A Última Película da Liberdade Onde o Orgulho e a Covardia são as Estrelas Principais - DTRL 23 - #Luto#
14-Maio-2015
O sol está radiante no céu, as nuvens foram passear em outra direção e o dia está aberto na grande cidade de Lakewood. Will toma um gole de água gelada enquanto senta em uma cadeira ao lado de sua piscina que se encontra em seu jardim, o jardim da bela mansão que conquistou com seus míseros filmes de meio sucesso e, claro, vários assaltos e assassinatos. Ganhara muito dinheiro com isso e continuava ganhando, nunca rejeitara um só serviço e não será o próximo que irá, o seu celular começa a tocar.
- Alô – Diz Will com uma voz despreocupada, e durante os próximos cinco minutos ouve a voz falar e detalhar cada coisa da sua missão, digamos assim.
- Sim, aceito. – Desliga o celular e olha para o céu azulado, mora em uma mansão, porém não tem família e muito menos uma namorada. Sai com garotas é claro, mas nenhuma delas se compara a sua amiga Valente. Seus cabelos ruivos e pele clara são a coisa mais bonita que ele já vira e nenhuma outra se comparava a ela. Nunca se perdoou por ter deixado escapar a chance de namorá-la, vive com esse fantasma dentro de si. Após longos minutos de devaneios decide ligar o notebook e escrever uma ideia para um filme.
25-Maio-2015
Valente faz o almoço enquanto seu marido vai pegar o filho no colégio, após se casar mudou-se para Fallen, uma cidadezinha muito pacata há uns duzentos quilômetros de distância da grande Lakewood. Não sabia mesmo se era isso o que queria, mas agora já era tarde demais para pensar, sempre esperou algo ardente e apaixonante, porém nunca realmente conseguiu isso e decidiu casar com o primeiro bem sucedido e com um serviço nobre que lhe apareceu, não que isso fosse totalmente ruim já que agora ela tem uma casa boa em uma cidade que adora, mas falta algo... Sempre lhe faltou. O telefone toca.
- Alô – Diz com uma voz apressada, já que tem panelas no fogão.
- Sou eu Valente. Will – Fala baixo demais, mas não tão baixo que fizesse Valente não gelar e tremer.
- Olá, quanto tempo né. – Valente tenta não parecer tão nervosa, sempre achou que Will fosse seu amor verdadeiro, porém nunca achou seguro o que ele fazia, e não, não são os crimes e sim seus filmes. Apesar de adorá-los, poucos gostavam e uma hora o, pouco, dinheiro iria parar de entrar.
- Sim, bastante. Mas eu preciso te confessar uma coisa... – Um minuto de silêncio na linha – Você sabe que sempre lhe amei e também sabe que nunca vou deixar de te amar... Por mais que eu saia com outras garotas nenhuma se compara a você e nenhuma história iria se comparar a nosso amor. Nenhum filme do Woody Allen seria melhor que nós dois juntos, muito menos os livros do Nicholas Sparks. Nosso amor iria nos levar a um patamar de se comparar a It´s a Wonderful Life. – Will começa a chorar e Valente também, ambos sabem que tudo que foi dito é a mais pura verdade. Os dois deixaram as coisas passar e não fizeram acontecer, agora infelizmente não dá mais.
- Por que Will, por que. – Voz soluçando – Depois de todo esse tempo, por que retomar a isso agora, dizer tudo isso de novo. Me fazer odiar por não te tido coragem de abdicar tudo e ir ficar com você. – Valente ainda chora.
- Não se odeie, no seu lugar eu faria a mesma coisa... E isso é uma despedida. – Alguns segundos de silêncio.
- Do que você está falando? – Valente fica preocupada.
- Aceitei meu último trabalho – Fala Will agora com voz de orgulho.
- Seu o que? Como assim, explica melhor isso. – Fala agitada, e sim já esqueceu-se da comida no fogão.
- Liga a T.V no canal principal daqui à uma hora e você verá meu melhor filme. – Will ri no final da frase.
- Mas você nem me avisou que estava fazendo um filme, sobre o que é?
- Apenas ligue a T.V – Will só termina a frase e desliga o telefone, Valente segura o telefone ainda por alguns minutos pensando no que estaria acontecendo agora se ela tivesse tido coragem.
14-Maio-2015
Após aceitar o serviço e escrever a ideia para um filme Will pega a chave de seu carro e dirige até o centro da cidade para buscar seu parceiro de vida e crime, Puro. Chegando lá Puro entra no carro batendo a porta.
- E ai filho da puta. Como vai? – Puro costuma ter um linguajar muito peculiar.
- Estou bem. – Diz com desdém Will.
- O que houve cara? Não está animado para assaltar a porra de um restaurante? – Fala Puro na maior empolgação do mundo.
- Estou. É que vou me aposentar dessa vida de crime. Aceitei um serviço que vai me tirar dessa. – Will sorri para seu amigo.
