambe lentamente minha glande ferida

Uma banda musical de anões vestidos de palhaços de circo toca uma música trágica

Lacraias vermelhas dançam sob meus pés

A bela freira urina em um cálice dourado

Com uma das mãos ela me oferece seu licor amargo

Dois elefantes cinza nos denunciam

Ofendem-nos ferozmente e com veemência

Um velho aleijado tenta desesperadamente apagar os escritos na parede

Palavras de amor, paixão, dor, angústia,

Verdades escritas com o fogo da alma

As fezes da parede já estão ressecadas

O velho tem dificuldade em apagá-las

A parede grita de dor

Tenta se defender da atitude do velho homem

A velha parede descascada luta em vão

Suas rachaduras são visíveis

Os escritos não devem ser destruídos

Um pequeno garoto com cabeça de repolho surge para protegê-la do velho

Ele rouba seu esfregão e o balde com água suja

Derrama-o pelo chão

O velho senta-se no chão e chora como um bebê

Uma cadela de três patas surge para amamentá-lo

Com suas tetas carregadas de leite canino

O pequeno garoto com cabeça de repolho

Deita ao lado da velha parede

Acaricia suas rachaduras com delicadeza

Deslizando seus jovens dedos de cenoura

Em cada frase formada com aquelas fezes ressecadas

Uma velha mulher tenta distrair o garoto

Ela rouba e cena no show circense dos anões

Faz malabarismos com bebês recém-nascidos

Os porcos do chiqueiro aplaudem o seu número

Enquanto preparam um belo churrasco de carne humana

Os pratos são servidos

Vinho menstrual

Azeite de cabelo

Unha frita

Dedo ao molho rose

Testículos cozidos

Patê de pele

Intestino caramelizado

Um verdadeiro banquete

Ao lado os porcos negociavam os sentimentos humanos

As prateleiras continham

Alegria, amor, paixão, medo, dor.

Tudo estava à venda

O pequeno garoto com cabeça de repolho se levanta

Despede-se da velha parede

Escreve um último verso com suas fezes vegetais

Olha para o horizonte

Segue em direção da estrada de pregos

Deixa uma flor para o pobre homem que está virando boneco de madeira

E se despede

Lacraias dançam em meus pés

A freira termina o sexo oral

Sua mandíbula volta ao lugar

Recolhe sua língua

Coloca sua bíblia negra em minha testa

E cospe em minha garganta

Do cuspe nasce um escaravelho azul

Ele tapa minha respiração

Engasgo e perco o ar

Caio no chão

Batendo fortemente a cabeça

O sangue do meu crânio aberto espirra

Na velha parede onde os escritos feitos de fezes estão

Um novo poema se forma

O sangue resseca

E a velha parede se fortalece

‘’Meu amor, você deve estar em seu quarto agora lendo essa carta em forma de poema que deixei em sua cama. Fiz especialmente para você, para demonstrar o quanto eu te amo. Você deve ter percebido que ao lado da carta tem uma pequena caixa vermelha. Dentro dela eu deixei um dos meus dedos e o meu prepúcio, cortei-os para provar que meu amor por você é visceral. Tenho observado cada passo seu em segredo todos os dias sem que me percebas, não sabe quem sou. Hoje conhecerá todo o meu amor por ti. Sempre que você sai para trabalhar eu entro em sua casa e recolho os teus fios de cabelo, os papéis higiênicos que você usa, a comida que você descarta, os lenços de papel que enxugam o seu nariz e suas lágrimas, me masturbo nas suas gavetas de calcinhas para que sempre tenhas algo meu com você no seu dia a dia. Tenho uma enorme coleção em casa com todos os seus absorventes. Amo você meu amor, quero cortar todo o seu corpo com minha faca especial, quero arrancar os teus olhos lentamente. Necessito tirar toda a sua pele para usá-la como minha vestimenta especial. Prometo que vou cuidar com amor e carinho do seu cadáver. Vou fazer amor com ele todos os dias que puder. Agora sabes o quanto eu te amo, muito em breve estaremos juntos para sempre’’.

P.S. Se quiser me conhecer olhe embaixo de sua cama.

K H A O S
Enviado por K H A O S em 31/07/2017
Código do texto: T6070030
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