O Julgamento do Príncipe das Abominações

O Pai de Todos os Pecados, O Mestre da Maldade, O Filho da Iniquidade, O Maior de todos os Blasfemadores, O Rei das Heresias... Caiu, caiu o Grande Corruptor, O Iniciador de todos os Demônios, o Portador da Chave da Escória Imunda. O Faminto por Almas, o Amante da Perdição, O Gênio Infinito da Luxúria, O Patrono das Ciências...

Capítulo 16 - O Julgamento do Grande Rei

As tropas celestiais avançaram e ouviram terríveis gargalhadas que anteciparam uma grande explosão. Apesar da baixa significativa, tiveram sua vitória. Sim, caiu, caiu a Grande Babilônia. Festejaram.

Aquelas gargalhadas não pareciam de seres que estavam prestes a desaparecer do universo. Por isto por alguns instantes ficaram sem entender o que havia acontecido. Lúcifer, Satanás e antiga Serpente caíram em combate, mas não sem antes caírem no riso. Talvez toda a Terra tivesse ouvido estas gargalhadas.

Porém não seria tão fácil. Foram trazidos a existência para que fossem julgados e condenados ao fogo eterno. Aprisionados então seriam levados a julgamento diante dos Santos. Embora parecesse mais um sentenciamento do que um julgamento.

Arrolaram-se as acusações. Os acusados se permitiram então o último prazer da retórica e do debate. Não que isto fosse absolve-los, mas como um joguinho para se distrair enquanto aguardavam uma sentença certa.

A primeira acusação fora por Desobediência e Rebelião. Haviam rompido com ordens e questionado a vontade divina. Quiseram fazer valer a própria vontade em prejuízo daquela de Deus. O que não negaram.

Disseram que viveram o livre-arbítrio, se sentiram livres como os humanos e puderam errar, aprender e recriar sem a obrigação de serem perfeitos.

A segunda acusação, a de fazer cair em pecado o gênero humano e de fazer perder a salvação boa parte deste, recusaram prontamente. Argumentaram que o poder de salvar ou perdoar não era deles, portanto não caberiam a eles esta responsabilidade. Contra isto lhes foi dito que ao inspirar o pecado nos homens, os fizeram também caírem e perderem a salvação.

Argumentaram que se tiveram responsabilidade nisto, então não deveriam ser os homens punidos. Agora se puderam os homens escolherem o mal por que lhes fora permitido tentar os homens? Por que foram deixados à solta?

Lhe fora alertado então que os homens têm livre arbítrio e que teria com isto a chance de escolher entre o bem e o mal. Então argumentaram que fizeram então parte de um plano celestial, onde fizeram o papel de alternativa ao bem, para que os homens tivessem escolha. Se não tivessem feito este papel, o livre arbítrio não teria sido possível. Suas más ações foram necessárias, se não foram necessárias, por que Deus não as evitou os detendo antecipadamente?

Como alguém seria responsabilizado por algo se este fora um instrumento deixado a agir com o propósito determinado por outro? Este que os usou para este propósito também não teria que ser responsabilizado? Argumentaram em vão.

Deus interviu e disse:

“A verdade... O que é a verdade? Havia questionado em outros tempos Pôncio Pilatos. A verdade é aquilo que se ama acima de tudo. O dinheiro, as crenças, as fortunas, a fama, o domínio e qualquer coisa que o olho humano alcance. A verdade é tudo aquilo pelo qual as pessoas se dispõem a viver e morrer. A adorar acima de tudo e qualquer coisa.

No final das contas a verdade, tal como explicado acima, prevaleceu. Para aquele que se opõe a verdade, se dá o castigo destinados aos traidores. Os que negam a verdade pela qual muitos morreriam e viveriam, este é considerado herege e blasfemador.

Por isto eu quis que os homens amassem exclusivamente a mim mesmo. Não que eu precisasse deste amor, mas que ao amarem diversas coisas lutariam entre si para as possuírem e tomarem uns dos outros. Eu não posso ser objeto de posse, sou infinito e como tal haveria para todos.

O quanto não se matou enquanto o próprio Deus era visto como algo de propriedade de um grupo ou de uma instituição? E como os homens ficaram famintos e sedentos de Deus quando a eles só era permitido um pouco e ainda assim mediante algum tributo.

Acabarei com todas as guerras por que agora todos me conhecem e não precisam de intermediários, sou gratuito e infinito. Estes anjos caídos serão devolvidos a terra, assim como os demais pecadores. Ninguém mais terá razão para pecar, por que agora todos têm a verdade.”

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 03/07/2017
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