Minha amiguinha

Thays brincava sozinha com sua boneca nos fundos do quintal de sua casa, recém-comprada pelos seus pais.

O vento repentino esvoaça seus cabelos longos de cachinhos dourados, quando uma menina da sua idade aparece e lhe diz:

-Oi!_Thays, assustada responde:

-Olá, quem é você?

-Somos vizinhas agora, seja bem vinda.

-Hum... Como você se chama?

-Eu me chamo Simone, e você?

-Thays! Quer brincar comigo?

-Sim. –E direcionando o olhar para o balanço, na árvore do vasto quintal da casa de Thays, propôs: - Vamos brincar no balanço?

-Vamos... que legal! – respondeu Thays com enorme alegria. Animadas, as duas meninas correm para o brinquedo.

-Eu empurro você. –disse Simone

-Tá bom, bem alto hein.

Com alegria, as duas meninas brincam e meia hora depois, a mãe de Thays a chama para almoçar:

-Thays, vem almoçar filha! – e vindo em direção à menina, a mãe continua- Como você está alegre, parecia que estava brincando com mais meninas!

E diminuindo a força do balanço até parar, Thays respondeu:

-Estou brincando com Simone, minha nova amiguinha e vizinha nossa._Ela olha ao seu redor, mas não vê sua amiga.-Ué,cadê ela? Ela estava aqui brincando comigo!

-Talvez ela foi embora sem você perceber! Olha o buraco na cerca.

-Que estranho! Olha o arquinho dela ali, ela deixou cair.

Depois do almoço, a mãe de Thays, vai à casa vizinha, para devolver o arquinho de Simone e é claro, fazer amizade com a mãe da menina. Ela bate palmas e uma mulher aparentando uns 40 anos aparece na janela.

-Sim, em que posso ajudar?

-Ah, olá! Sou sua nova vizinha, me chamo Andreia e, minha filha estava brincando com sua filha hoje de manhã e deixou cair o arquinho dela lá no quintal e vim devolver...

-Com minha filha? Mas como? –Ela sai da janela e abre a porta, para atender Andreia no portão. -Onde está sua filha?- Algumas lágrimas brotam de seu rosto.

-Bom... ela está em casa assistindo TV.

-Então dona Andreia, eu me chamo Maria, muito prazer e seja bem vinda. Não sei como isso foi possível, mas... - ela começa a chorar.

-Calma, o que houve?

Mais calma, ela por fim responde:

-Minha filha de 8 anos... morreu à 3 anos!

-Desculpe, eu... eu sinto muito, mas foi minha filha quem disse que brincou com ela de manhã, no balanço!

-Tudo bem, vamos até sua casa, eu preciso mesmo conversar com alguém. -e chegando a casa, Andreia diz:

-Pode entrar, vamos até a cozinha.

-Com licença.

-À vontade!

Thays vem até a cozinha, dizendo:

-Mamãe, Simone veio assistir TV comigo.

Ao ouvir a pequena menina de nove anos, d.Maria quase teve um ``treco. Percebendo isso, Andreia a ajuda,segurando-a. _Calma! –E dirigindo-se para Thays, ela diz: -Filha, pegue um copo com água, rápido!

Recuperando-se do choque emocional, ela pergunta a Thays:

-Você disse que minha filha está lá na sala?

-Sim, e ela disse que ama muito a senhora!

As duas mães, confusas, vão até a sala. Seus olhos caminham por todo o interior do recinto na esperança de encontrar o fantasma da menina morta,que com toda inocência de criança,Thays afirmava ter tido contato duas vezes naquele dia.A porta e a janela estavam trancadas e na TV passava o desenho clássico do Pica-pau,mas Simone não estava lá.A sala estava mais fria que os outros cômodos da casa e uma aura estranha dominava aquele recinto,causando estranhas sensações e arrepios nas duas mães.

Alguma coisa teria que ser feita e Thays não estava mentindo. As duas mães acreditavam na menina,sem mesmo ter presenciado a suposta aparição e naquele mesmo dia saíram a procura de alguém que entendesse do assunto,talvez um padre ou alguém aprofundado no espiritismo, para poder ajudá-las.

Enquanto as mães conversavam com o padre nos fundos da igreja, Thays ficou sozinha, sentada em um dos bancos, quando o fantasma de Simone senta ao seu lado:

-Oi Thays!

-Oi amiguinha. É verdade que você já morreu?-perguntou Thays com um pouco de medo.

-Sim, mas eu não vou lhe fazer nenhum mau, fique tranqüila!-respondeu com doçura angelical, a finada Simone.

-Mas por que você está fazendo isso? Fantasmas assustam e eu agora estou com um pouco de medo de você... e nossas mães estão conversando com o padre...acho que elas não querem que você fique aparecendo para mim...

-Você acha que se eu fosse um fantasma do mal, estaria dentro de uma igreja?

-Acho que não. -comentou Thays,paralisada de medo,com a situação em que se encontrava:conversando com um fantasma,ou talvez um anjo...

-Então, diga pra minha mamãe, que eu amo muito ela e que eu não vou mais ficar aparecendo pra você. É a última vez,palavrinha de anjo,tá?

-Mas por que você não aparece para ela?-indagou Thays, agora mais calma.

-Ela não suportaria me ver e passaria muito mau, e eu não quero fazer mal algum pra minha mãe e para ninguém!Faça o que eu te disse. Eles estão vindo,tchau amiguinha.

-Adeus Simone!

O padre veio conversar com a menina, que contou todos os detalhes até a mais recente aparição, ali dentro da igreja.

O padre,por fim concluiu o óbvio: “Assim como demônios; anjos também caminham sobre a face da Terra”

A menina nunca mais apareceu, mas sempre visitava os sonhos de sua mãe e de Thays!

FIM

Indião Rotting Christ
Enviado por Indião Rotting Christ em 17/11/2015
Código do texto: T5451224
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.