Corpo Vazio
A dor gravitava o peito e elevava-se aos olhos, transbordando a derrota que a vida lhe impusera.
No sonho o filho chutava.
A barriga se mexia alegremente em um furor contagiante. A criança sorria (ou talvez gritava). Até o sangue escorrer por entre as pernas; a vagina se abriu e vomitou o morto que caiu como pedra. O crânio rachou-se num quadro pintado em guache.
Acordou assustada, soluçando entre choros e gemidos. Na cama a casca da criança se agarrava aos seus braços. Sabia que ali encontraria o amor de mãe.
A cabeça aberta lembrava uma flor.