O homem e o Corvo

O homem está prestes a pular de um prédio de 10 andares. Acima uma lua cheia e estrelas brilham iluminando toda a cidade junto trás um vento quase inofensivo que quanto toca o rosto o acaricia de uma forma suave. Abaixo buzinas de carros e marteladas no asfalto deixam um som inquietante dentro da cabeça de qualquer indivíduo que consiga prestar atenção além do próprio nariz, fogueiras com moradores de rua aquecem pessoas com frio passando na rua com moletons pesados, ali do outro lado um casal de gay está apanhando e em uma igreja próxima pessoas gritam “Amém”. O homem ainda com aquele pensamento, cabelo para trás e lágrimas nos olhos... Um corpo magro que está sofrendo com as angústias e anseios do cotidiano mordaz, um homem com pensamentos cruéis.

Após alguns minutos um corvo pousa em seu ombro, aquela figura mórbida e aterrorizante olha para o rosto do homem e diz.

- Por quê? Por quê? – O homem espantado acha que está ficando louco. Quase como em resposta a esse pensamento prematuro, o corvo fala novamente.

- Por quê? Por quê? – E num plano maior a lua e as estrelas estão sendo ofuscadas por nuvens negras carregadas de água. E abaixo só se ouve agora trotes de cavalos que parecem cantar uma melodia suave e uniforme, grito de felicidades de crianças que acabaram de ganhar algum prêmio ou apenas um abraço de quem as ama e orgasmos de adolescentes em seu fervor por corpo. Um trovão ressoa e o homem responde.

- Vou me matar! – Como se certificando que não mudará de ideia. O corvo apenas o observa e depois de algum tempo olha para baixo e depois novamente para o homem.

- Por quê? Por quê? – O homem fica furioso e agarra o pescoço do corvo com força e quebra-o. Após se livrar do corpo do bicho moribundo o homem fica na ponta dos pés, pronto para se jogar. O homem sente o ar em seu rosto, mas antes de tomar o impulso, pensa.

- Por quê?

Willpsk
Enviado por Willpsk em 09/06/2015
Reeditado em 09/06/2015
Código do texto: T5271127
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