- Que bom colega. Você sabe que se eu não tivesse me envolvido com drogas e coisas assim eu iria ter tido uma vida digna, e não essa vida de merda, roubando e matando pessoas. – Puro dá um soco no painel e após alguns segundos pergunta – Que serviço?
- Antes eu preciso te falar à ideia que tive para um filme. – Diz Will e Puro encosta-se ao banco e espera o amigo começar a falar.
- Todos os papas recebem um pedaço de folha com um segredo que o Vaticano esconde há anos e então o Papa decide marcar uma coletiva de imprensa e também aberta ao público para revelar o que está escrito nesse papel, então logo após ele dizer a primeira palavra alguém em um ponto estratégico atira nele – Will fica esperando alguma resposta.
- Caralho cara. Que ideia boa. Pode dar um bom filme e uma ótima bilheteria e reconhecimento, pode dar mais lucro que o seu filme Alice na Toca do Coelho – Diz Puro animado, mas Will o mata com os olhos.
- Não fale desse filme pra mim. Eu o odeio.
- Não sei como você odeia seu principal filme. Foi ele que te deu esperanças de ser indicado ao Oscar e lhe rendeu um bom dinheiro e boas críticas.
- É disso que estou falando. Todas as coisas que eu faço agora são comparadas com aquele filme.
- E isso não é bom?
- Outros filmes que vieram depois são melhores e não deu boa bilheteria por que a crítica os comparou com Alice. Diálogo com a Morte e Cidadela são filmes bem melhores que Alice. – Puro concorda com a cabeça – Mas não. Essa galera comparam tudo e ai fica essa droga que quase ninguém assistiu a esses filmes.
- Realmente, é verdade – Puro fica pensando por um tempo – Mas pera aí, que trabalho mesmo você disse que iria fazer.
- Então, lhe contei. – Puro fica confuso.
- Pera aí. Você já vai fazer esse filme? – Will negou com a cabeça.
- Não é o filme, eu vou fazer a ideia que eu tive pro filme. – Alguns segundos de silêncio – O Papa disse que iria revelar um segredo do Vaticano dia vinte e cinco. Me contrataram pra matar ele antes que ele fale – Will sorri e Puro arregala os olhos.
- Você está louco? – Grita Puro.
- Não estou não. Um monte de gente vai assistir, vai ser um sucesso – Fala Will com os olhos brilhando.
- Cara você vai morrer, ou pior vai ser preso por essa polícia maldita.
- Fica frio. Está tudo esquematizado. – Will estaciona o carro e não deixa mais Puro fazer nenhuma pergunta, os dois saem do carro e vão assaltar um restaurante.
Os dois entram no restaurante cada um portando apenas uma pistola e dando tiro pro alto, todos no recinto se jogam no chão e o caixa levanta as mãos. Enquanto Puro cuida de roubar a carteira dos clientes, Will vai roubar o caixa.
- Vamos, passa toda a grana desse caixa que nada vai acontecer com você. – Diz Will em um tom sério.
- Pera aí, você não é o diretor de filmes? Meu Deus. É você Will. – Fala o caixa e Will se assusta por alguém reconhece-lo.
- Sim sou eu. Agora passa a grana logo ou eu te mato.
- Por que você parou de fazer filmes? Eu os adorava, meu favorito é o Diálogo com a Morte – Diz o caixa sem a menor preocupação, mas ainda com os braços levantados.
- Você quer Morrer? – Grita Will.
- Eu sei que no final a piscina tinha água e ele não morreu. E sei que a borboleta significa que outra pessoa estava tentando o ajudar, porém sem o esforço de quem está mal de nada adianta. Em Cidadela foi um desabafo contra essas pessoas do Facebook que se acham juízes e que podem simplesmente dizer quem pode morrer ou não. Que Terror Adolescente simplesmente é uma paródia dos filmes Pânico e que se seu nome tivesse duas letras antes ou depois seus filmes seriam mais bem falados e muito melhores criticados. Igual daqueles outros dois lá que esqueci o nome – O caixa abre um sorriso e o Will também. Will vai até o outro lado e vê três bolos de notas de cem reais, pega um e dá as costas indo em direção ao carro, chegando à porta ele olha pra trás e diz.
- Vou fazer mais um filme, vai passar na T.V dia vinte e cinco. Obrigado.
25-Maio-2015
Após a ligação para Valente tudo parecia ficar mais leve. Will queria muito ter ficado com ela, mas não lutou. Desistiu no primeiro não e isso o corrói. Está quase na hora, pensa, quase na hora do grande final de um filme que começou há uns dias. Will olha dá janela do prédio que está e consegue ver diretamente a cadeira que o Papa irá sentar e o microfone que ele usará para tentar revelar o segredo. Todos ficam de pé e começam a aplaudir, o Papa finalmente se sentou e dois seguranças fortes estão atrás dele. Porém Will consegue ver certinho o Papa, um tiro e já era, porém ele espera mais.
Valente não para de pensar no Will e vai correndo ligar a T.V na hora que ele disse. Passa os canais até chegar ao principal, ela acha estranho, pois está passando a coletiva do Papa ao invés de algum filme, porém ela se senta e começa a assistir.
