A Morte do Sol
Eu estava lá quando o Sol morreu. Simplesmente se apagou.
Vi o dia se tornar noite, uma noite sem amanhecer.
As ruas continuavam iluminadas pela luz elétrica dos homens, mas o frio começava a tomar conta. De início ninguém sabia de nada, as autoridades iam desesperadas a TV, os cientistas discutiam afoitos a causa do fenômeno. Mas ninguém sabia de nada.
O Sol se apagou, e a Lua também, pois não havia mais luz para refletir, não havia distinção entre noite e dia. Apenas as estrelas.
No mundo todo as sociedade colapsavam. Toda energia vinha do Sol, o frio tomava conta do mundo.
A energia elétrica aos poucos se acabava. As cidades conheciam a escuridão, pelas ruas homens carregavam tochas. As florestas e plantações morriam, animais invadiam as cidades em busca de luz e de comida. A cada esquina uma fera da escuridão atacava.
Os dias passavam, as semanas passavam. O frio cada vez maior. A comida acabava. Em todo lugar madeira era queimada em busca de luz e calor. Grupos de homens organizavam caçadas e quando não encontravam nada, caçavam outros homens.
Lembro do gosto da carne dos homens, carne magra e sem esperança.
O mundo era escuro, mas por baixo daquela escuridão era branco, pois sabíamos que o gelo e a neve cobriam tudo. Nossas casas e prédios eram inúteis para nos proteger do frio, cavávamos buracos ou nos abrigávamos nos esgotos debaixo da Terra, saindo apenas para coletar os espólios da civilização, caçar os vivos ou cavar pelos cadáveres dos mortos.
Então, um dia, quando vagávamos com nossas tochas em busca de alimento, vimos algo no leste. As nuvens refletiam algo palidamente. Seria uma fogueira de outro acampamento ao longe? Não, era extenso demais. E aquele brilho crescia, aos poucos, tornando-se vermelho, tornando-se laranja, iluminando toda a Terra como um mar de sangue.
E, como se nunca um dia tivesse ido embora, ele começou a despontar. Uma esfera de luz se descobria da Terra e seus raios mais uma vez aqueciam nossa pele.
O Sol nascia de novo.