O AMOR NÃO EXISTE,A DOR SIM.

O amor não é um sentimento real, é apenas química, é o nosso cérebro liberando altas doses de adrenalina, noradrenalina, dopamina e mais um punhado dessas substancias que eu não sei para que servem.

Sozinho nesse pub, tomando meu Chopp rodeado de casais que parecem felizes, presos em seus mundinhos particulares, eles não parecem saber que essa tal felicidade essa tal paixão pode acabar de uma hora para outra.

Há menos de vinte quatro horas eu estava nesse mesmo local com minha ex-noiva, estávamos felizes, pelo menos eu acreditava nisso, nove anos de relacionamento, ensinei muitas coisas aprendi muitas coisas. Acreditei que éramos para sempre, mas hoje pela manha, ela decidiu colocar um ponto final em nossa relação, não foi cara a cara, foi por uma mensagem deixada no facebook, uma mensagem curta e fria: Ramiro penso nisso há muito tempo, não posso mais continuar nesse relacionamento, preciso de tempo para investir em minha carreira, fique bem.

A lembrança me deixa com mais raiva ainda, uma crescente vontade de vomitar sobe pela minha garganta, não sei se é pelas lembranças de Carolina que insistem em ficar martelando na minha cabeça, ou se é pelo efeito da bebida.

Um casal da mesa ao lado pede ao garçom para tirar uma foto deles, na mesa da direita um grupo de amigos está comemorando o aniversario de alguém, quando uma jovem levanta já bêbada e faz um discurso emocionado agradecendo ao namorado que se levanta da cadeira e lhe tasca um beijo, a cena é demais para mim, me faz lembrar de todas as comemorações que tive com Carolina, começo a me sentir sufocado naquele ambiente, viro meu copo de Chopp e ao esvazia-lo o jogo com toda força no chão.

Todos no bar me olham eu apenas digo:- Essa felicidade de vocês vai acabar como a minha acabou, o amor não existe.

O gerente do bar se aproxima de mim e pede para eu me retirar, pago a conta jogando uma nota de cem no balcão e não espero o troco, saiu do pub e descubro que está chovendo, sem me importar com a chuva, decido caminhar até em casa.

As ruas estão desertas todos parecem estar em suas casas fugindo da chuva, caminhando absorto em meus pensamentos, rua após outra, vou lembrando do meu passado com Carolina, os sentimentos em mim são contraditórios, sinto raiva dela na mesma intensidade que sinto amor, sinto saudade com a mesma força que sinto nojo, com a mente inquieta quase não notei o velho sentado no meio fio na calçada, o que diabos ela fazia ail,naquele temporal.

Ele tinha um chapéu de palha na cabeça, estava com o peito nu, vestia uma calça jeans surrada e estava descalço.

-Eu posso lhe ajudar! Disse o velho para mim enquanto girava a mão no ar e fazia aparecer um cigarro aceso em suas mãos.

Reparei que a chuva não caia sobre ele, era como se em cima de sua cabeça existisse uma cobertura invisível.

-Estou ciente de sua dor. Continuou dizendo enquanto tragava o cigarro.

-E se eu lhe dissesse que posso lhe dar o que você quer de volta, que você só precisa pedir com as palavras certas?

Intrigado perguntei quem era ele, por um momento ele apenas continuou dando tragos em seu cigarro, após alguns segundos ele retrucou: -Isso importaria se eu realizasse seu maior desejo?

-O que preciso fazer para ter Carolina de volta?

-Fazer o pedido com as palavras certas!

Mesmo embaixo daquele temporal senti a temperatura subindo e reparei que do corpo do velho subia fumaça.

-Quero Carolina de volta, que ela nunca mais me deixa e que ela perceba que ela não consegue viver sem mim,e que de agora em diante todo passo que ela der seja em prol do nosso relacionamento, que ela respire o nosso relacionamento.