O Papa faz o gesto da cruz com as mãos e ordena que seus seguranças tragam a caixa, os seguranças trazem a caixa e os repórteres começam a balbuciar um monte de coisas e fazer um monte de especulações.
- Está quase na hora – Fala Will. Que prepara o seu revólver, sim revólver, queria que o jeito ficasse mais falado que o ato.
Valente foi até a cozinha pegar um biscoito da sorte e abriu o papel, tinha algo muito bonito nele que memorizou e jogou no lixo, após voltar a olhar a T.V ela compreendeu o que estava acontecendo.
- Meu Deus Will, NÃO – Grita e vai correndo pegar o celular e discar o número dele. Chama, chama, chama, chama. Ninguém atende. Então ela manda uma mensagem e começa a chorar em frente ao televisor.
O Papa abre a caixa e tira um pedaço de papel de dentro.
Will escuta seu celular vibrar, porém o ignora e vai para janela. Aponta a arma.
Papa abre o papel vai até o microfone.
- Deus.
Will dispara.
Papa cai no chão, a multidão está em silêncio atordoada e sem saber o que fazer, um dos seguranças se abaixa para checar. Vai ao microfone.
- Está morto.
Will tem uma rota de fuga, mas não a usa. Fica em silêncio por alguns minutos e ouve passos nas escadas, ele levanta as mãos e joga a arma no chão.
30-Maio-2015.
- Levanta meliante. Você tem visita. – Will levanta assustado e sai de sua cela. Quando chega até a sala de visita não acredita em quem ele vê do outro lado do vidro. Ela, linda como sempre, Valente. Will senta e pega o telefone.
- Olá – Diz timidamente.
- Olá, Will. – Um silêncio por alguns segundos.
- Não podemos perder tempo com isso, a visita é rápida – Fala Will e os dois riem.
- Por quê? Por que você fez isso? – Pergunta Valente.
- Eu fiz a minha escolha. Aposto que esse um monte de gente viu. – Ele ri, ela não.
- Isso não é um filme, você vai ficar ai pra sempre.
- O que adianta ficar ai fora? Agora eu tenho um lugar.
- Poderíamos ter ficado juntos, você sabe disso – Valente começa a chorar.
- Você disse não pra mim, depois disso eu desisti de tudo. Aconteceu o que tinha que acontecer – Valente retira um jornal da bolsa e o estende diante do Vidro. Na capa do jornal tinha a foto do Will com a frase “Atirou com um Revólver” Ele sorri.
- Eu queria ter tido coragem. Só isso. Eu te amo Will, sempre vou lhe amar.
- E eu queria ter lutado mais por você, queria ter te convencido que eu era o melhor pra você. Você sempre se culpou, mas na verdade o verdadeiro culpado sou eu. Eu falei para todos menos para você... Queria que as coisas caíssem no meu colo, não busquei, não fui atrás, fiquei redundante e te perdi pra outra pessoa. A culpa de a gente não estar junto é minha, é nossa talvez, mas com certeza não é só sua. Não se odeie por isso, por favor – O Telefone fica mudo, acabou a hora da visita, um policial chega para levar o Will de volta pra cela, ele se vira e Valente dá um beijo no vidro.
Puro está em casa bebendo uma cerveja e jogando toda a droga que ele tinha guardado fora. Olha pro jornal e diz.
- O Filho da Puta conseguiu mesmo.
Valente chega à sua casa e diz para o marido que foi ao mercado, mas não tinha o que ela queria por isso voltou sem nada. E foi logo levando ele pro quarto e tirou a roupa. Hoje ela iria fazer amor loucamente, mas não pensaria em seu marido.
Policial que aprendeu as coisas do Will vê que no celular tem uma chamada não atendida e uma mensagem, ele fica curioso e a abre.
“Se teus esforços forem vistos com indiferença, não desanimes, pois o sol ao nascer dá um espetáculo todo especial e, no entanto, a plateia continua dormindo.”
Um senhor de idade olha para as estrelas e diz.
- Todos os que estão livres na verdade estão presos as dolorosas correntes do nada. A verdadeira liberdade está em escolher o que quer e se prender as mais deliciosas correntes do destino.
Will acha um giz e começa a desenhar na parede. Após alguns minutos ele termina o desenho e assina com o nome Willpsk. O desenho é apenas um teletubbie dando tchau e num balãozinho que sai da boca “É hora de dar tchau”. Um policial chega perto da sala e fala.
O que é isso ai? – Então Will responde.
Isso?... Isso é minha obra de arte.
TEMA: Mistérios do Vaticano.
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Nota do autor: Esse é meu último conto aqui no RL e nada melhor do que ser em um DTRL. Quero agradecer a todos que sempre dão boas dicas nos comentários e sempre estão lendo meus contos. Muito obrigado mesmo, vocês me ajudaram a evoluir muito. Estou embarcando em um novo projeto... Espero que dê certo hehe!