-Seu desejo está realizado! Respondeu o velho em seguida a fumaça que saia do seu corpo se transformou em fogo consumindo rapidamente o corpo do velho que sorria e não deixava escapar nenhum gemido de dor, assustado corri em direção a minha casa.

Não tinha se passado nem cinco minutos desde que eu estava em casa, à lembrança do velho ainda estava em minha cabeça quando alguém bateu na porta. Era Carolina.

Carolina pulou em meus braços assim que abrir a porta, disse que sentiu uma urgência em me ver, que nada mais nos separaria, pediu perdão por ter terminado nosso relacionamento, chegou a se ajoelhar para implorar perdão, eu a levantei do chão e lhe tasquei um beijo demorado, fomos para o quarto e transamos como há muito tempo não fazíamos.

Acordei no dia seguinte leve, e feliz, minha amada ainda dormia, fui trabalhar sem acordá-la. Ela estava linda dormindo.

Por volta de meio dia recebi uma mensagem dela se queixando por eu ter saído de casa sem ter me despedido, estranhei sua reação porque ela nunca foi de agir assim, mas respondi dizendo que não queria acordá-la.

Uma hora da tarde a recepcionista da empresa me avisou que Carolina estava lá embaixo me aguardando, surpreso fui atendê-la, ela estava devastada assim que me viu me abraçou e começou a socar meu peito e a dizer: - Não faça mais isso, nunca mais, não consigo ficar um minuto longe de você.

Ela tremia e chorava de soluçar, tentei acalmá-la dizendo que estava tudo bem que em casa nós conversaríamos, mas nada adiantava, tive que pedir ao meu chefe para sair mais cedo.

No decorrer da semana fui notando que aquela não era a Carolina que conheci, ela tinha perdido a vontade de viver longe de mim, tudo que ela fazia era em função de me manter por perto, sete dias depois do seu retorno me sentia tão sufocado que até os minutos que eu ficava sozinho no banheiro me davam uma sensação de paz.

Certo dia estava deitado assistindo um filme com ela sobre meu peito quando recebi uma ligação do trabalho, a secretária me informou que precisavam de mim urgentemente.

Ao tentar sair de casa, Carol se jogou no chão e agarrou minhas pernas para impedir que eu saísse eu tentava me desvencilhar dela, mas ela estava agarrada firmemente em minhas pernas a única coisa que eu estava conseguindo era arrasta-la no chão.

Com muita dificuldade consegui me livrar dela e corri em direção à saída, peguei as chaves e a tranquei dentro de casa, não era certo deixar ela naquele estado, mas minha vida não podia parar.

Assim que cheguei ao trabalho fui direto a sala do gerente que me comunicou da minha demissão, eu nada disse apenas escutei e sai da sala para recolher meus pertences, quando já estava do lado de fora do prédio liguei meu celular, havia mais de cinquentas ligações do meu antigo amor, respirei fundo e resolvi não voltar pra casa imediatamente, fui para um bar beber.

Depois do quinto chopp apreciando minha solidão uma antiga amiga de escola me reconheceu e sentou ao meu lado para conversarmos, seu nome era Helena, e diabos, ela continuava linda.

Ela me contou que estava recém-divorciada, que não tinha filhos, e eu aproveitei para contar que também estava em crise com a minha companheira, durante a bebedeira uma tensão sexual foi se criando entre nós dois e dormimos juntos em um motel próximo ao bar.

Pela manha nos despedimos e voltei pra casa, Carol estava sentada no sofá e veio correndo na minha direção me abraçar, queria saber onde eu estava, expliquei que havia sido demitido e que precisava beber a afastei de mim e fui para o quarto deitar.

Acordei com ela mexendo no meu celular, tentei me mexer, mas meus braços estavam amarrados na cama, ela virou-se para mim e apenas disse:- tem um numero novo na sua agenda telefônica, eu memorizei todos os seus contatos, quem é essa Helena?

Pego de surpresa e ainda caindo no sono apenas disse que era uma amiga que reencontrei, ela sentou ao meu lado na cama e digitou uma mensagem para Helena: Vem na minha casa hoje, o endereço é Avenida União n°643.

Para o meu desespero Helena respondeu rápido: Rs.. Passamos a noite juntos e como eu iria à sua casa, e a louca da sua namorada?

Carol virou-se para mim, o olhar era muito frio, a feição do seu rosto era fechada, e não lembrava em nada a antiga Carol.

-Pode vim,ela ficará fora por uns dias,te espero as 17:00.

Em seguida colocou o telefone em cima do criado mudo e saiu do quarto.

Voltou um pouco depois carregando uma panela de agua fervendo na mão, aquela cena fez meu coração disparar.

Calmamente ela colocou a panela no chão e disse pausadamente: - O correto seria eu te matar, mas não sei viver sem você, mesmo depois da sua traição, isso não significa que você não tenha que pagar, você me magoou, e sei que se eu te soltar dessa cama você me trairia de novo, e isso não posso aceitar então esse é seu castigo ela abaixou pegou a panela no chão e derramou o liquido fervendo todo em meu peito,a dor era excruciante eu gritei, perdi o controle da minha bexiga e desmaiei.

..Eu estava andando por um túnel escuro, eu sabia que estava sendo observado, o túnel era quente,eu suava tanto que minha cueca estava úmida. Eu sentia a força do mal naquele lugar, havia lamento, decepção, continuei caminhando, um pouco mais na frente vi um garotinho de não mais de dez anos acorrentado em uma bicicleta, ele me encarava com um olhar triste, varias pessoas passavam por mim,todas elas parecendo carregar suas tristezas particulares, uma mulher segurando um recém nascido, um homem engravatado segurando uma mala cheia de dinheiro, de alguma forma era como se eles tivessem vendido a alma para conseguir o que queriam e mesmo sem ver,eu entendi tudo aquelas pessoas tiveram o encontro com o mesmo velho que eu.

-Feliz? Perguntou o velho com um tom de deboche surgindo no meio da escuridão.

-Você me enganou! Gritei para ele.

-Eu? Você não escolheu suas palavras com cuidado em seguida ele emulou minha voz e disse: Quero Carolina de volta, que ela nunca mais me deixa e que ela perceba que ela não consegue viver sem mim,e que de agora em diante todo passo que ela der seja em prol do nosso relacionamento, que ela respire o nosso relacionamento.

-Foi exatamente isso que te dei, ela não tem mais vontade própria ou algum tipo de desejo que não seja ficar com você, e quando você morrer você virá pra cá. O velho começou a gargalhar e foi sumindo aos poucos quando acordei estava deitado na cama e sentia meu peito queimando por causa da agua quente.

Algum tempo depois escutei um forte estrondo vindo da sala, seguido de um silencio sepulcral, algum tempo depois Carolina entrou no quarto sorrindo, com o corpo coberto de sangue e em sua mão direita ela segurava a cabeça de Helena.

Jogou a cabeça no chão e disse para mim: - Essa piranha não vai mais ficar entre nós dois, tirou minha calça e me chupou, mas a junção da dor com o a morte de Helena fizeram com que eu não sentisse nada, revoltada Carolina montou em mim mas eu continuava sem me excitar, ela começou a me dar duros golpes na cabeça e gritava que eu não a desejava mais até que ela cansou de tentar e sal do quarto.

Fiquei ali deitado, chorando pedindo a Deus que me mostrasse um jeito de sair daquela situação, ela voltou andando em passos rápidos em sua mão ela segurava uma tesoura, para o meu terror ela segurou o meu pênis e disse sorrindo: -Se eu não posso te ter ninguém mais terá e em seguida decepou fora meu pênis.

Eu urrava de dor, eu queria que tudo aquilo acabasse, só queria morrer, era mais dor que o meu corpo podia suportar e no meio de tudo aquilo uma frase me veio à mente: O amor não existe, a dor sim.